O toque firme, decidido, interrompe o passo da jovem de maneira abrupta. Com o estalar de dedos, a escuridão cede, revelando olhos verdes que emergem como fendas luminosas na noite. O rosto do homem, até então oculto, ganha forma e contorno. A expressão nos olhos, intensa e penetrante, fixa-se nos dela, como se cada sombra do corredor se convergisse naquele olhar.
- Não tenho o mesmo tratamento que Gustave, não é? Erik provoca a jovem que o encara sem entender nada.
- Como?
- Por estar praticamente em minhas mãos, você não é muito educada comigo ... Eu mereço um beijo também... Não acha? O homem se inclina para Ellie, que assustada o estapeia.
- Não tente fazer nada comigo. Ou eu juro que ... Que.... Ellie olha a máscara do homem no chão, sob a iluminação fraca percebe algumas cicatrizes piores do que Gustave tinha.
A pele da metade desmascarada parece marcada por uma rede de cicatrizes que se entrelaçam, testemunhas silenciosas de eventos passados. A textura áspera e irregular revela a intensidade das experiências vividas por Erik. A boca, agora desprovida da proteção da máscara, exibe uma linha firme, porém retorcida pelas marcas de um passado doloroso. O olho, antes escondido, é agora visível e carrega consigo a sombra de inúmeras narrativas não contadas. A íris, embora ainda possua a mesma intensidade do verde, é marcada por uma complexidade de emoções profundas e, por vezes, contraditórias.
- Sinto muito... Eu ... A jovem se abaixa para pegar a máscara, mas é impedida por Erik, a puxando para ele.
- Sabe... Eu sempre quis andar sem essa maldita máscara. Mas as pessoas elas são tão estúpidas, como aquele visconde de merda que tentou roubar o que eu mais amei em minha vida... Ele tentou me humilhar, tirando minha máscara diante a sociedade podre de Paris... Oh... Pobrezinho, acabei com ele com minhas próprias mãos. O homem sussurrou no ouvido de Ellie que não se moveu.
- Você faz o mesmo... Me deixa sem meu escudo..., mesmo assim está corajosa diante de mim. Você deveria ter sumido quando lhe dei a chance. Erik fica próximo da jovem que o observa curiosa.
" Cada parte tem uma ferida... eu me pergunto se dói" Ellie levanta a mão e traça um caminho até as diversas cicatrizes.
- Dói?? Eu quis dizer, dói, senhor?
Erik sorri fraco, Ellie era estranha. Com tudo que ela sabia dele, ainda assim...
- Não ... Essas coisas são inofensivas. E você está as tocando como se fosse alguma obra prima. Erik segura o braço de Ellie e beija sua mão.
A jovem não entendia aquilo, o que levou aquele homem ter esse comportamento tão diferente. E por que ela estava admirando tudo aquilo?
" Louca, só pode ser... Alguém que rejeita e trata o próprio filho assim... Não é para ser admirado... Nem se essa pessoa possuir os olhos mais lindos de todos" Ellie balança a cabeça e puxa a mão para longe.
- Estou curioso por ver até onde você chega, Ellie. Já me viu que está mexendo com um monstro, não seja tola e me obedeça. Erik sorri e se afasta um pouco da jovem.
- Senhor, eu apenas farei meu trabalho. E não me trate de forma tão fútil assim... Se condiz ao que executo nessa casa, é claro que irei obedecer..., mas não será tudo que farei de bom grado.
O homem gostava de ver aqueles olhos cerrados em sinal de fúria, gostava de ver os punhos da jovem se fechar e seu ombro se encolher.
- Conto com isso. Três meses podem me fazer te deixar na rua. Se você for muito malcriada. Erik volta a se aproximar da jovem que o manter longe com as mãos.
- Colocar sal em meu café foi uma ideia esplêndida, mas não serei tão cruel em te colocar na rua. Por essa travessura, tão pequena.
Ellie não entendia o motivo daquele homem estar falando aquilo, tinha feito mesmo aquela pegadinha, ele merecia.
- Você mereceu por ser tão ... Tão... A jovem sentiu o aroma de verbera tão refrescante que Erik emitia, era tão...
- Você merece um castigo... Por ser tão.... Tão... Atrevida. O homem odiava ter que admitir, mas aquela jovem mexia com ele em todos os sentidos, com um leve puxão, traz a jovem contra seu peito e a beija.
" De novo a beijando, o que estaria dando nele?"
Ellie não pensava em nada, só prestava atenção no toque gentil do homem que a fazia ficar sem respostas a suas perguntas e irritada.
O beijo foi o suficiente para Ellie ficar sem fôlego, ainda sem a máscara o toque entre os lábios do homem e depois o beijo que a jovem sem pudor depositou na parte deformada de Erik, a fez correr para longe, se amaldiçoando por estar perdida e sem saída sobre aquilo.
Erik ficou curioso sobre aquilo, era a segunda vez que beijara a jovem, aquilo tinha sido apenas uma brincadeira, algo que se acontecesse com outras damas seria o fim, o medo e nojo que todos tinham dele não iriam aguentar mesmo a jovem estando falida, um beijo dele e a retribuição...
" Ela deve estar muito desesperada por não ter corrido"
Pensativo desceu para seu quarto e tentou tirar de sua cabeça aquele estranho pensamento, talvez pudesse sonhar com Christine que era a única mulher que um dia o amou de verdade.
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Um toque do destino
RomanceEllie Yates uma jovem que busca por emprego na misteriosa mansão do cavalheiro fantasma, se vê em apuros quando seu patrão que faz de tudo para não ser visto, se interessa na babá e professora de seu filho Gustave. Cabe a jovem trazer para pai e fil...