Confusão de sentimentos

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— Às pernas já estão firmes Maria? O que eu disse a vocês?!

— Desculpa..foi só um momento..

— Tá eu não ligo, já fizeram mesmo eu não posso lamentar..John seu pai quer falar com você na cozinha.

— Mãe...

— Eu sei...porfavor faz um esforço tá, essa situação também não me agrada mas não é porque nós estamos nos divorciando que ele deixa de ser seu pai. Se ele está disposto a tentar conversar é o que importa.

Maria me encarou segurando minha mão e com os olhos me deu confiança para ir até lá.
Quando cheguei na cozinha ele me esperava bastante sério, não estava nada interessado na opinião dele sobre meu relacionamento com a Maria e estava aqui exclusivamente pela minha mãe.

— Eu queria falar com você sobre o que eu vi lá em cima.

Me sentei a sua frente entediado mesmo assim não disse nada e esperei ele continuar.

— Eu não acho certo que você desista da sua vocação por causa de uma garota por mais que essa garota seja a Maria. Eu gosto dela, aprendi a amá-la como minha filha, mas você fez votos que duram a vida toda e até a eternidade. Isso é errado.

— É só isso?

— Não, eu errei, prometi a sua mãe que nunca mais beberia depois do que aconteceu com a Marie mas eu fui fraco e me deixei levar então me desculpe...pode falar alguma coisa?

— Sobre a minha "vocação" como você diz, eu nunca tive. Quis ser padre porque prometi a Marie que morreriamos juntos, e eu amava a vida antes dela morrer, então minha forma de morrer com ela seria abandonando tudo isso.

Ele pareceu surpreso mas era óbvio que estaria, ele nunca se preocupou comigo e só ficou orgulhoso quando disse que doaria minha vida a igreja.

— A Maria foi a melhor coisa que já me aconteceu nesses dez anos, eu amo ela e pretendo continuar com ela você gostando ou não. E sobre a bebida não seria porisso que você teria que me pedir desculpas.

— Estou tentando ser compreensivo e consertar as coisas..

— Então volte vinte e dois anos no tempo e me crie com amor, porque agora é um pouco tarde pra isso.

Eu não queria ter laços com ele, meu pai me machucou a vida toda e eu estava tentando recomeçar tudo. Já me sentia mal por ter quebrado a promessa que fiz a Marie não me sentiria pior por ter ele na minha nova vida.

Sai da cozinha dando a conversa por encerrado e passei pela minha mãe na sala indo pro meu quarto, Mason e Paul já tinham ido embora e já estava ficando tarde não queria mais falar sobre isso.

— Como foi?

— Ruim...

Maria estava deitada na minha cama e eu me obriguei a deitar sobre ela, minha costela quebrada doía mas o carinho que ela fazia na minha cabeça enquanto estava deitado em seu colo me fazia esquecer de tudo.

— Como você está? Ainda tem tonturas?

— Um pouco, mas estou bem...John, você confia em mim?

— É claro, porque a pergunta?

— Porque talvez, eu precise me afastar de você por um tempo.

— O que? Como assim?

Levantei do seu colo vendo que ela parecia nervosa outra vez, e é claro que isso tinha haver com aquele cara.

— Vai ser só por um tempo eu preciso viajar mas por enquanto só por enquanto eu preciso que confie em mim e não me pergunte nada.

— Maria escuta o que está me pedindo. Uma viagem do nada e sem eu poder perguntar, isso é...

— Loucura eu sei, mas você me conheceu louca não é...eu sou assim...

— Olha pra mim e diz que está tudo bem.

Ela desviou o olhar para as mãos e suspirou ao voltar a dizer.

— Eu não vou mentir pra você, sabe que não está tudo bem mas eu não vou te contar.

Maria estava tentando me proteger e eu tentando proteger ela, o delegado me recomendou não contar a ela que eu estava envolvido nas investigações porque do contrário poderia alertar o ex namorado de que estávamos a sua procura.

Mas como eu diria ela pra não ir onde quer que fosse sem dizer a verdade?

— Eu não concordo com isso.

— John você disse que confia em mim, eu prometo que vai ser uma viagem rápida.

— Eu não estou de acordo com isso Maria, você não vai. Porfavor, só me escuta dessa vez e não vai.

Segurei seu rosto desesperado pra que ela visse que não podia sair de perto de mim nesse momento, encarei seus olhos a obrigando a ver meu medo e voltei a repetir.

— Não sai de perto de mim, porfavor...me promete.

— John...

— Me promete.

Ela fechou os olhos e respirou fundo ela sabia que eu estava com medo ela sabia que eu estava implorando pra ela ficar, não sei o que aquele cara deve ter feito dessa vez mas com certeza estava pressionando ela a fazer alguma coisa.

—...tudo bem...prometo..

— Obrigado.

Meu coração disparava só de pensar que mais alguma coisa podia acontecer com ela, eu tinha a chance de fazer diferente agora, de realmente protegê-la mas ela precisava não ser tão teimosa e esperar um pouco por mais que ele estivesse pressionando ela.

A abracei percebendo que ela estava tremendo, não faço ideia do que deve ter acontecido nesse meio tempo em que eu não estava perto mas eu precisava tirar sua mente dessa situação, ela poderia ficar mal de novo por pensar tanto.

— Eu ainda não te dei seu presente de aniversário..

— Me deu sim...

Ela disse em tom sexual me fazendo lembrar de hoje mais cedo, mas aquilo foi um presente a parte considerando o que eu pedi pra minha mãe me ajudar a escolher.

— Então hoje serão dois presentes..

— Eu não tô acostumada a ganhar coisas, me sinto estranha..

— Você vai gostar desse eu prometo.

Fui até a escrivaninha e pequei a pequena caixinha, ela me olhava curiosa e quando eu me aproximei dela seus olhos começaram a encher de lágrimas já notando o que eu segurava.

— John...

— Faltava só uma coisa pra você ser só minha...eu sei que não começamos do jeito certo mas eu não consigo ver minha vida daqui em diante sem você.

Abri a caixinha mostrando a ela o anel que havia escolhido, suas lágrimas já caíam e eu me segurava pra não chorar com ela afinal eu jamais pensei que faria algo assim na minha vida.

— Maria eu estou implorando pra você namorar comigo..

— É claro que sim meu amor..

Coloquei o anel no seu dedo e logo depois coloquei a minha aliança, eu não desfiz meus votos ainda mas neste momento estava fazendo votos ainda maiores com Maria, eu sei que um pedido de namoro pode não ser nada demais mas pra Maria e pra mim significava muito pelo passado que tivemos.

Ela me puxou para cima dela me beijando tão carinhosamente que me deixou emotivo também, sentia minhas lágrimas caindo junto às dela em um sentimento inexplicável. Em tão pouco tempo nos apegamos muito e mesmo com medo desse sentimento tão novo eu não podia deixar de estar radiante.

— Um dia você me disse que Deus pra mim seria pequeno perto de você...estava certa..

— Eu disse também que não acreditava em nenhuma religião e eu estava errada, acredito no que eu sinto por você e eu venero isso John.. queria reforçar como da última vez que eu te amo e que você é minha religião.

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