Maria's pov

1.1K 102 0
                                    

Flashback on

Um ano atrás..

— Nicolas a gente não pode continuar com isso, foi bom mas acabou eu não quero mais transar com você.

— Não, você não vai me deixar assim..é por causa dos seus pais? Se for não tem porque você ter medo eles nunca vão descobrir, você está na igreja lembra?

— Não é por eles é por mim, só acabou sabe eu não consigo sentir mais nada com você...me desculpa mas desde o começo você sabia que isso não tinha futuro.

— Você me fez quebrar meus votos de castidade Maria, eu fui seu primeiro também isso não significa nada pra você?

— Claro que significa, mas eu não estou apaixonada por você eu nunca estive e sempre deixei isso claro. Foi bom enquanto durou Nicolas mas agora que acabou vamos apenas esquecer ok...talvez se você ainda quiser ser meu amigo eu...

— Você não vai me deixar! Tá ouvindo?! Se fizer isso eu juro que digo ao seus pais o que você fazia com o padre na igreja todos os domingos.

Flashback off

Dia atual.

Acordei assustada pelo "sonho" que tive, novamente essas memórias ruins não me deixavam dormir em paz, olhei pro John ao meu lado o vendo completamente apagado e me levantei de cima dele com cuidado para não acordá-lo.

Ele é tão bonito que me deixa hipnotizada..

Talvez eu estivesse me apaixonando por ele mas a verdade mesmo é que eu sentia pena porque me identificava com seu desespero interno, não sei o que fez com ele tomasse a decisão de ser padre mas com certeza algo bom não foi. Quem seria essa Marie? E porque ela é tão relevante?

A casa estava silenciosa, devia ser umas três da tarde e nós ouvimos antes de dormir que o senhor Jorge e a dona Cristina saíram de casa, estávamos só nós dois aqui e John estava dormindo e parecia que não acordaria tão cedo.

Levantei dali e comecei a andar pela casa em busca de respostas, entrei em todos os quarto, havia mais um de visitas, o quarto dos pais do John e mais um. Toquei a maçaneta curiosa mas a porta estava trancada, tirei o grampo do meu cabelo o deixando cair sobre meu rosto e com aquilo comecei a destrancar a porta.

Não era difícil, aprendi isso anos atrás pra fugir de casa durante as noites quando meus pais me trancavam no quarto. Em poucos segundos a porta abriu o cheiro de coisas velhas e poeira me fez espirrar, assim que entrei me deparei com um quarto de criança incrivelmente bem conservado, apesar de parecer que não era limpo a muitos anos, a cama estava arrumada, a penteadeira e o armário também.

Haviam vários brinquedos de pelúcia, a estética rosa e branco me dizia que era um quarto de menina. Marie? Entrei ali curiosa para descobrir mais e logo avistei sobre a escrivaninha uma foto da família, John estava muito novo talvez uns dez ou doze anos...juntamente com os pais e uma garotinha talvez da mesma idade ou mais nova que John. Ela era irmã dele dava pra ver a incrível semelhança.

Ela morreu isso era óbvio mas o que John teve haver com sua morte? Seu pai disse que foi ele que fez aquilo com Marie mas o que ele fez? Ele a matou? Será que foi de propósito?

Eram muitas dúvidas mas eu tinha uma certeza, ela foi o motivo dele estar assim hoje. Pude notar na festa que John tem muita vontade de viver fora da igreja, ele dançou, ele bebeu e se divertiu desde que cheguei aqui eu não o vi sorrir como vi na festa.

Eu tenho que ajudá-lo..

— O que está fazendo aqui?

— Puta merda John que susto.

— O que está fazendo aqui?

Ele estava sério demais tenho certeza de que não queria que eu soubesse disso, ele olhava o quarto todo reparando nos detalhes e sua expressão era de dor.

— Ela era sua irmã? O que aconteceu?

— Eu não quero falar disso, vamos sair daqui.

Eu tinha que respeitar sua vontade, haviam muitas coisas sobre mim que eu também não queria que ele soubesse e tudo bem ele tem direito a sua privacidade mas eu estava tão curiosa que não conseguia parar de pensar nisso. Mas ele me contaria quando achasse necessário desabafar ou pelo menos eu espero que conte.

Saímos do quarto e ele fechou a porta ainda bem sério mas não parecia estar com raiva de mim na verdade parecia bem pensativo.

— Não entra mais aqui tá bom?

Segurando minha mão nós voltamos pro seu quarto, não sei porque ele me quer por perto agora mas eu estava gostando disso, do jeito como ele estava me tratando...eu me sentia bem com ele, desde meu último "relacionamento" eu não consegui confiar em mais ninguém mas eu estava começando a confiar nele.

— O que você quer fazer? Quer ver outro filme? Nem terminamos de ver aquele dormimos no meio.

Estava tudo estranho demais, ele estava quieto muito mais que o normal e nem olhava direito pra mim.

— John me desculpa, eu estava curiosa eu não devia ter entrado naquele quarto mas...

— Foi bom ter entrado.

— O que?

— Me diz Maria qual o melhor jeito para me torturar? Eu pensei...- ele disse soltando uma risada de frustração e depois continuou.— Eu estupidamente pensei, que seria me privando de sentir mas sentir é exatamente o jeito que eu mais me machuco.

— Como assim?

— Aquele quarto..a dez anos eu não entro naquele quarto e doeu tanto como no primeiro dia.

— Me desculpa John eu não queria que...

— Não Maria pelo contrário não se desculpe, eu te agradeço na verdade..você tem me torturado desde o dia em que chegou aqui, sempre que me provoca, todas as vezes que me deixa frustrado, quando me beijou... todas essas vezes foi torturante pra mim e é exatamente disso que eu preciso.

Aquilo era triste, eu sei exatamente o que ele está sentindo porque a menos de um ano atrás eu me senti da mesma forma. Eu precisava da dor pra saber que estava viva, eu podia ver o desespero nos olhos dele e aquilo me comovia, eu sei que isso pode parecer muito ruim mas neste momento ele precisa de dor porque só assim ele vai perceber que precisa sair disso e eu vou ajudar no que ele precisar de mim.

— O que precisa que eu faça John? Pode me pedir qualquer coisa.

Suas lágrimas começaram a cair e ele veio até mim ficando a centímetros de distância, ele estava em uma confusão interna de sentimentos decidindo se ele se machucaria física ou emocionalmente. Seu pai não o perdoaria por mais uma ida ao hospital se ele se flagelasse outra vez então a única opção que restava era a dor psicológica.

Eu o machucava por ser a única coisa que ele queria mas que não podia ter.

— Me machuque, do jeito que você quiser.

— Vai doer você sabe disso não sabe?

— Eu sei, mas eu preciso sentir dor Maria. Eu não vou te odiar depois disso eu prometo.

Eu tinha carta aberta pra machucá-lo emocionalmente, eu sei como fazer isso mas eu não quero. Eu preciso ajudá-lo mas ao mesmo tempo isso também vai me machucar porque eu sei exatamente como ele vai se sentir depois.

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora