O luto

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Flashback on

Quatro anos atrás...

— Então é pra cá que você vem sempre quando diz que está na igreja?

— Padre Nicolas eu posso explicar..

— Pode mesmo Maria?...olha eu não estou chateado com você, eu vi como eles te tratam e realmente eu sinto muito que precise passar por isso. Mas você podia ter me contado.

— Não vai contar pra eles?

— Não, eu quero que seja minha amiga..

— Você é bem mais velho, não teríamos tantas coisas em comum...mas obrigada por não me denunciar pra eles, eu não sei o que eles poderiam fazer comigo.

— Quem são essas pessoas?

— Fiz alguns amigos...eles são legais.

— Não eles não são, estão te levando pro mal caminho. Maconha, bebidas...isso não é bom pra você.

— Sabe o que não é bom pra mim padre? Viver com dois maníacos que não me deixam respirar. Eu agradeço a preocupação mas não se meta se não for pra me ajudar.

Ele é bonito, é interessante e nada comum para um padre, mas ele não faz ideia de como eu me sinto todos os dias naquela casa. Bom pelo menos pensei que não entendia...

— Já foi a um parque de diversões Maria?

— Não, eu não saio de casa a não ser pra missa.

— Nunca? Nem pra escola?

— Estudo em casa, meu pai me ensina o que eu posso aprender.

— Deus...você realmente é uma alma perdida...vem comigo eu quero conversar com você.

Eu tinha acabado de fazer quinze anos e não tinha nenhuma esperança de um futuro melhor, Nicolas estava me oferecendo seu apoio e eu precisava disso, precisava de um escape.

Ele foi legal comigo o resto da noite, ele deixou que eu desabafasse com ele todos os meus traumas e depois me distraiu me levando ao novo parque de diversões do centro da cidade. Foi a primeira vez que eu comi doces e estava eufórica por isso porque simplesmente amo novas experiências.

Já passava das três da manhã quando ele quis me levar de volta pra casa mas eu tinha me distraído tanto com ele que não queria voltar.

Antes disso eu tinha feito alguns amigos fora da igreja, eles me deram maconha pela primeira vez e álcool, parecia o escape perfeito até começar a conversar com o Nicolas, eu não precisava estar chapada pra ficar feliz...

Eu não estava apaixonada por ele, nunca estive, mas ele me tratava bem e era bonito, eu tinha curiosidade para novas experiências e porisso naquele dia eu tomei a iniciativa e o beijei.

Era diferente, não sabia como fazer mas ele me ensinou com calma e paciência, pensei que ele me afastaria afinal ele era um padre mas foi o contrário Nicolas parecia já estar esperando por isso.

— O segredo de tudo Maria é a confiança, você é incrivelmente linda e sabe disso.

— É ruim ser bonita.

— Não pelo contrário, você pode conseguir tudo que quiser apenas com a sua aparência. Vou te ajudar com isso mas a primeira coisa que você tem que se convencer é que o mundo em que vivemos é feito e comandado pela beleza, e você parece ter sido esculpida pelo próprio Lúcifer.

— Minha mãe sempre me diz essa mesma frase, mas o tom dela é pejorativo.

— Você pode considerar as duas formas de pensar, mas lembra que Lúcifer era o anjo mais bonito de Deus e o mais inteligente também. Seja como ele e você terá o mundo ao seus pés.

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