A emoção esperada

486 51 6
                                    

— Querida eu fiz o bolo de milho que você gosta, quer comer agora?

— Obrigada mas é que eu já tinha combinado de sair com o Mason e o Paul, pode guardar pra quando eu voltar?

— Claro mas...ah Maria..acho que você e o John deveriam conversar primeiro.

— Eu preciso de um tempo...tive a ideia de vir pra cá porque de algum modo essa casa me lembra do porquê eu amo tanto ele.

— E você precisa ser lembrada disso? Pensei que estivesse bem claro.

— E está mas quando ele se faz de bobo em relação ao que está acontecendo isso me deixa....argh! Eu só tenho vontade de bater nele.

Ela começou a rir mas eu estava falando sério, John sabe do que eu preciso mas as vezes ele parece não se ligar que o nosso relacionamento está esfriando.

— Maria essas coisas são normais, você não esperava que fosse ser tudo como no começo a vida toda não é?

— Não mas eu queria que...bom eu pensei, que ele atenderia mais as minhas expectativas.

— Honestamente eu já fiquei chocada o bastante quando ele decidiu sair mesmo da igreja. Mas o John assim como você é um ser humano Maria, não pode colocar as suas expectativas em cima das outras pessoas, sendo o John ou não você foi quem criou essa ilusão.

Ela tinha razão mas isso de qualquer forma não resolvia o problema, eu ainda precisava ficar um pouco distante dele apenas para colocar minha cabeça no lugar.

— Saía com seus amigos mas quando voltar conversem porfavor.

— Obrigada dona Cristina..

Ela é como uma mãe pra mim, ouviria ela acima de qualquer pessoa. Peguei minha bolsa e segui até a praça da cidade, John e eu saímos daqui a dois anos antes que eu pudesse ver a estação da primavera chegar na cidade, apesar de muito pequena esse lugar era lindo e nesta época cheia de flores estava ainda mais.

Assim que me viu chegar de longe Mason veio correndo até mim e me abraçou me levantando pela cintura, é tão louco pensar que faz dois anos que não o vejo e mesmo assim conseguimos manter a amizade de longe.

— Minha roqueira favorita! Que saudade Maria..

— Você cresceu muito mais desde a última vez que te vi, o que anda comendo?

— O Paul.

— Ela não devia saber disso.- Paul disse se aproximando de nós.
— Estamos ficando, de novo.

Eu já sabia que eles tinham ficado uma vez mas não achei que fosse acontecer de novo, estava feliz e surpresa por saber disso.

— Quando iam me contar?

— O Paul não queria que você soubesse porque....

— Ei já tá falando muito.

— Porque ele ainda tinha esperanças com você.

— Isso não é verdade Maria, eu só...quer dizer é um pouco verdade mas...

— É melhor você não tentar se explicar esta ficando pior... mas até que você não está completamente errado as coisas com o John estão ruins, vim pedir a opinião de vocês.

— Já sabe o que eu penso, acho que tem que terminar.

— Você não conta Paul...

— Porque não vamos tomar um café e você conta pra gente o que está acontecendo?

Mason acompanhou a gente desde o início e talvez na perspectiva dele as coisas fossem mais claras, fomos a um café perto do parque e lá eu contei tudo a eles principalmente os meus erros tinha que admitir que John não era o único que estava estragando o que tínhamos eu também fui responsável.

— Se quer mesmo um conselho, no seu lugar eu tentaria só fugir da rotina. Fala sério o que vocês tem não é um problema de verdade o nome é apenas falta de comunicação.

— Mas você lembra de como a gente era? Eu não sei em qual momento a gente se perdeu mas não é mais igual.

— É claro que não é igual Maria, ele trabalha e você também, estão em outra cidade sozinhos e já se conhecem a tempo demais pra nada ser imprevisível.

— E como eu faço ser imprevisível outra vez?

— Seja criativa, nem parece mais a Maria que eu conheci onde está a garota rebelde? Que convenceu os coroinhas a fumar maconha na hora da missa, que falava tudo que vinha a mente por mais sujo que fosse, que transou com o padre no altar da igreja..

— O que? No altar?

— Depois eu te conto isso Paul, a questão é você também não é mais a mesma então como cobra de alguém aquilo que nem você tem?

Era desse tapa na cara que eu precisava pra saber exatamente onde estava errado. Eu precisava tomar iniciativa pra que ele soubesse como me seguir nisso,talvez John só não saiba o que deva fazer até porque ele não era uma pessoa normal até dois anos atrás.

— Valeu mesmo Mason...até mais tarde.

— Espera, pra onde você vai?

— Vou corromper um pouco mais o ex padre.

Eu não sabia onde ele estava ouvi John dizer a Cristina que sairia mas não sei pra onde, bom na verdade eu tinha um pressentimento de que sabia sim onde ele estava.

Sem ver se ele já tinha voltado pra casa eu fui até a igreja, antes que eu pudesse entrar ouvi uma discussão e vozes alteradas vindo de lá.

— A igreja é um lugar público não pode me expulsar.

— Posso expulsar quem foi corrompido, e você não é bem vindo.

— Só porque quis retirar meus votos? Só pode estar brincando..

Eu não podia acreditar que o padre estava expulsando o John da igreja por minha causa, eu sabia que poderia piorar a situação entrando lá mas que se foda ele não falaria assim com o meu John.

— O senhor deve ter uma moral impecável pra expulsar meu namorado da igreja que ele comandou no seu lugar por mais de um ano enquanto o senhor aproveitava suas férias como um pecador mundano, eu estou errada?

— Você também não é bem vinda aqui, por culpa sua John está no pecado.

— Eu sinto muito por isso padre, mas com pecado você quer dizer namorando ou gastando o dízimo da igreja com prostitutas? Porque é exatamente isso que você faz.

A igreja estava cheia, e a surpresa das pessoas ao me ouvir dizer isso era visível, os murmúrios começaram e John olhou pra mim assustado, na verdade eu senti bastante falta de arrumar confusão dessa forma.

E..eu não sei do que você está falando, você é um demônio!

— É eu sou um demônio, vejo um pecador de longe padre e você ah...está cheio de pecados, acha que ninguém nota esses chupões no seu pescoço?

Ele realmente estava com marcas roxas no pescoço mas eu acredito que seja pela idade, esse velho não pagaria prostitutas porque nem daria conta delas. Mas era engraçado ver ele nervoso e tentando se explicar como se fosse verdade.

— Ah a propósito padre, John e eu adoramos batizar esse seu altar uma vez espero ter a oportunidade de fazer de novo aí.

Os fiéis foram até o padre revoltados e eu aproveitei para tirar o John dali, saímos correndo antes que eles viessem atrás da gente, a chuva começou a cair no meio do caminho, escutava a risada alta dele enquanto corríamos até em casa.

Minhas pernas já estavam doloridas de tanto correr mas ainda escutavam as pessoas na igreja revoltadas, nossas roupas já estavam enxarcadas pela chuva, e eu ainda segurava a mão do John quando abrimos a porta de casa e entramos.

Nos olhamos rindo e ofegantes pela corrida e ali estava a emoção que eu tanto procurava, ele me agarrou pela cintura e me beijou completando a cena perfeita da nossa felicidade.

— Já sei como vamos consertar as coisas..

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora