Pesadelos reais

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Flashback on

Dois meses atrás.

Nicolas tem me coagido a continuar com ele e isso já faz quase um ano.

Sinto que estou sendo violada todas as vezes mesmo que eu esteja permitindo isso. Mas hoje pra mim isso acabou, fui a catedral logo pela manhã e disse ao sacerdote majoritário o que Nicolas me forçava a fazer, eu ainda tenho medo de que ele possa dizer aos meus pais.

Ele tem mudado comigo esses dias, tem ficado mais frio e já não faz tanta questão de me ver como antes, espero que ele finalmente tenha entendido que eu não o quero mais.

— Nic? Tá aqui? A gente precisa conversar.

Ele não tinha casa fixa, morava na capela dos fundos da igreja e hoje faz dois dias que ele não me chama pra vir aqui...apesar de tudo tivemos bons momentos juntos e eu queria alertá-lo do que eu fiz, eu o denunciei então provavelmente ele seria excomungado da igreja.

Me sentia mal porque ele ficaria sem ter onde morar mas ele não me deixou outra opção eu tive que fazer isso.
Me aproximei da porta da capela notando que estava aberta e eu entrei. Ele não estava aqui mas sobre a mesa havia uma folha com sua letra.

"Eu sei o que pretendia fazer Maria e como eu disse não vou permitir que você me deixe, boa sorte ao voltar pra casa espero te encontrar de novo algum dia se você não morrer esta noite"

Eu não contei pra ninguém o que eu faria, como ele poderia saber? A menos que ele estivesse me vigiando esse tempo todo. Minhas mãos tremiam pelo medo do que podia acontecer se eu voltasse pra casa mas eu precisava voltar eu não tinha pra onde ir e provavelmente ele estava blefando.

Já eram três da manhã, de madrugada era o único momento que eu conseguia escapar de casa sem meus pais descobrirem pra onde eu estava indo. Voltei correndo pela rua e assim que cheguei na porta vi a luz da sala acessa. Meu coração parou, eles não deveriam estar acordados aquela hora. Ainda sim eu engoli seco meu medo e decidi enfrentar logo essa situação.

Meus pais me tratavam com desprezo, eu era jogada no quarto como um lixo e toda essa situação teria que acabar hoje. Mas assim que entrei na sala ouvi um barulho vindo da TV, meus pais estavam assistindo alguma coisa e quando eu entrei pela porta eles voltaram suas atenções a mim com o semblante bem mais sério que o normal.

Tentava manter a estabilidade nas minhas pernas mas a medida que ia me aproximando deles o medo só aumentava eu queria fugir.

— Eu disse que você devia ter abortado essa coisa Esther...

Meu pai disse a minha mãe com um tom tão grosseiro que me fez tremer por dentro. Ouvi novamente o barulho da TV notando que eram gemidos e quando me aproximei mais pude ver que era um vídeo meu com o Nicolas na capela, ele tinha gravado tudo e entregou a eles...

— Pai eu...

Ele se levantou e com seus dois metros de altura veio pra cima de mim me dando um tapa na cara, eu já estava acostumada com as surras mas ele foi tão agressivo dessa vez que no mesmo instante senti o gosto do sangue escorrer pela minha boca.

Eu ainda estava zonza quando ele começou a amarrar minhas mãos, ele me levantou com brutalidade me jogando sobre seu ombro e me levou pro meu quarto enquanto eu gritava pra me soltar. Da última vez que eles me bateram eu vomitei sangue por dias, não consigo imaginar o que eles fariam agora depois do que viram.

— Você já foi um erro por ter existido, mas depois do que fez se tornou o próprio Lúcifer.

Ele me jogou na cama me fazendo bater a cabeça na parede, minha mãe o entregou um galão de gasolina e ele começou a jogar sobre os móveis, sobre a cama e sobre mim.

— Pai o que tá fazendo?! Para porfavor...não faz isso...pai porfavor não faz isso!

— Você vai ser purificada e depois disso sua mãe e eu também.

Ele tirou os fósforos do bolso pronto para atear o fogo mas eu já estava farta de aceitar tudo sem revidar, levantei da cama e ainda com as mãos amarradas eu me joguei nele pegando a caixa da sua mão e jogando longe. Me debatia contra ele tentando me soltar dos seus braços vendo que minha mãe tinha conseguido pegar os fósforos.

Em questão de segundos ela riscou acendendo a chama e jogando sobre a gasolina. O fogo se espalhou rápido, meu pai ainda me segurava e eu me obriguei a morde-lo fazendo com ele me soltasse.

Corri até a porta o mais rápido que pude mas minha mãe me puxou de volta pelo cabelo pra dentro do quarto, a fumaça já estava alta e meu pai tossia pelo problema que tinha no pulmão.

— Benjamin me ajude com ela!

Ela continuava me arrastando pelo cabelo para dentro mas meu pai já não tinha forças para se erguer, ele começou a gritar e só então notamos que sua roupa estava pegando fogo, aproveitei a oportunidade vendo que minha mãe havia me soltado e a empurrei, não foi minha intenção jogá-la direto no fogo mas ela tropeçou e caiu sobre a cama que já queimava.

Desci as escadas o mais rápido que pude transtornada por ver meus pais gritando, a fumaça já estava por toda casa e eu tentava puxar o fôlego mas não conseguia, não dava pra ver nada pela nuvem densa e eu não consegui achar a saída.

Quando cai no chão da sala eu esperava que o fogo me consumisse logo de uma vez pra acabar com tudo isso, já estava perdendo minha consciência quando a porta foi arrombada e um dos meus vizinhos me pegou no colo me tirando dali...os gritos ainda estavam na minha mente e a imagem deles pegando fogo era torturante.

Flashback off

— Calma, foi outro pesadelo já acabou...

— Me desculpa, eu não queria te acordar..

John me abraçou no escuro do quarto, não sei porque ele está na minha cama mas era um conforto tê-lo aqui. Meu coração ainda palpitava pela memória em forma de sonho, isso aconteceu a quase três meses atrás e eu ainda não tinha superado.

— Acho que você precisa procurar ajuda..seus pesadelos tem ficado mais frequentes..

John e eu temos passado quase todas as noites dormindo juntos, ele estava aprendendo a me conhecer e eu gostava de saber que ele reparava nos meus detalhes, ninguém nunca fez isso por mim.

— Eu só preciso relaxar um pouco, eu tô bem.

Eu sei que foi o Nicolas que me mandou a foto dos meus pais carbonizados, foi um choque grande reviver tudo aquilo através daquela foto mas eu ficaria bem ou pelo menos tentaria, eu tenho o John agora e por mais que ele prefira não deixar a igreja por mim eu sinto que sou tão importante pra ele quanto Deus e isso pra mim já era suficiente.

Pela primeira vez desde começamos isso John tomou a iniciativa de me beijar, ele aprofundou sua boca na minha sem que eu esperasse me confortando com sua língua delicada.. isso me fez sorrir de verdade porque significava que ele estava gostando de mim do mesmo jeito que eu estava gostando dele.

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