Capítulo 5

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Passaram duas semanas que Ellie estava trabalhando na residência, e nem o sinal de seu patrão, nem na hora das refeições ou qualquer pista de sua existência. Gustave era um anjo, e depois das aulas ela cuidava de entreter o menino com histórias e brincadeiras. No entanto seu comportamento era cauteloso e muitas vezes contido em certas coisas.

- Marie, eu vou subir e arrumar o banheiro de visitas, já que até às 14h eu fico jogada às traças. Ellie se levanta e sobe para cuidar da limpeza do cômodo.

No enorme corredor a jovem para ao ouvir um gemido baixinho vindo do quarto de Gustave. Cuidadosamente Ellie se aproxima e cola a orelha na porta para ouvir algo.

Um barulho estranho era ouvido dentro do quarto, parecia.... Ellie não sabia aí certo, mas...

Mais um gemido baixinho e outro barulho ecoava agora naquele quarto, Ellie não iria se deixar aquilo, algo estava acontecendo lá e por Deus, torcia que não fosse nada ruim.

Sem bater a jovem abre a porta, e a cena que ela se depara era de extremo terror. O homem com uma régua em mãos batendo nas pernas do menino, ambas vermelhas por conta das batidas.

- O que você pensa que está fazendo?? Ellie caminha rapidamente e dá um tapa na mão do homem deixando a régua cair.

- O que uma criada sem educação está fazendo aqui? Eu sou o professor e eu dito as regras referente a meu estilo de ensinar. O homem lança um olhar de reprovação para a jovem.

Gustave se apavora e puxa a mão da babá sussurrando.

- Eu errei uma pergunta, Ellie. Eu mereço o castigo.

A jovem olha para a criança que tremia por conta das surras.

- Você não merece, Gustave. Um professor de verdade não usa dessas artimanhas para ensinar.

O homem a olha de forma debochada e ri.

- Quem é você para falar isso de mim? Saiba que estudei nas melhores escolas e tenho anos de experiência, criada.

Ellie cerra os punhos, aquele homem estava a provocando.

- Pode você ter milhares de diplomas, mas não servem nem para limpar a bunda, seu lixo! Ellie eleva a voz e fica frente a frente para com o homem.

Um rápido momento, foi o que passou depois do silêncio mortal que se instalou no cômodo. O homem se recuperou daquele insulto, como uma criada ousaria fazer algo daquilo?

- Olha a boca sua vadia! E agora me deixe terminar o que estava fazendo, disciplina é a chave da educação.

O homem ergue a mão para acertar Gustave uma última vez e Ellie entra na frente, levanto um tapa que a faz cair no chão.

- Bem-feito, está no lugar que pretende, criada. Agora, saia!

Gustave corre para ajudar a jovem a se levantar e lança um olhar aprovado para ela. Ellie pega o menino pelo braço o arrastando para fora do quarto.

- O que pensa que está fazendo? A aula não acabou!! O homem sai gritando pelos corredores.

Ellie entra na cozinha com o menino, seu rosto estava queimando de raiva e uma dor terrível se apossava de seu lado direito por conta do tapa.

- Menina, o que está acontecendo? O que é essa marca em seu rosto? Marie se assusta e olha para Ellie.

- Eu não vou permitir que esse homem continue a dar aulas para Gustave. Ele não tem a mínima noção de ensino e está machucando o menino. Eu.... Eu .... Eu juro, se ele vier aqui eu não vou me segurar. Ellie pega uma faca para se defender.

- Não, Ellie. Meu papai ele contratou esse professor, eu preciso voltar... Gustave tentava acalmar a jovem.

Ellie tremia de raiva estava prestes a esfaquear aquele desgraçado, como ousava bater num ser inocente...

- Eu não vou permitir. Gustave me escute, eu sou sua babá e adulta eu sei o que é bom para você.

Gustave tremia, mas era de medo. Ele aguentou as surras e tudo daquele homem que dizia ser um professor, tudo para deixar seu pai orgulhoso.

- E cadê aquele desgraçado?? Eu vou expulsá-lo eu mesma. Ellie corre até a entrada.

- Onde ele está? Ellie ainda com a faca olhava para todos os cantos.

- Ele foi falar com meu papai... Oh céus, ele vai ficar decepcionado comigo. O menino segura o choro.

- Onde? Me fale, como posso achar seu pai? Eu resolvo isso... A jovem se agacha e olha para os olhos marejados da criança.

O menino simplesmente caminha até uma porta que dá a uma escada. Apontando para ela a jovem desce a estreita escada e se dá conta que está no subsolo da residência.

O lugar era mal iluminado, era um cômodo pequeno e uma porta dava acesso a outra parte daquele lugar. Abrindo a porta, Ellie se espanta ao ver que o subsolo parecia uma masmorra de tão assustadora que era. Ouvindo vozes ao fundo, a jovem corre e entra numa outra sala, revelando o desprezível professor e um homem que está de costas.

- E essa cretina! Essa criada me desrespeitou! O homem grita a aponta para a jovem.

Ellie ameaça o homem com a faca e aos berros tenta o enxotar da casa.

- Você é um desgraçado!! Bater numa criança? Você vai ir embora e não vai voltar nunca mais, mesmo que eu tenha que cortar essas duas varetas que você chama de pernas!!

- Senhor Destler, é isso que estava falando para o senhor... essa criada é louca!!

O homem no outro lado do cômodo nem ao menos se mexe.

- O que?? Vai tentar se fazer de santo? Você estava batendo numa criança porque ele errou uma questão!! Você é um maluco, um demente... um monstro. Ellie estava descontrolada.

- Eu vou ensinar a você ter mais respeito, criada! O homem parte para cima da jovem que cai no chão largando a faca.

- CHEGA!! Uma voz grave enche o cômodo fazendo Ellie e o homem olhar para cima.

Um toque do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora