Ajuda desnecessária

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Óbvio que eu não aceitei a loucura que Maria me propôs, eu sou um padre, entreguei minha vida ao senhor e não tenho a menor vontade de viver coisas mundanas o que fiz ontem e o que eu vi já foram pecados o suficiente pra uma vida.

Mas ela parecia não ter entendido o recado.

— Porque estão acordados tão cedo em um domingo?

— Ah querida não achamos que você quisesse vir porisso não te acordamos.- meu pai a respondia em um tom meigo que a muito não via, era assim que ele tratava Marie quando era viva.

— Ir onde?

— Missa de domingo, John nos convidou pra essa porque é a última do ano.

— Pelo seu...jeito..achamos que você não gosta de frequentar a igreja e está tudo bem, você não precisa se encaixar nas nossas atividades, você tem seu jeito e eu entendo.

Minha mãe disse isso a ela mas sempre que pode critica meu jeito de ser, porque parecia que ela é mais filha deles do que eu?

— Se não se importa senhora Cristina eu gostaria de ir.

— O que?.- deixei escapar meu desconforto e todos olharam pra mim.
— Quero dizer, você vai ficar entediada, a missa dura quase duas horas.

— Eu sei, meu pai era pastor já fui em muitas missas estou acostumada e quero ir.

— E você vai com essa roupa?

— O que tem de errado com a minha roupa?

Ela usava uma saia estilo colegial preta extremamente curta, uma camiseta de alças finas branca e uma jaqueta, e com as botas parecia ter saído de um show de rock pesado, ainda não eram nem oito da manhã e tinha mais maquiagem em seu rosto do que na de um palhaço. Embora ela soubesse se maquiar muito bem e embora também suas roupas combinassem com seu jeito e estilo aquilo não era nada adequado pra uma igreja.

— Nada querida, não tem nada de errado com suas roupas, John pare de implicar com ela.

— Mas mãe você sabe que...

— Ela vai com a gente do jeito dela.

— Tá tudo bem, não diz que eu não avisei.

Maria parecia estar satisfeita com o incômodo que me causava, saímos de casa e ela fez questão de andar do meu lado até o carro.

— Maria você fica enjoada no banco de trás? Pode ir na frente se quiser eu vou atrás com o John.

— Não, tudo bem eu tenho o estômago forte senhora Cristina.

Ela estava se esforçando em ficar grudada em mim parecia tentar me irritar o tempo todo. Meu pai assumiu o banco do motorista e minha mãe ao seu lado, Maria veio atrás junto comigo com um sorriso grande que estava me estressando pra ser sincero.

Como sempre minha mãe colocou algumas músicas da igreja pra tocar enquanto meu pai dirigia, ela olhava distraída o lado de fora como sempre adorou fazer e meu pai não desgrudava os olhos da estrada nem por um segundo, mesmo depois de anos dirigindo ele ainda tinha medo da estrada.

Encarava a neve do lado de fora quando senti algo tocar minha perna por cima da batina, olhei para Maria assustado notando que era sua mão mas ela estava descaradamente fingindo não ser nada. Não sei por que mas não consegui afastar sua mão de mim, ela acariciava minha coxa passando a unha levemente enquanto olhava pela janela o lado de fora.

Meus pêlos se arrepiaram como da outra vez a medida que ela subia sua mão arrastando suas unhas pela minha pele, senti novamente aquele calor repentino e quando ela se virou pra mim me olhando com aqueles belos olhos azuis mordendo os lábios notei que estava duro de novo. Seu olhar desceu ao meio das minhas pernas notando o certo volume por baixo das roupas e ela sorriu afastando sua mão finalmente.

Eu não estava conseguindo conter meu próprio corpo e isso nunca tinha acontecido comigo, o que existe nela que desperta em mim sempre os piores sentimentos? Ela está na minha casa a três dias e olha o que está fazendo comigo.

A igreja não era longe da minha casa então quando meu pai estacionou logo em seguida eu me desesperei por precisar sair do carro daquele jeito, minha batina estava um pouco apertada em mim porque usava a antiga já que não tive tempo de lavar a outra.

É claro que se eu me levantasse nesse estado eles notariam.

— Podem ir na frente eu preciso fazer uma oração.

Meus pais apenas assentiram saindo do carro e Maria continuou ali me olhando e sorrindo quase orgulhosa do que tinha feito mas eu estava com raiva.

— O que pensa que está fazendo?!

— Eu preciso de uma resposta.

— Eu não quero que se meta na minha vida Maria.

— Mas eu vou.

— O que? Porque?

— Porque você me deixou bem claro na outra noite que queria estar livre como eu e meu trabalho como sua nova..."irmãzinha" é te ajudar nisso.

— Você enlouqueceu? Eu não preciso de ajuda, eu sou padre por vontade própria porque eu gosto e porque eu quero. Respeite isso por favor.

— Eu vejo o quanto gosta da sua escolha.- ela olhou novamente entre minhas pernas e eu ainda estava naquele estado.— Eu vou conseguir uma resposta positiva sua, nem que pra isso eu tenha que te deixar a ponto de gozar.

Ela saiu do carro me deixando com ainda mais raiva, ela queria me libertar segundo ela mas o que ela não quer entender é que eu escolhi essa vida.

Boa ou não eu quero continuar como estou, festas, bebidas, mulheres eu não posso ter isso.

Eu entendo até certo ponto que ela quer me ajudar do jeito dela mas isso não é possível pelo simples fato de que eu mereço não ser feliz. Deus não é a minha felicidade, e foi exatamente porisso que escolhi entregar minha vida a ele, eu não mereço a felicidade.

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora