Só por essa noite

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— O que está fazendo?

— Tentando encontrar uma roupa pra você.

— Você tá no meu guarda roupa então só tem roupas minhas aí.

— Não esse tipo de roupa.. você não tem nada mais...uhn, normal?

— O que você está aprontando Maria? O que você quer?

— Seus amigos Paul e Mason nos convidaram pra uma festa de fim de ano, e nós vamos.

— O que?! Não, você vai eu não.

— John..

— Eu não posso ir em festas Maria isso vai contra a....

— Não vai contra nada. Além do mais você me prometeu, eu fui hoje na igreja eu orei no café da manhã de verdade e até fiz aquela coisa com você.

— Tentou um dia, isso não é tentar de verdade.

— Nem pense em arranjar desculpas, já falei com seus pais e eles disseram "Mesmo sendo um padre ele ainda é jovem e precisa se divertir", então se até eles concordam você não tem desculpa.

Ela estava disposta e eu estava desesperado.

Eu não quero ir porque eu sei que em algum momento eu vou gostar de estar lá, vou gostar de ouvir música e de estar entre pessoas de verdade. Mas eu dei minha palavra a ela de que se ela tentasse eu também tentaria então não tinha pra onde correr.

Ela continuou olhando meu guarda roupa e quando encontrou uma camisa "normal" que eu ganhei dois anos atrás antes de me tornar padre a jogou pra mim pra que eu pudesse vestir, ela pegou uma calça do meu pai e também me entregou.

— Vai ficar aí? Eu tenho que me trocar.

Ela se sentou na minha cama com o celular sem fazer menção de que iria sair.

— Pode se trocar, eu quero ter certeza de que não vai fugir. Além disso eu já te vi só de cueca antes não vai ser novidade.

Ela não ia sair e eu estava com vergonha de precisar tirar a roupa na frente dela, apesar de tudo que esteve fazendo comigo depois do que aconteceu anteontem ela não tentou mais nada obsceno comigo e eu me senti aliviado por isso.

Desabotoei minha camisa e deixei no chão, minhas mãos estavam tremendo apesar de Maria não estar olhando pra mim sentia que aquilo era intimidade demais. Tirei minha calça de alfaiataria também a deixando no chão ficando apenas com minha box branca e com toda certeza eu estava corado porque agora sim Maria olhava pra mim.

Ela me entregou a camisa pra que eu pudesse vestir mas seus olhos estavam fixos em mim encarando meu corpo, ela não tinha nenhuma expressão maldosa mas sabia que aquele olhar não era comum. Vesti a camisa rápido e quando peguei a calça jeans para vestir notei ela me olhar novamente.

A tensão era palpável e eu odiava gostar disso, seus olhos azuis quase brancos percorriam meu corpo parando especificamente entre minhas pernas, notei sua pele arrepiada mas o quarto não estava frio, então ela voltou sua atenção ao celular em suas mãos enquanto eu terminava de me vestir.

— Não vou ficar lá por muito tempo.- disse ajeitando o colarinho da camisa e ela veio até mim abrindo alguns botões deixando parte do meu peitoral exposto.— Uma hora no máximo.

— Tá bom..

Esse "tá bom" não foi uma concordância, ela estava com um olhar suspeito como uma criança prestes a aprontar. Ela começou a ajeitar meu cabelo e a todo instante não conseguia parar de notar o quão bonita ela estava, e o pior ou talvez melhor é que ela sabe da sua beleza e explora isso muito bem.

— O que foi?

— Você é tão bonita..

Não quis dizer isso alto mas saiu tão naturalmente que me assustei, ela sorriu parecendo envergonhada o que pra ela dizia muito, suas bochechas ficaram vermelhas e ela se afastou um pouco desviando seu olhar de mim.

— Obrigada...você já está pronto..

Me olhei no espelho não gostando nem um pouco do que eu via, estava parecendo um cara normal.

— Maria acho melhor eu ir com as minhas roupas e....

— Nem pensar, você tá um gato e tenho certeza que vai atrair muitos olhares hoje.

— Eu não quero atrair olhares de ninguém.

— Pelo menos tenta John! Não é o fim do mundo tá, só pensa que Jesus também ia em festas no tempo dele e com certeza ele não ia de batina. Agora vem já estamos atrasados.

Eu estava com uma péssima impressão do que poderia acontecer nessa festa, eu não estava pensando em sair de casa principalmente hoje depois de tudo que ela me confessou. Paul e Mason eram do tipo que iam em festas de veteranos da faculdade onde sempre tem bastante drogas e bebidas.

E sem querer pré-julgar a Maria mas ela também gostava desse tipo de coisa, com certeza ela não ficaria sóbria hoje por minha causa e tenho medo de que ela me influencie de algum jeito.

— Porque essa cara? John é só uma festa relaxa.

— Eu nunca fui em festas.

— O que? Nem quando não era padre?

— Não... eu não tinha amigos e mesmo se tivesse eu não iria querer participar de algo assim.

Ela me fez parar no meio da rua e se pôs a minha frente me encarando desta vez sem brincadeiras.

— Vamos fazer o seguinte, por hoje e só por hoje você vai esquecer da igreja, vai ser um cara de vinte e dois anos normal por uma noite.

— Eu não sei se posso.

— Você pode, só me deixar guiar você ok...eu prometo que vai ser só por essa noite.

—...Só essa noite?..promete?

— Eu juro.

Eu nunca tentei nada parecido e era tentador demais pra eu negar, seria uma memória de uma noite que eu levaria pro resto da minha vida e isso já seria o suficiente pra me contentar, porisso eu disse:

— Eu aceito, só por essa noite.

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora