Capítulo 12

36 6 11
                                    

O toque firme, decidido, interrompe o passo da jovem de maneira abrupta. Com o estalar de dedos, a escuridão cede, revelando olhos verdes que emergem como fendas luminosas na noite. O rosto do homem, até então oculto, ganha forma e contorno. A expressão nos olhos, intensa e penetrante, fixa-se nos dela, como se cada sombra do corredor se convergisse naquele olhar.

- Não tenho o mesmo tratamento que Gustave, não é? Erik provoca a jovem que o encara sem entender nada.

- Como?

- Por estar praticamente em minhas mãos, você não é muito educada comigo ... Eu mereço um beijo também... Não acha? O homem se inclina para Ellie, que assustada o estapeia.

- Não tente fazer nada comigo. Ou eu juro que ... Que.... Ellie olha a máscara do homem no chão, sob a iluminação fraca percebe algumas cicatrizes piores do que Gustave tinha.

A pele da metade desmascarada parece marcada por uma rede de cicatrizes que se entrelaçam, testemunhas silenciosas de eventos passados. A textura áspera e irregular revela a intensidade das experiências vividas por Erik. A boca, agora desprovida da proteção da máscara, exibe uma linha firme, porém retorcida pelas marcas de um passado doloroso. O olho, antes escondido, é agora visível e carrega consigo a sombra de inúmeras narrativas não contadas. A íris, embora ainda possua a mesma intensidade do verde, é marcada por uma complexidade de emoções profundas e, por vezes, contraditórias.

- Sinto muito... Eu ... A jovem se abaixa para pegar a máscara, mas é impedida por Erik, a puxando para ele.

- Sabe... Eu sempre quis andar sem essa maldita máscara. Mas as pessoas elas são tão estúpidas, como aquele visconde de merda que tentou roubar o que eu mais amei em minha vida... Ele tentou me humilhar, tirando minha máscara diante a sociedade podre de Paris... Oh... Pobrezinho, acabei com ele com minhas próprias mãos. O homem sussurrou no ouvido de Ellie que não se moveu.

- Você faz o mesmo... Me deixa sem meu escudo..., mesmo assim está corajosa diante de mim. Você deveria ter sumido quando lhe dei a chance. Erik fica próximo da jovem que o observa curiosa.

" Cada parte tem uma ferida... eu me pergunto se dói" Ellie levanta a mão e traça um caminho até as diversas cicatrizes.

- Dói?? Eu quis dizer, dói, senhor?

Erik sorri fraco, Ellie era estranha. Com tudo que ela sabia dele, ainda assim...

- Não ... Essas coisas são inofensivas. E você está as tocando como se fosse alguma obra prima. Erik segura o braço de Ellie e beija sua mão.

A jovem não entendia aquilo, o que levou aquele homem ter esse comportamento tão diferente. E por que ela estava admirando tudo aquilo?

" Louca, só pode ser... Alguém que rejeita e trata o próprio filho assim... Não é para ser admirado... Nem se essa pessoa possuir os olhos mais lindos de todos" Ellie balança a cabeça e puxa a mão para longe.

- Estou curioso por ver até onde você chega, Ellie. Já me viu que está mexendo com um monstro, não seja tola e me obedeça. Erik sorri e se afasta um pouco da jovem.

- Senhor, eu apenas farei meu trabalho. E não me trate de forma tão fútil assim... Se condiz ao que executo nessa casa, é claro que irei obedecer..., mas não será tudo que farei de bom grado.

O homem gostava de ver aqueles olhos cerrados em sinal de fúria, gostava de ver os punhos da jovem se fechar e seu ombro se encolher.

- Conto com isso. Três meses podem me fazer te deixar na rua. Se você for muito malcriada. Erik volta a se aproximar da jovem que o manter longe com as mãos.

- Colocar sal em meu café foi uma ideia esplêndida, mas não serei tão cruel em te colocar na rua. Por essa travessura, tão pequena.

Ellie não entendia o motivo daquele homem estar falando aquilo, tinha feito mesmo aquela pegadinha, ele merecia.

- Você mereceu por ser tão ... Tão... A jovem sentiu o aroma de verbera tão refrescante que Erik emitia, era tão...

- Você merece um castigo... Por ser tão.... Tão... Atrevida. O homem odiava ter que admitir, mas aquela jovem mexia com ele em todos os sentidos, com um leve puxão, traz a jovem contra seu peito e a beija.

" De novo a beijando, o que estaria dando nele?"

Ellie não pensava em nada, só prestava atenção no toque gentil do homem que a fazia ficar sem respostas a suas perguntas e irritada.

O beijo foi o suficiente para Ellie ficar sem fôlego, ainda sem a máscara o toque entre os lábios do homem e depois o beijo que a jovem sem pudor depositou na parte deformada de Erik, a fez correr para longe, se amaldiçoando por estar perdida e sem saída sobre aquilo.

Erik ficou curioso sobre aquilo, era a segunda vez que beijara a jovem, aquilo tinha sido apenas uma brincadeira, algo que se acontecesse com outras damas seria o fim, o medo e nojo que todos tinham dele não iriam aguentar mesmo a jovem estando falida, um beijo dele e a retribuição...

" Ela deve estar muito desesperada por não ter corrido"

Pensativo desceu para seu quarto e tentou tirar de sua cabeça aquele estranho pensamento, talvez pudesse sonhar com Christine que era a única mulher que um dia o amou de verdade.

Um toque do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora