Intimidade

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— Você gostou de me foder hoje? Depois de tudo o que fez pra se manter puro e digno de ser um padre...você me fodeu no altar da igreja John, tem noção disso? Deus estava presente e você não se importou com isso.

Ela se afastou do meu abraço encarando meus olhos quase me desafiando.

— Você ainda é devoto? Não você é um desviado. Um maldito demônio.. imagine a cara dos seus pais se tivessem visto como você adorou gozar em mim, consegue imaginar o desgosto?

Ela segurou meu rosto forte deixando que suas unhas afundassem em minha pele, ela fazia de suas palavras facas me atingindo direto no coração.

— Seu pai tem razão, você é uma decepção...foi um erro você não deveria estar aqui não deveria ter nascido. Você sabe que eles queriam que você estivesse morto? Porque afinal você não faz diferença aqui, tudo que você toca se destrói e a prova disso é sua irmã.

Agarrei seus braços incapaz de ouvir mais, Maria fazia parecer tão real suas palavras e doía, ela sabia o quanto doía...quando ela notou que eu não queria mais ouvir ela voltou a me abraçar, mas a dor ainda não era suficiente eu precisava de mais.

— Me....me morde...

— John...

— Porfavor..

Ela não queria me mutilar, ela se sentiu mal quando eu me flagelei com o cinto e com certeza se sentiria mal por me ajudar a me machucar outra vez mas eu precisava e faria com ou sem ela.

Ouvi ela respirar fundo contra meu pescoço, ela afastou a parte de cima da minha batina e devagar começou a morder o meu ombro. Era um lugar que ninguém veria, seus dentes começaram a perfurar minha pele e ela não parou até que eu me retraisse de dor, podia sentir o sangue escorrer pelo meu braço.

Ouvi Maria começar a chorar e me senti ainda pior por ela ter feito isso.

— Me desculpa.

Porque....porque ainda faz isso?...porfavor para com isso..

Ela chorava de um jeito sentido e aquilo apertava meu coração, quando as coisas saiam do meu controle na minha própria mente eu precisava sentir dor pra me trazer de volta a realidade. Como um adolescente que se corta ou como alguém que se dopa pra não enxergar a dor, eu só precisava disso.

A afastei limpando o sangue que escorria de sua boca e a beijei tentando conter seu choro alto. O gosto do sangue ainda era forte mas eu não ligava pra isso só queria fazê-la se sentir bem, não era ela quem deveria estar sofrendo.

— Ela me fazia jogar álcool nas feridas e me dizia que aquilo era culpa minha..

Ela sussurrou contra minha boca ainda de olhos fechados se referindo a sua mãe.

— Eu tinha onze anos quando ela começou...foi ficando mais forte com o tempo, meu pai sabia e a incentivava a continuar.

— Não era culpa sua.

— Era sim, eu não me comportava de propósito...deveria saber que teria consequências.

— Você era uma criança.

— Eu nunca fui uma criança.

Aquela frase me doeu, a infância com meus pais era difícil mas eu ainda tive uma infância. Até os doze anos minha irmã e eu éramos inseparáveis, eu não consigo imaginar viver na realidade da Maria. Sozinha e com dois psicopatas.

— Porque eles não gostavam de você?

Ela se afastou de mim repentinamente se fechando como se eu tivesse dado um tapa na sua cara mas foi apenas uma pergunta.

— Eu não quero falar disso.

— Porque?

— Você já está melhor? Quer mais alguma coisa ou eu posso voltar pro meu quarto?

Ela ia sair mas eu segurei seu braço a puxando de volta pra mim, ela me olhou assustada com os olhos cheios de lágrimas ela queria desabafar mas tinha medo. Suas lágrimas caíam sem parar e suas mãos tremiam, ela estava com medo.

— O que aconteceu lá? Porque eles não gostavam de você?

— Você vai sentir nojo de mim..

— Eu nunca sentiria nojo de você minha princesa..pode me dizer sem medo eu tô aqui pra te escutar.

— A igreja que meus pais pertenciam era uma seita antiga de gerações e porisso eles eram tão fanáticos. A mulher era prometida desde a barriga a alguém e minha mãe foi prometida ao meu pai.

Já tinha ouvido falar sobre isso, essas seitas ainda eram permitidas em alguns estados país apesar de infringir várias leis humanitárias, precisei estudar sobre isso pra me tornar padre.

— Na seita deles a mulher nunca podia saber o que era o sexo porque quando chegasse a hora o homem teria que abusar dela...se ela fosse abusada e não engravidasse, eles comemorariam o casamento, se a mulher engravidar do abuso o casal era expulso da seita e o bebê era considerado impuro...eu sou o bebê impuro.

Ela passou a vida toda se achando um erro, se sentiu baixa e nojenta por algo que não teve nenhuma culpa, os pais a odiavam e faziam questão de que ela soubesse disso.

— Você não é um erro, você é incrível Maria não pense como eles, nunca.

— Não John eu sou mesmo um erro, fruto de um estupro e rebelde desde a infância...consegue imaginar o quanto minha mãe sofreu por minha culpa?

— Não mais do que você sofreu por culpa dela.

Tenho certeza que Maria nunca olhou pelo outro lado, sua mãe sofreu isso é verdade mas nada justifica ter feito da vida dela um inferno, apesar da rebeldia Maria é uma garota meiga e gentil quando quer, ela é carinhosa e tem bom humor apesar de tudo. Não consigo imaginar o doce de pessoa que ela seria se tivesse sido tratada com amor a vida toda.

— Você me chama de demônio, talvez esteja certo..

— Considerando que demônios são anjos caídos talvez eu esteja certo.

Ela sorriu deixando transparecer sua vergonha, como eu disse ela é uma garota doce e só quer ser amada como qualquer outra pessoa. Eu a abracei sentindo essa intimidade acontecer, estávamos começando a nos conhecer e talvez mas só talvez algo diferente estivesse acontecendo aqui.

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