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PIPA 🪁

Favela tá muito calada, tá tudo muito estranho, não que eu não goste quando ela fica assim, mas tá tudo muito calmo, até os moradores tão entrando pra casa e chamando seus filhos pra dentro. Já passei o recado no radinho pros caras ficarem na atividade, uns na divisa do morro entre a kennedy e a aliança e alguns na parte de trás e da frente.

Eu não tô sentindo coisa boa não.

Peixe: Suspeita de algo? - chega do meu lado me dando um susto - Calma irmão, sou eu só.

Pipa: Suspeito da aliança, eles estão muito na deles - faço o toque com ele - O tcp já tinha mandado o papo uns tempo atrás dizendo que iria invadir, mas não disse quando.

Peixe: Fica na paz irmão, tcp tá fraco perto do vermelho - ele diz pegando um pino do bolso - Quer?

Peguei o pino da mão dele e comecei a arrumar a carreira ali no tijolo mesmo, na primeira carreira já comecei a ouvir barulho de tiro e o aviãozinho passando por nós com a sua glock, já limpei o nariz e fiquei na atividade. Peixe ficou atrás de mim por todo o tempo, irmão meu, criado na favela junto comigo, hoje em dia é meu gerente, meu braço direito de tudo aqui.

"Qual foi chefe, os cara vieram na maldade, tão tudo subindo pela divisa"

Meu radinho toca e eu só mando o papo para continuarem atirando, e se o movimento deles começarem a cair, recuar.
Saí correndo pelas vielas e dei de cara com dois caras do outro lado, um deles tava com uma bolsa grande, olhei bem e vi algumas peças de crack e pino caindo dali, apontei a arma pra eles junto com peixe e comecei a atirar entrando no beco, eles não tiveram dó não, mandaram bala pra cima de nós legal, mas eu também não deitei não.

??: Tu vai morrer pipa! - mais tiros são soltos - Tá sendo apunhalado pelas costas e nem sabe!

Olhei serin pro peixe que só deu de ombros e eu saí daquele beco indo em direção aos caras, coloquei meu dedo no gatilho e atirei sem dó, mas nenhum pegou já que eles não estavam mais lá. Olhei pro lado e peixe tava já na minha frente, andando com a arma apontada como se fosse polícia.

A frase daquele bandido ficou na minha mente, se eu estou sendo apunhalado pelas costas, deve ter gente me caguetando ou tenho algum falso aqui comigo.

Continuei andando na atividade e logo parei perto da principal, onde meus moleque tava tudo nas casinhas ali, já fui andando mas bem no meio da rua recebo um tiro de raspão no meu ombro, vacilo colocando a mão no local e atravesso a rua correndo entrando na casinha que tinha ali.

Pressão: Caralho chefe, tu tá baleado - disse me olhando assustado - Tá ruim isso aí, tá maluco.

Pipa: Ta nada moleque, bora voltar pra atividade - levanto o fuzil e os vidros da casa são quebrados.

Pressão: Se esconde aí! - ele meteu a cara na janela e começou a metralhar os caras do lado de fora -  Mete o pé seus cu azul! - gritou rindo.

Olhei pra aquilo louco, Pressão é o bandido mais gente boa que tem aqui nessa favela, eu nunca fui de falar com ele não, mas sei que ele respeita os moradores daqui e gosta de fazer o que faz.

Longas horas depois a favela voltou ao normal, joguei minha cara na rua e rodei toda a vila pra ver se tem gente aqui ainda, dei o papo pro povo sair só de noite de casa, hoje ainda tá muito perigoso, e eu não quero ver gente minha morrendo não.

Nesse meio tempo fui pra minha salinha junto com o pressão e ele me ajudou a fazer o curativo no meu braço, e ali eu tive um papo profundo com ele, vi que ele é leal nos corre dele e atira de olhos fechados pra proteger quem é dele, admirei a atitude dele pra caralho.

Pressão: Sobre o que aquele maluco falou pa tu - ele acende um baseado - Abre o olho chefe, na vida rasa tudo pode acontecer, agora deixa eu voltar pro meu corre e fazer o meu.

Ele saiu ali da salinha e logo quem entrou foi o Peixe, olhei serin pra ele e ele só deu de ombros puxando mais um back pra mim e pra ele. Fumei papo de dez cigarros ali com ele, mas eu tava afim de beber, então só peguei a chave da minha outra casa que tenho e fui pra lá com ele, nós ficamos lá bebendo até umas horas, quando dei por mim já estava praticamente dopado e peixe tava gravando no meu celular fazendo graça com a peruca que ele tem.

Quando ele foi embora eu fiquei ali ainda, não tava querendo ir pra casa não, mesmo estando com saudades da minha mulher, queria ficar na minha hoje, mas nada adiantou, pois a diaba veio até mim cansando mulher aqui dentro.

Luana não demonstra amor não, e quando demonstra e no ciúmes ou na cama, e puta que pariu, ela me deixa maluco.

...

Busquei minha mulher no trabalho e levei ela pra comer um cachorro quente de rua, ela ainda estava brava com a brincadeira do peixe, mas se bem que nem eu entendi aquela porra direito, nem sei por que ele pegou o número dela e começou a enviar aquelas mensagens.

Não tô entendendo legal não...

Luana: Caralho hein Murilao... - ela me olha já na maldade - Fez a boa hoje... Quer o que?

Já lancei o sorriso pra ela que na mesma hora já sorriu também.

Pipa: Vamo pra casa logo, lá eu te mostro - digo e ela começa a rir sem parar.

Eu amo essa maluca, amo a risada dela, amo o jeito dela, amo a vida dela, o cheiro, cabelo, corpo... Tudo que tem nessa mulher eu amo.

Luana: E quem disse que precisamos ir pra casa? - ela diz passando a mão na minha coxa já na maldade - Hein?

Já levantei dali indo pagar a conta e ela já foi direito pro carro, fui atrás dela correndo e cheguei perto abraçando ela e dando um tapa na bunda dela que apenas sorriu tirando minha mão dali.

Luana: Vamo pra um lugar reservado - ela entra no carro e eu já entro atrás dela.

Eu já falei que amo essa maluca?

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora