23

329 33 3
                                    

LUANA 🎢

Eu tô toda fodida, abro meus olhos aos poucos e vou vendo que estou no hospital, vejo as lâmpadas cumpridas e escuto o barulho das máquinas, posso mais uma vez lento e assim que meus olhos se abrem por completo posso ver o Murilo ali, com os olhos vermelhos e me encarando assustado. Sorri sem forças e toci um pouco, Murilo deitou a cabeça no meu peito e começou a alisar meu cabelo, fechei meus olhos sentindo o conforto e me entreguei para o momento, estava me sentindo leve, mesmo estando com o corpo totalmente pesado.

Pipa: Achei que ia te perder - sussurra somente para eu ouvir.

Levantei a minha mão esquerda e coloquei na sua cabeça, esfregando os meus dedos ali entre seus míseros fios de cabelo.

Luana: Se eu morrer, tu vem junto - minha voz é fraca e ele solta uma risada abafada - Eu tô falando sério, otário.

Murilo levanta a cabeça do meu peito e me encara, nossos olhos se conectam, e eu seguro o que queria cair, não quero chorar, mas ao mesmo tempo eu quero, ao mesmo tempo que eu agradecer por ele ter ido até lá me salvar.

Pipa: Eu te amo, maluca - seus lábios tocam os meus e eu fecho meus olhos pelo prazer, pelo calor do amor entrar em contato com o meu corpo.

Luana: Também te amo, Murilo - digo vendo os seus olhinhos brilharem, Murilo abriu o mais sincero sorriso que eu já vi, seus dentes amarelados tomaram conta da minha mente, eu estava feliz, estava feliz em poder dizer que eu o amo.

...

O falatório dentro do quarto está grande, de um lado, Amanda dá risada e passa a mão na sua barriga, agradecendo pelo seu bebê estar bem, do outro, Riquelme está fazendo graça, brincando com os meninos, Pressão e Murilo, e eu, estou com soro na veia e com o aparelho respiratório, eu ainda não estou podendo comer por conta da cirurgia, então estou algumas horas sem colocar alguma coisa para dentro.

- Vejo que todos estão bem - a porta é aberta e o doutor entra ali, com sua prancheta na mão e com sua assistente do lado - Como está se sentindo, Amanda? - a pergunta vai para ela primeiro que abre um sorriso largo.

Amanda: Eu estou bem - ele apenas acena com a cabeça e anota algo nas folhas.

Eu torci para que Amanda não perdesse o bebê dela, mulher está praticamente sozinha, perdeu tudo por conta do ex marido dela, trabalha dobrado, sempre tá ajudando quem precisa, bota a cara a tapa por desconhecidos. Amanda merece alguém pra andar junto com ela, Amanda é uma mulher guerreira, batalhadora, e o significado do nome dela já diz isso por si só.

"Amanda: Digna de ser amada"

E ela realmente merece ser amada, merece receber um amor recíproco e verdadeiro.

- E você, Luana? - agora a atenção está para mim, seu sorriso é pequeno, mas preocupado - Como está se sentindo depois da cirurgia?

Luana: Estou começando a sentir os pontos agora - digo me arrumando na maca - E eu também estou com muita fome, não aguento mais ficar só na água.

O doutor solta um sorriso negando com a cabeça e anota mais algumas coisas nos papéis.

- Você já pode comer já - solto um suspiro aliviada - Não podemos deixar uma mãe sem comer, o bebê também sofre sem comida.

Na hora eu paraliso, o mundo inteiro para pra mim e eu começo a pensar nas suas últimas palavras, começo a encarar ele tão fundo que ele volta a minha atenção pro mundo real:

- Peço desculpas se você não sabia - seu tom é sincero - Mas por pouco, e com muita cautela você não perdeu o seu bebê.

Não entrava na minha mente que eu estava grávida, fora isso, eu não estava acreditando que eu estava descobrindo desse jeito, quase morrendo.

- Bom, jaja sua comida chega - ele vai até a porta - E mais uma coisa, até o dia que você ficar aqui, você irá ter um acompanhamento para ver como sua gravidez está, como seu corpo vai continuar reagindo, tudo bem?

Luana: Eu tô de quantos meses? - minha voz sai baixa.

- De quatro meses - diz e eu fecho os meus olhos deixando lágrimas escorrerem.

Não disse mais nada, apenas fiquei com os olhos fechados e sentindo minha cabeça latejar de dor.

Um filho, uma criança para cuidar. Na situação que eu estou, que meu relacionamento está não é bom ter um filho por agora, mas talvez até seja, já que dizem que quem trás a felicidade para casa é o bebê, é a criança.

Pipa: A gente vai dar conta - sinto sua mão na minha barriga - Tamo junto nessa, eu tô do seu lado.

Murilo me abraçou e eu senti outro bracinho fino abraçando a gente também, era Riquelme, todo delicado entre nós dois.

Talvez eu precise disso.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora