11

320 23 1
                                    

+30

PIPA 🪁

Eu nem sei o que aconteceu aqui, de uma hora pra outra tudo mudou, tudo ficou estranho. Por um momento a gente tava rindo, no outro, brigando feito louco.

Mas eu só sei que fiquei cego quando vi aquela cena, fiquei cego em ver Luana grudada com ele, fiquei tão assim que nem vi o moleque saindo da casa e indo atrás dela.

Peixe: Aquela arma não poderia travar não - chega perto de mim pegando a arma do chão - E ainda tá carregada, vagabunda deu muita sorte.

Meu sangue estava fervendo, não é a primeira vez que a gente briga assim e eu pego a arma pra ela, mas todas as vezes eu descarrega de propósito, só pra passar um susto nela, mas ela sempre fez isso comigo, sempre pegou a arma da minha mão e apontou pra mim, mas nunca fez isso igual fez hoje, de apontar pra ela.

Eu juro, juro que vou caçar ela.

Eu sei que ela não vai ficar fora da favela, mas pelo menos por alguns dias, sei que eu não vou ver ela. E papo reto, é bem melhor assim, se eu ver ela na minha frente, vou matar ela, se eu ver ela dando risada, eu mato ela.

Luana é maluca, a gente é maluco, mas não dá, ela sabe que eu não aceito traição, do mesmo jeito que ela não gosta, eu não gosto. Mas a puta gosta de me testar, gosta de ficar...

Peixe: Aquele moleque filho da puta - joga a arma ali na mesa - Culpa desse ai.

Pipa: Culpa dele porquê? - olho pra ele que ainda tava com a boca vermelha - Eu bem acho que a culpa é sua, sempre ouvi da boca dela que você caia pra cima dela como um tubarão faminto. Luana é responsa, eu sei que ela nunca iria me trair, mas mesmo assim, não confio em ninguém.

Peixe: Qual foi Murilo? - ele cruza os braços e eu vejo o corte de faca que estava ali - Não confia no seu irmão do peito? Vai confiar em mulher mesmo?

Pipa: Ultimamente não tô confiando em ninguém não, Richard - saio da cozinha e vou pra sala, me jogando no sofá - Depois que fiquei sabendo que nego tá de falsidade pro meu lado, não quero saber de mais nada, se eu ver de k.o comigo, vai rodar.

Peixe: Mas tu tá ligado né...

Ele para de falar e a nossa atenção vai para o moleque que tinha acabado de entrar ali na casa, o Riquelme. Olhei bem pra cara dele que estava com os olhos cheios de lágrimas, não sei nem por que o moleque tá chorando, mas ele só chegou perto do Richard e deu uma cuspida na cara dele, eu olhei aquilo assutado e o peixe só meteu um murro na cara do moleque fazendo ele bambear pra trás.

Riquelme: Seu verme - disse com o melado escorrendo pelo nariz - Desculpa aí pipa, mas tu tá sendo burro.

Peixe: Vaza moleque - ele grita dando outro murro nele - Antes que tu morra também, mas dessa vez a arma não vai falhar não.

Riquelme: E quem disse que tu mata na arma? - ele coloca a mão no rosto - Tu é um lixo, só mata inocente.

Pipa: Que papo torto é esse? - me levanto do sofá - Solta a voz menor!

Riquelme ficou me encarando e fechou os olhos negando, assim que abriu tomou mais um murro do peixe, ali eu me meti no meio e mandei peixe vazar da minha casa.

Olhei bem pro moleque que estava mole, mas ainda estava em pé, sustentando o meu olhar.

Riquelme: Tu fez burrada... - diz eu eu carrego ele até o banheiro.

Pipa: Diz menor! - grito já sem paciência.

Riquelme: Vou fazer o que Luana me disse, vou ficar calado - abro o chaveiro e ele fecha os olhos.

...

Tô na pista, não aguentei ficar em casa e vim atrás da Luana. Fiquei maluco em ver ela sair de casa daquele jeito, Luana é caçada pelos rivais também, e se verem ela assim vão achar ela vulnerável.

Luana é foda mano, quando ela quer sumir, ela some no mundo e eu demoro pra achar ela.

Parei ali no posto e peguei meu celular ligando pra ela, mas só caia na caixa postal e as mensagens não chegavam nela, tava cansado já, minha cabeça tava doendo por conta do copo que a maluca quebrou na minha cabeça. Mas a minha maior dor nem é essa, e sim encontrar ela na rua se drogando por conta da recaída.

Toda vez que a gente briga, ela começa a usar os bagulho dela, e eu como sempre me sinto culpado por tudo, mesmo eu sendo não consigo aceitar que foi eu quem fiz isso pra ela, na minha cabeça quem começa a fazer as coisas pra me prejudicar é ela, quem começa a me provocar é ela, não eu.

Pipa: Porra Luana! - bato no volante e começo a imaginar tudo o que pode estar acontecendo com ela.

Dou mais algumas voltas de carro e logo vejo um grupo de noia brigando e usando droga, forço bem meus olhos e vejo que boa parte são colegas dela, do passado de quando ela usava essas porra com frequência.

Chego mais perto na esperança de achar ela ali e não demorou muito e eu vi ela ali no canto, com uma garrafa de lança na mão e com o nariz todo branco, na hora me deu um aperto e o arrepio chegou. Ver Luana nesse estado me destrói, e me machuca mais ainda saber que eu sou a causa disso.

Pipa: Luana - abaixo meu vidro chamando a mesma que nem tchum pra mim - Luna!

Ela me encara com os olhos vermelhos inchados e começa a dar risada ainda baforando.

Pipa: Vamo pra casa - digo e ela nega parecendo um robô.

Luana: Casa? - ela pergunta com a voz pesada - Quem é você?

Pipa: Seu marido, Luna - digo saindo do carro e ela começa a rir alto, entortando os olhos - Vamo, Luana.

Luana: O homem que eu amava me matou hoje - ela leva a mão sinalizando uma arma e coloca na boca - Desse jeito, pow.

Luana não está consciente, as drogas misturadas já fez efeito.

Eu não fiz mais nada, só peguei ela e coloquei ela deitada no banco de trás do carro, sai dali e dei partida pra Kennedy outra vez.

Assim que cheguei lá pedi ajuda pros moleque me ajudar e coloquei ela dentro de casa.

Riquelme: Por que ela tá assim? - aparece na ponta da escada.

Pipa: Vai dormir moleque - digo pegando ela no colo e indo até o banheiro - Vai Riquelme.

Ele sai dali e entra no quarto fechando a porta, olho para Luana tirando a roupa dela e deixando ela ali embaixo do chuveiro gelado.

Amanhã a gente já vai acordar brigando, já tô até vendo.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora