Recomeços

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Um mês depois..

— Então já está tudo pronto?

— Triste porque vamos embora Mason?

— Talvez, sem vocês não existe fofoca na cidade..vai ficar entediante.

Abracei o primeiro amigo que fiz em muito tempo nessa jornada sozinha, nunca poderia agradecê-lo o suficiente por isso.
Dona Cristina nos ajudou a colocar as coisas no caminhão o que na verdade não era muito, John e eu compramos o básico para o novo apartamento e eu estava animada para chegar logo e ter minha própria vida.

— Bom já está tudo aí..tomem cuidado no caminho e me liguem quando chegar.

— Vamos vir passar os feriados aqui mãe..

John a abraçou assim como eu fiz logo depois, eu sentiria falta dela mas agora ela já não estava mais sozinha. O senhor Smith já a fazia companhia.

— Esperem!.- ouvimos o grito do Paul antes de entrar no carro e paramos esperando ele chegar correndo de longe.

— Chegou atrasado Paul.

— Eu sei, foi mal eu tava com a Ticha..

— Nova namorada?

— Antiga na verdade...eu queria te dar um presente de despedida Maria, se o John não se importar.

John me olhou sério porque sabia que o Paul ainda queria alguma coisa comigo, ele sempre perguntava se ainda estávamos juntos por "curiosidade" e depois dava em cima de mim de forma descarada mas desde que começou a namorar quase não o vejo.

— O John não se importa, o que você tem pra mim?.- ele continuou me encarando sem dizer nada.— Paul? Tudo bem?

— Desculpa....você tá tão bonita que...bom, eu te trouxe isso.

Ele me deu uma caixinha e quando eu abri tinha um baseado e um pouco de erva e algumas sedas. O senhor Smith olhou a planta ilegal na minha mão e revirou os olhos.

— Apesar de não parecer Paul eu sou uma autoridade, também sou juiz além de advogado.

Paul tinha uma expressão assustada por literalmente ter me dado maconha na frente de um juiz formado, mas eu sabia que o senhor Smith só estava brincando ele não nos prenderia por essa besteira.

— Obrigada Paul, vai ser bem útil..

Dei um beijo em seu rosto e entrei no carro antes que ele pensasse que teria chances porque a verdade é que eu só tinha olhos pra uma pessoa.

— Que cara é essa?

— Ele te deu maconha como presente de despedida, e você deu um beijo nele.

— Vai entender porque eu gostei tanto, agora vamos logo eu estou ansiosa.

Era um começo e eu adorava novos começos porque daqui em diante eu poderia ser o que eu quisesse, poderia fazer o que eu quisesse e viver com o amor da minha vida.

Era uma longa viagem de carro, doze horas na estrada do Arizona até a Califórnia, nós dormimos, comemos, brincamos, cantamos... e eu estava exausta, quando chegamos ao apartamento tivemos que tirar tudo do caminhão e levar escada acima até a nova casa.

— Estou morta..

Cai no sofá depois de passar o dia todo mobiliando a casa, John se sentou ao meu lado olhando o teto e só então me dei conta.

— Estamos na nossa casa John..

Ele se virou pra mim sorrindo com o mesmo ânimo que eu, era tão modesto e aconchegante que eu já me sentia em casa.

— Ainda não vimos a vista da janela principal.

Ele segurou minha mão me arrastando até lá, viemos pra cá apenas uma vez para ver a casa mas foi tão rápido que não deu pra reparar nos detalhes, mas era o lugar perfeito, quando chegamos na Janela o sol já estava quase se pondo era por volta das seis da tarde e a vista era espetacular. John me abraçou me envolvendo em seus braços enquanto admiravamos o céu laranja.

O pier de santa monica era visível daqui, e o mar era tão lindo que me deixava em êxtase.

— É a primeira vez que eu vejo o mar...

— Também é minha primeira vez..

Era satisfatório compartilhar essa experiência com ele, sentir a brisa do oceano a nossa frente explorando esse novo mundo juntos. John assim como eu não viveu o que deveria ter vivido, provavelmente iríamos descobrir muitas coisas juntos.

— Como acha que vai ser John? O nosso futuro.

— Eu já planejei tudo e você vai ser obrigada a cumprir.

— Ah é? Então me diz quais torturas preparou pra gente?

— Bom pra começar você vai ser obrigada a passar o resto da sua vida ao meu lado, envelhecendo e reclamando como sempre.

— Que péssimo, não vou aguentar a sua cara todos os dias..

— Em segundo lugar, você vai começar na próxima segunda.

— Começar? O que?

Ele foi até sua mochila me deixando curiosa e tirou alguns papéis de lá, quando ele me entregou eu comecei a ler mas ainda não entendia do que se tratava aquilo.

— O que é um supletivo?

— É como uma escola só que para adultos que não conseguiram terminar a escola normal.

Continuei lendo o papel notando o que aquilo significava, meu nome estava na inscrição e eu estava tão emocionada que mal podia falar.

— John...eu...eu vou pra escola? Eu vou pra escola?!

— Você vai...me disse que queria terminar os estudos então eu......

Nem esperei ele terminar de falar e pulei nele o beijando e agradecendo cada segundo desde que esse homem entrou na minha vida.

Meu pai me ensinou a ler e a escrever, apenas isso. Na sua religião mulheres não deveriam saber muito sobre nada então eu nunca aprendi nada. Esse era o primeiro passo para me tornar a médica que eu tanto queria ser e eu tenho que agradecer ao John isso.

— Eu não sei nem o que dizer só...muito obrigada..

— Eu quero ver você usando jaleco algum dia, vai ficar ainda mais gostosa de branco..

John conseguiu um emprego de vendedor em uma loja movimentada, sabia que ele teria que trabalhar bastante para receber uma boa comissão e porisso eu iria me dedicar a trabalhar no que pudesse e a estudar também.

— Eu quero comemorar isso porque daqui em diante mal vamos ter tempo pra nós então queria aproveitar hoje.

— Qual a ideia?

— Tem uma coisa que acho que você vai gostar...quer testar uma coisa diferente?

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora