O cansaço parecia pesar aos dois, então, deitados na cama, Jung e eu adormecemos juntos, com direito a deitar de conchinha. Eu sei bem que vou me odiar por isso mais tarde, mas ter sua pele nua em contato com a minha era tão reconfortante e me fazia sentir seguro. Eu passaria dias daquele jeito.Em casa provavelmente eu dormiria por umas quinze horas seguidas, caso me deitasse na cama, mas naquele quarto foram suficientes duas horas de sono para que eu despertasse.
Virei-me para o outro lado, observando o rosto de Jung adormecido ao meu lado. Ele tinha uma beleza difícil de se ver em qualquer lugar. A pele morena, o maxilar marcado e o nariz angular, o sorriso em forma de coração, tudo nele parecia perfeito, esteticamente falando.
Seu cabelo para trás ficava bonito, quando estava uniformizado, lhe dava um ar sério. Agora, com a franja cobrindo a testa, parecia doce e jovial.
— Eu devia estapear a sua cara todinha. — Sussurrei enquanto o observava, aproximando meu indicador na pintinha que ele possuía acima do lábio superior. — Por que faz eu me sentir assim? Você bem que poderia ser um velho careca de monocelha e dentes amarelos, isso facilitaria para mim.
Meu coração batia mais rápido quando eu o via assim de perto. Transar com ele era tão bom, mas essas tais borboletas no meu estômago fodiam com tudo.
— Eu não gosto de você, tudo bem? Só estou confuso porque você me come bem. E também porque inventou de ser legal comigo, filho da puta, para de ser gentil.
Enquanto falava sozinho, percebi seu olhar tranquilo se fechando para uma expressão de angústia.
— Não vou, não vão me obrigar... — A voz soou chorosa e então ele abriu os olhos e cobriu o próprio rosto, parecendo perdido em uma agonia sem fim.
Hoseok sentou-se na cama e abraçou as próprias pernas, se afundando em um pranto doloroso.
— Jung? Ei, oficial Jung. — Me coloquei em sua frente e toquei seus ombros. Senti o corpo alheio trêmulo e mantive uma carícia ali. — Foi só um pesadelo. Um sonho ruim e mais nada, está ouvindo?
A respiração dele era ofegante e a palidez dos lábios chegava a ser preocupante.
— Aqui, sente as minhas mãos, está sentindo? — Desci minhas mãos quentes pela pele fria dos seus braços, chegando nas suas mãos e as segurando com nossos dedos entrelaçados. — É o Yoongi, Min Yoongi. Eu estou aqui com você, não vou sair daqui.
Minhas próprias palavras tocaram em feridas não cicatrizadas dentro de mim, fazendo com que meus olhos também ficassem marejados. Me lembro de quantas vezes eu quis ouvir alguém me dizer "Eu estou aqui com você, não vou sair daqui".
As mãos frias dele seguraram meu rosto com ternura, me puxando para um beijo desesperado. Jung abraçou minha cintura e me apertou contra ele, afundando o rosto em meu pescoço e chorando ali.
Mantive um carinho em seus cabelos e costas, enquanto sentia as lágrimas quentes molhando minha pele.
Eu nunca fui bom em consolar pessoas. Não sei se deveria dizer algo, mas optei pelo silêncio e o deixei chorar tudo o que estava guardado ali dentro.
Jung já me viu chorar e já presenciou mais de mim do que minha própria "família", mas ele mesmo não falava muito dos próprios problemas. Hoseok parecia estar sempre disposto a me ajudar em momentos difíceis, mas acho que nem mesmo o vi chorar antes. Parecia ser o tipo de pessoa que está sempre disponível para ajudar os outros, mas guardava a própria insatisfação e tristeza dentro de si mesmo, de preferência bem escondido para que ninguém visse.
Aos poucos o choro tornou-se mais silencioso até cessar de vez. Nós ouviamos nossas respirações e aquilo, de certa forma acalmava.
Jung pôs a cabeça em meu peito, pedindo que eu ficasse ajoelhado e tornou a passar os braços ao redor de mim. — Fica assim só um pouco, por favor? — Ele pediu e eu concordei com a cabeça, mantendo uma carícia em suas madeixas acastanhadas. — As batidas do seu coração, elas acalmam.
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Best of me (Yoonseok)
RomanceO silêncio tomou o veículo e só quando paramos no sinal que eu dei uma olhada pelo retrovisor e consegui enxergar o rosto do policial iluminado pela luz branca de um poste mais à frente. Puta merda, foi esse cara que me debruçou no capô do carro e m...