Desejo proibido

Inferno na terra

— E se a angústia for maior que a dor procure Deus pois só ele tem a resposta.

— Amém.

O uníssolo do público ecoava por toda igreja já estávamos no meio da cerimônia quando Maria voltou ao banco depois de ter ido ao "banheiro" assim que entramos na igreja. Ela desapareceu por uma hora apesar de eu estar celebrando a missa pude notar isso. Ela se sentou no banco da frente e todos olharam pra ela pelo seu modo de vestir.

Podia ouvir os murmúrios de alguns fiéis hipócritas a criticando bem na casa de Deus.

Aquela era a pior parte de ser um padre, eu tinha que abençoar pessoas que não mereciam ser abençoadas, Maria não fez nada aquelas pessoas mas o jeito que ela se apenas gerou toda uma fofoca desnecessária. Continuei a falar ignorando que eles sussurrava entre si sobre ela e logo as atenções voltaram a mim.

Sua presença era significativa ali, eu não conseguia olhar pra mais ninguém além dela mas ela não estava olhando pra mim. Na verdade parecia distante.

— Os fiéis que desejarem podem vir até aqui e tomar a hóstia.

Já estava no final da missa quando os dois coroinhas Paul e Mason apareceram me ajudando a organizar a mesa da hóstia e do vinho, eles sumiram a missa toda e eu não faço ideia do motivo.

— Onde estavam?.- perguntei baixo para que ninguém ouvisse e eles me olharam rindo com os olhos vermelhos e eu já sabia a resposta — Não acredito que estavam fumando maconha no meio da missa de final de ano.

Eu não me importava se eles estavam chapados ou não, claro contanto que não fosse no meio da missa.

— Desculpa John, mas a culpa não foi nossa.

— Ah não? Então alguém forçou vocês?

— Mais ou menos.

Eles continuavam rindo como se aquilo fosse engraçado mas como os fiéis ainda estavam ali decidi dar a bronca depois, as pessoas se aproximaram para receber a hóstia uma por uma, eram cerca de cinquenta pessoas e quando todos já tinham tomado Maria se levantou do banco vindo até mim.

Ela estava caminhando estranho e quando se aproximou de mim ajoelhou como todos os outros e levantou seu olhar me encarando debaixo como um demônio prestes a devorar minha alma. Ela também tinha seus olhos vermelhos e pelo seu sorriso maléfico pude ter certeza de onde ela esteve a missa toda.

— Sua benção padre.

Ela mordia os lábios em um tom sexual ao dizer isso, engoli seco sua audácia em usar algo tão sagrado dessa forma. Ela sabia exatamente o que me causava e eu me culpava por bem no fundo gostar disso. Ela abriu a boca esperando a hóstia me fazendo imaginar cenários que Deus me condenaria apenas por pensar.

Coloquei a hóstia em sua língua e ela revirou os olhos ao engolir, ela era o verdadeiro anti Cristo e não tenho dúvidas disso.

— Que...que..D...Deus te abençoe.

Ela sorriu ainda de olhos fechado notando meu desconforto diante daquilo, estava com a Bíblia nas mãos e precisei segurá-la a frente do meu corpo para esconder o que já estava visível.

— Amém, padre.

Assim que Maria saiu dali eu precisei me recompor rápido para terminar a missa. As palavras já estavam automáticas eu já nem pensava no que dizia, e quando os fiéis se levantaram para ir embora eu entrei na capela quase correndo apenas para poder finalmente respirar.

Eu estava suado e ofegante, ela faz coisas que honestamente eu tenho medo de não conseguir resistir. Meus hormônios estão a flor da pele como se eu fosse um adolescente mas nem mesmo quando eu era adolescente eu imaginava esse tipo de coisa.

— Tá tudo bem John?

— Onde vocês estavam a missa toda? E não mintam pra mim.

Encarei os dois que estavam sérios agora, Paul foi o primeiro a abrir a boca e confessar dizendo:

— A gente não ia fumar hoje mas, a garota...a que tá na sua casa disse que não tinha problema.

— Ela disse que não tinha problema porque você já sabia.

— E vocês acreditaram? Me conhecendo vocês acreditaram?

— Foi mal cara a gente não devia ter aceitado mas...ah você sabe...ela é tão...gostosa que ficamos hipnotizados.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, eu estava com raiva não por eles mas por ela. Essa garota estava sendo um inferno na minha vida e eu não sei o que fazer para que ela pare com isso.

— Nós vimos como você ficou padre e não estamos julgando entendemos perfeitamente.- Mason disse rindo como se fosse engraçado.

— Apesar de tudo você é homem e o jeito como ela ajoelhou pra tomar a hóstia foi....ah se eu pudesse eu...

— Saiam daqui agora, AGORA!

Eu nunca perco o controle e era o que estava acontecendo agora, eles saíram correndo e eu continuei ali tentando me situar e controlar o que eu estava sentindo. Minhas mãos ainda suavam e meu coração ainda estava acelerado. Não sei quanto tempo passei sentado no sofá da capela de olhos fechado para tentar me acalmar mas quando ouvi sua voz tudo aquilo voltou com força.

— Seus pais me pediram pra te procurar.

Ela estava parada no batente da porta de braços cruzados segurando um riso debochado, a raiva voltou com tudo me fazendo ir até ela e a puxar pra dentro com agressividade enquanto batia a porta com força, ela gargalhou alto sem nenhuma preocupação e voltou a se aproximar de mim.

— Você está com raiva? Que bom, era mesmo minha intenção.

Que Deus me ajude, pois eu estava prestes a esganá-la.