Acabando com tudo

577 51 3
                                    

— Grávida?...

Eu não tinha escutado errado ela gritou isso.

Meu coração estava disparado por ter escutado isso e pior ainda por vê-la naquela situação.

Quando os policiais e o detetive chegaram na cidade foi fácil saber onde eles estavam, Nicolas não tentou esconder nem um só minuto que estava mantendo ela em cárcere. As pessoas do bairro viram ele carregá-la pra dentro desacordada dois dias atrás mas não chamaram a polícia.

Invadimos a igreja a cerca de dez minutos e ficamos escondidos até que tivéssemos a oportunidade de cerca-lo, me custou muito ficar quieto quando ele começou a ameaçá-la com a faca e quando jogou a gasolina nela, mas o delegado do caso me fez prometer que eu não estragaria o plano se me deixasse participar.

Nicolas apagou o fósforo, de longe eu via os policiais o cercando mas teriam que ter cuidado, um tiro e tudo explodiria.

Ele foi até ela e a beijou forçado, esse cara estava doente descontrolado, ele estava a ponto de atear fogo nela e agora estava a tratando com carinho.

— Vai ficar tudo bem...eu não vou machucar você..

— Então porfavor...me deixa ir embora Nicolas...porfavor..

— É porisso que quer ir? Por causa do bebê? Se for não tem problema, eu te levo a uma clínica e você tira...mas meu amor ele pode ser nosso filho eu juro que vou ser um bom pai.

— Nicolas porfavor...

Ela chorava de um jeito tão sentido que doía meu coração, eu queria ir até lá e acabar com esse filho da puta mas tinha que me conter pelo bem dela.

— Você está frágil, acho que vou te levar de volta pra cama...

— Eu...eu acho que...

Ela nem terminou a frase e desmaiou, via a movimentação silenciosa dos policiais em volta até que o delegado me disse.

— Está na hora, ele largou os fósforos.

Nos preparamos para entrar e agarrá-lo devia ser feito com cuidado ele podia voltar a querer acender o fogo.

— Pare onde está! Mãos pro alto agora!

Um dos policiais gritou o surpreendendo, Nicolas deixou Maria desmaiada no altar e em um movimento rápido pegou os fósforos novamente, todos nós entramos lá mas meus olhos estavam fixos nela, minha prioridade era protegê-la a qualquer custo.

— Um movimento e eu jogo fogo em tudo.

— Se entregue você está cercado.

— Me entregar? Pelo que? Por querer ter uma vida com a mulher que eu amo? Isso é um crime agora?

— Você está sendo acusado de sequestro e de perseguição, falsificação de documentos e por forjar a própria morte. Se entregue.

Ele correu seus olhos pela igreja como um maníaco e quando me viu ali no meio dos policiais deu pra ver o ódio que tinha de mim.

— Você...é tudo culpa sua.

— Eu vou acabar com você assim que eu tiver a oportunidade.

— John não o provoque.

— Você vai acabar comigo? Ela era minha antes de você tentar roubar ela de mim. Ela é minha a cinco anos e você acabou de chegar.

— Ela era uma criança! Como você pôde?!

— Pra uma criança ela sabia muito bem como foder.

Eu perdi a cabeça.

Não deveria mas avancei nele sem piedade o jogando no chão distribuindo socos pelo seu rosto descontando toda a raiva que tinha, ele era nojento e pouco me importa se parece ter problemas mentais o que ele fez com ela era imperdoável.

Em um momento ele chutou minha barriga com o joelho me fazendo cair no chão, um dos policiais me ajudou a levantar e logo escutei o grito de um deles dizendo:

— NÃO ACENDE ISSO! NÃO ACENDE! MERDA!

Quando olhamos Nicolas havia riscado o fósforo em um descuido nosso e parte da igreja já estava pegando fogo, com a boca cheia de sangue pelos socos que eu dei ele simplesmente abriu os braços e sorriu se jogando em meio às chamas.

Ele gritava alto enquanto queimava, as chamas já estavam fortes demais para conseguir apagar, o cheiro forte da fumaça fez os homens ali começarem a sentir a falta de ar, Nicolas caiu no chão queimando vivo mas não havia mais nada que podiam fazer ele tinha se matado.

Peguei Maria que ainda estava desacordada e todos nós saímos dali antes que o fogo se espalhasse para o restante da igreja.

Quando chegamos do lado de fora a ambulância que o delegado tinha solicitado mais cedo por precaução já estava lá, coloquei Maria na maca e o delegado veio até mim e me deu um soco no rosto me pegando pelo colarinho da blusa.

— Eu disse pra não atrapalhar o plano!

— Vocês não podiam atirar, ele estava com os fósforos era óbvio que ia conseguir colocar fogo em tudo e talvez ateasse fogo na Maria.

Ele me soltou ainda com raiva mas sabia que eu tinha razão eles não podiam fazer nada porque em qualquer hipótese Maria sairia prejudicada.

O fogo da igreja já era alto o suficiente para que os bombeiros entrassem para apagar. Olhei Maria desmaiada e ainda me perguntava se ela estava mesmo grávida.

Depois de tudo o que aconteceu e de como ela está não tenho certeza se isso seria uma boa notícia principalmente porque ela disse que não queria ser mãe.

— Ela tá bem?.- perguntei ao paramédico da ambulância que a examinava.

— Ao que parece ela tem anorexia, não é?

— Estava se tratando em casa.

— Vai precisar voltar pro hospital, o quadro está se agravando..

—...tem como saber se...se ela tá grávida?

— Na ambulância infelizmente não, teria que levá-la ao hospital para fazer o exame...se ela estiver de pouco tempo provavelmente só com um exame de sangue.

Eu teria que esperar para confirmar de qualquer forma, mas em qualquer uma das respostas eu não me importaria, se ela estivesse eu ficaria feliz mas se não melhor ainda..

Eu só queria que ela ficasse bem, porfavor Maria fique bem..

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora