Buscando soluções

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Eu não costumo beber mas depois do que ela me disse ontem eu precisava um pouco. Eu sei que as coisas tem ficado um pouco paradas demais mas eu estava tentando juntar um pouco mais de dinheiro pra dar a ela uma boa vida.

Eu sei que Maria tem a necessidade de não ficar entediada e eu também mas não sei o que fazer para mudar isso, me senti um verdadeiro inútil quando ela me disse que eu era o problema.

— Que dor de cabeça...

— Espero que assim você aprenda a não resolver as coisas com o álcool.

— Maria eu não quero brigar agora porfavor..

— Nem eu, quero conversar. Estava esperando você acordar.
Ela já estava de pé e vestida, parecia estar pronta para sair havia uma mala pronta no canto do quarto e eu me assustei por isso, ela ia ir embora?

— Me desculpa por ter bebido ontem, não queria parecer meu pai..

— John eu amo você, amo tudo sobre você...mas me custa aceitar que você não vê o que está acontecendo aqui, só temos dois anos de relacionamento e parecem quinze anos de casamento.

— Maria é claro que eu vejo isso mas eu não sei o que você espera de mim! O que eu posso fazer pra te agradar se eu já fiz tudo o que era possível?!

— Isso é mentira, você chega, toma banho e dorme. Eu entendo que está cansado mas eu também estou e eu também sei que está sendo difícil mas porra custa tentar?

— Você está tentando? Nos finais de semana você sai pro bar e fica lá a noite toda, no último domingo eu fiz o jantar pra você e esperei você chegar até as duas da manhã.

— E eu pedi desculpa por isso eu estava trabalhando.

— Mas as desculpas não adiantam se você vai continuar fazendo...olha eu quero mudar as coisas, mas eu não quero brigar cada vez que acontece algo que você não gosta. Você provoca as brigas de propósito e isso não ajuda em nada.

Nos dois estávamos errados e queríamos consertar as coisas só precisávamos ter essa conversa.

— Tudo bem, entendo...o que vamos fazer a respeito?

— Talvez uma lista? Coisas que deveríamos fazer durante a semana? Eu não sei..

— Eu fiz uma coisa antes de você acordar, talvez fique chateado.

— O que fez?

— Comprei duas passagens de avião de volta ao Arizona...viajamos daqui a pouco pra casa da sua mãe.

— Você sabe que eu trabalho não é? Como eu vou explicar pro meu chefe isso?

— Aí você escolhe, seu chefe ou nosso relacionamento. Porque eu me recuso a continuar desse jeito.

— Vou me trocar.

Ela tinha razão afinal, precisávamos de uma terceira pessoa nisso e talvez voltar ao lugar que começamos fosse uma boa ideia. O problema é que não voltamos lá desde que nos mudamos e não sei como vai ser a recepção das pessoas, quando saímos a fofoca sobre mim se espalhou mas talvez agora eles nem lembrem do que aconteceu.

Levantei ainda de ressaca pela bebida, lembro perfeitamente do que Maria fez ontem e eu gostei de ter visto ela com ciúmes pela primeira vez mas nunca passaria pela minha cabeça trair ela. Apesar de tudo que está acontecendo ela é minha vida.

.................................

— Que saudade filho...você fez tanta falta..

— Desculpa não ter vindo antes mãe, não tive tempo..

— Nunca tem..- Maria disse ríspida pra mim como sempre.— Dona Cristina eu senti saudade.

— Como vocês estão? Está indo tudo bem?

Maria e eu nos olhamos sem saber como contar o que estava acontecendo afinal viemos pra cá exatamente pra resolver as coisas.

— Não estamos bem dona Cristina na verdade, viemos para tentar salvar nosso relacionamento.

— Ah eu sinto muito...no que eu posso ajudar vocês?

— Também não sabemos mas a gente espera descobrir enquanto estivermos aqui.

— Bom, fiquem à vontade, John seu quarto ainda está do jeito que deixou eu mantive limpo esse tempo e o seu também Maria.

Peguei nossas malas e subi pro meu quarto esperando que Maria ficaria aqui comigo mas ela retirou sua mala das minhas mãos e foi pro seu quarto. Como ela esperava resolver as coisas assim tão distante?

Pensei em ir até seu quarto e talvez começar outra discussão mas parei no meio do corredor ao ver a porta do quarto da Marie aberta. Forcei meus pés a irem até lá e quando olhei o lado de dentro me surpreendi.

Minha mãe tinha limpado todo o quarto, mantendo as coisas da minha irmã ali como se fosse um altar, me forcei a entrar porque sabia que parte de mim ainda não tinha superado o que aconteceu, mas ver o quarto de uma criança ali me fazia perceber quanto tempo já passou desde o acidente.

— John...

— O que fez aqui mãe? Porque abriu a porta?

— Porque já se passaram doze anos John, e quando eu disse a você que queria mudar eu estava falando sério, chega de esconder o passado...infelizmente aconteceu aquilo e eu não posso mudar.

— Então porque ainda mantém as coisas dela como se Marie fosse voltar pra casa?

— Porque apesar do tempo que passou eu gosto de lembrar que tive uma garotinha...isso me ajuda a acalmar meu coração as vezes e Liam me mostrou isso.

— Está feliz com ele? Te faz bem?

— Ele me completa, depois do seu pai eu pensei que estava velha demais pra um namorado mas nunca é tarde quando é a pessoa certa. E Maria? Não me disse como vocês estão.

— É complicado...ela quer emoção e novas experiências todos os dias mas eu já dei a ela tudo que podia e parece que não está sendo o suficiente pra ela...eu não sou o suficiente pra ela.

— Talvez precise ver além do seu horizonte filho..

— O que isso quer dizer?

Ela saiu do quarto sem me explicar e aquilo ficou martelando na minha cabeça, minha mãe estava feliz com o Liam mesmo depois de tudo que aconteceu com meu pai. Ela sabe como eu devo consertar as coisas com a Maria e só não quer me dizer claramente.

Eu nunca fui bom com as pessoas nunca precisei ser, estava decidido a nunca sair da igreja porque era exatamente lá que eu encontrava minhas respostas, a diferença é que lá eu não era feliz e com Maria sim eu sou mas são dois extremos e talvez eu tivesse que recorrer ao meu antigo eu para achar a solução.

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