Dolorosa recuperação

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— Não se preocupe ela não está grávida...fizemos todos os exames o Diu dela está no lugar e funcionando.

Era um alívio saber disso, não seria um problema a gente ter um filho mas ela não queria isso e estamos apenas começando o que temos, não é um bom momento e provavelmente nunca vai ser um bom momento.

— Que bom...mas como ela está? Estou preocupado ela não acorda desde ontem.

— Vai levar um tempo, estamos aplicando suplementos e medicamentos direto na veia. Ela deve ficar apagada por mais um tempo, quando acordar podemos começar o tratamento.

— Mas então ela está bem?

— Sim está bem, não tem nenhum perigo ela só está se recuperando.

Isso era tudo que eu precisava saber pra ficar mais tranquilo, não consigo acreditar que tudo acabou e mal posso esperar para contar a ela quando acordar.

A deixei ali sobre os cuidados da enfermeira e sai pra tratar dos detalhes do caso, queria terminar esse assunto o mais rápido possível.

— Disse que queria falar comigo delegado.

— Sobre o Nicolas Gilbert, a mãe o internou quando era adolescente ele era bipolar e esquizofrênico. Pelo que parece "ele fugiu para essa cidade com um propósito de Deus para encontrar sua alma gêmea" é o que está escrito no relatório da mãe.

— Então ele tinha mesmo problemas mentais.. mas e sobre a garota que ele assediou.

— A própria menina disse que Nicolas disse pra ela que ele estava a procura dessa alma gêmea enviada por Deus e que o nome era Maria, a garota que ele assediou também se chamava Maria.

— Então era porisso que ele estava obcecado pela Maria? Porque pensou que Deus enviou ela?

— Ele viu ela sendo abusada pelos pais, o nome correspondia então ele pensou que era ela e que deveria salvá-la.

Ele era um fanático fazia sentido.

O que me surpreende na verdade é que Maria pareceu nunca ter notado isso até ele a perseguir. Nicolas seria um mistério ainda mesmo sabendo de sua condição eu nunca entenderia.

...............................

Cinco dias depois...

— Finalmente abriu os olhos...olá está consciente?

A médica a perguntava fazendo os testes para saber se ela estava raciocinando bem, Maria ainda tentava abrir direito os olhos depois de ter passado quase uma semana em um estado de coma induzido.

Ela parecia muito mais corada agora apesar de estar no hospital a muito tempo.

— Me diz, qual o seu nome?

Ela pareceu confusa por um tempo piscando sem parar ao abrir os olhos.

m...ma..Maria...Collins..

A médica sorriu e aquilo era um bom sinal, ela precisava ficar apagada esse tempo do contrário não conseguiria se recuperar com tudo que estava acontecendo.

— Sua idade?

...fiz..fiz vinte anos...onde está..onde está o John?

Eu estava sorrindo como um idiota por notar que a primeira coisa que ela perguntou foi por mim, a médica apenas assentiu para que eu me aproximasse para falar com ela enquanto media sua pressão.

— Oi amor...eu tô aqui. Como se sente?

— Você está bem...ele não tocou em você..

Ela respirou aliviada deixando uma lágrima cair, beijei sua testa sentindo o quão preciosa ela é..depois de tudo o que houve com ela era comigo que ela estava preocupada.

— Eu tô bem, você também...já acabou..

— Ele foi preso?

A médica sabia de toda a situação, não tenho certeza se seria bom contar a Maria agora mas a médica afirmou com a cabeça que eu poderia dizer.

— Ele morreu...no incêndio.

Eu não sabia o que ela estava pensando mas com certeza ela não estava feliz porisso. Até um certo ponto eu entendo eles tiveram uma história, mas me custava aceitar que ela gostava dele bem no fundo.

— Você tá bem com isso?

— Sim...ele causou tudo isso, não posso lamentar..

Não podia mas era exatamente o que estava fazendo. Ela tem um coração tão bom que chega a ser cruel, ela não pode se preocupar tanto com as outras pessoas e esquecer dela dessa forma. Mas eu não falaria sobre isso agora, estava tudo recente demais.

— Sei que você acabou de acordar mas vamos precisar fazer alguns exames.

— Que tipo de exames?

— De sangue principalmente.

Ela tem pavor de agulhas e só porisso começou a chorar mas era necessário, depois de tantas coisas ela estava muito sensível e isso parecia tortura.

— Vai ser rápido eu prometo, precisamos saber se você está bem antes de você começar a comer.

Ela apenas assentiu ainda chorando enquanto a médica preparava as coisas, me partia o coração ver como ela estava sofrendo nunca pensei sentir tanto a dor de outra pessoa.

O processo foi rápido como a médica tinha dito mas Maria não parecia bem, ela estava se recuperando fisicamente mas eu estava preocupado com sua saúde mental. Ela estava frágil dava pra ver de longe, pensativa, emotiva, sensível..

Quando a médica terminou o que deveria fazer ela pediu que trouxessem comida, não era muito apenas algumas frutas, suco e um caldo de legumes.

— Precisa da ajuda de uma enfermeira para comer?

— Não doutora tudo bem eu ajudo ela..

— Tente comer pelo menos a metade, volto mais tarde pra saber como você está.

Maria não falava nada, estava muito distante e eu já estava começando a me preocupar ela não é assim.

Comecei entregando a ela o suco e pela primeira vez ela não rejeitou, bebeu um pouco com uma expressão nada boa e já podia ver sua pele arrepiada. Aquilo doía eu sei, mas ela precisava tentar e até onde parecia ela estava tentando.

Depois passei ao caldo, quando coloquei a primeira colher em sua boca ela quis cuspir mas se segurou fechando os olhos com força e agarrou minha mão, ela não come a dias então já esperava que o processo seria doloroso.

A cada colherada parecia que eu a estava torturando, queria chorar por ver ela daquele jeito mas me contive devia ser forte por ela. Quando estava quase no meio do prato ela não quis mais, olhou pra mim parecendo que estava sofrendo então afastei o prato.

— Se continuar se esforçando vamos poder ir pra casa logo...eu tô orgulhoso de você, está tentando..

Ela me olhava tão terno que me fez ficar emotivo, não consegui segurar o choro depois de lembrar do desespero que senti por pensar que talvez eu nunca mais a veria.

— Não chora..- ela levou sua mão ao meu rosto limpando minhas lágrimas.

— Desculpa...eu tô tão aliviado por você estar aqui..eu pensei..pensei que..

— Não precisa lembrar disso, já acabou.

—...tem razão, acabou..eu te amo, sempre..

— Eu também te amo, pra sempre.

Ela me puxou para um abraço e ali eu fechei os olhos sentindo seu corpo contra o meu e agradecendo a Deus por ela estar comigo. Maria é tudo que eu mais amo, ela é o meu motivo pra tudo e eu só espero que ela tenha uma vida feliz daqui em diante.

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