002

1.2K 36 3
                                    

Luana Mendes ²⁵

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Luana Mendes ²⁵

Desde do dia em que eu nasci e conheci o mundo, só foi eu contra o mundo, eu nunca tive o apoio dos meus pais, nunca tive um amor materno, aquele amor onde você pode conversar e se abrir ou receber um abraço caloroso, com o meu pai não foi diferente, eu sempre fui maltratada por ele, sempre apanhei por olhar torto ou tentar me defender de suas falas.

Minha mãe nunca disse nada diante disso, a única coisa que ela fazia era ajudar ele me xingar e me bater e encher o cu de droga junto com ele, no auge da minha adolescência eu comecei a ser abusada pelo meu próprio pai enquanto ele estava na noia dele, minha mãe, só dava risada e falava que eu estava roubando o macho dela, que eu estava tirando o amor da vida dela dos braços.

Minha mente é toda fodida, eu já tentei várias vezes me matar com remédios, faca e várias outras coisa, eu carrego entre as minhas pernas as marcas dos cortes e na parte de trás do meu cabelo as falhas das mechas que eu arrancava. Quando eu fiz dezessete anos, descobri que meus pais tinham sido mortos na ponta da favela, eu nem me preocupei em ir lá ver se era verdade, o peso dentro de mim saiu na hora, o alívio saiu de dentro de mim e ali eu comecei a viver minha vida tranquila.

Mas as marcas dentro de mim me machucaram tanto que eu comecei a me vender, eu trabalhava de dia no banco e de noite eu ficava nas baladas atrás de homens para me comer e me dar o dinheiro, várias vezes eu já acordei no hospital por estar dopada, ser encontrada na rua jogada e machucada. Nem sempre eu recebia o meu dinheiro, e eu boba não corria atrás por vergonha e medo de apanhar dos caras, fora que, talvez eu nem encontraria eles mais, já que eu pegava eles dentro das baladas.

No meu auge mesmo, foi quando eu comecei a usar droga, usava de tudo, até a tal da k9 eu me sujeitei a usar. E nessa eu quase morri, outra vez.

Eu sempre fui mal falada no morro, sempre fui mal vista e a puta drogada, eu não tenho amigas e nunca tive, desde da época em que meus pais eram vivos, eu sempre fui sozinha, e me acostumei assim, até o dia em que o Murilo, dono da Kennedy começou a me cercar.

No começo eu não queria nada com ele, até porque eu tinha uma regra comigo mesma, eu nunca iria me envolver com ninguém do morro, e nunca me envolvi a não ser ele.

Assim que eu fiz vinte anos, ele me colocou no seu nome, disse que eu era dele e que queria me tirar da vida errada que eu estava, e eu só dei risada e neguei continuando a minha vida, mas ele não desistiu até eu ceder a ele, e hoje depois de cinco anos nós estamos juntos, temos a nossa casa, quero dizer, eu moro na casa dele e a minha eu alugo.

Murilo me tirou da merda, literalmente, no fundo do poço eu pude ver uma pequena fonte de luz, e aquilo me ajudou, mesmo ele sendo quem ele é, ele me ajudou e me ajuda muito.

Nós temos nossos altos e baixos, mas eu amo muito ele, é até estranho eu dizer que amo ele, já que eu nunca disse isso para ninguém, na verdade, nesses cinco anos que estamos juntos, eu nunca abri a minha boca para dizer que amo ele e que faço isso e aquilo, não.

Mas mesmo depois de tudo o que eu passei e passo dentro do meu relacionamento, eu penso em largar ele e viver a minha vida de antes, mas eu sei bem que ele nunca iria me deixar fazer isso, ele nunca iria abrir a mão de mim.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora