Malucos

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LUANA 🎢

Acordo com a claridade na minha cara e abro meus olhos aos poucos, me levanto sentindo meu corpo pesado e pego o celular no meu bolso vendo que já era dez e meia da manhã, ou seja, estou atrasada para o trabalho, minha sorte é que eu tenho duas funcionárias que abrem o salão quando eu não estou ou me atraso.

Na barra de notificação está cheia de mensagens do Murilo e ligações perdidas dele, eu não respondo nenhuma e não ligo pra ele de volta, apenas me levanto ali do colchão e passo a mão no rosto limpando o meu nariz caso ele ainda esteja branco. Apago a luz e saio de casa do mesmo jeito que eu entrei, pela janela.

Algumas pessoas que passavam por ali me olhavam estranho, mas eu nem dei bola, afinal, não devo satisfação a ninguém a não ser a mim mesma.

Começo a andar pra minha casa e no caminho vou falando com quem eu conheço, no caso, somente as tias e as crianças, passo por um grupo de adolescentes e alguns deles começam a rir e outras dizem que me admirava e os caralho a quatro, eu não acho bom ser inspiração para essas meninas, até por que minha vida não foi fácil, e a maioria deles sabem bem a minha história de vida, e mesmo assim se espelham em mim.

Paro de frente a minha casa abrindo o portão que grita mais que uma puta e fecho ele indo até a porta que já foi aberta pelo Murilo me encarando sério, olho pra ele com desdém e entro em casa passando por ele já subindo as escadas e eu escuto ele vindo atrás de mim com raiva.

Pipa: Tava na onde? - ele me segue até o quarto, me vê tirando a roupa e vai até o banheiro comigo - Me responde Luna.

Luna, o apelido que ele me deu, gosto de ouvir ele me chamando assim, mas odeio ouvir esse apelido saindo da boca dele quando a gente briga e ele começa a conversar comigo como se eu fosse voltar a falar com ele outra vez, e eu sempre volto.

Pipa: Me responde Luana - ele me vira e levanta o meu rosto, olhando para o meu nariz - Puta que pariu Luana, outra vez?

Eu sabia que não tinha limpado tudo, sempre fica as casquinhas brancas no meu nariz.

Pipa: Por que fez isso? - pergunta e eu continuo parada encarando ele sem dar nenhuma resposta - Vai se foder Luana, que encher o cu de droga, enche.

Por fim ele me solta e sai de dentro do banheiro, sei que eu tenho que falar as coisas pra ele, mas não sou obrigada a me abrir com ele, não sou obrigada dizer se eu uso ou deixo de usar.

Tomo o meu banho tranquilo e vou para o quarto colocando uma roupa básica para ir trabalhar, porque eu ainda iria, não estou com cabeça e vontade pra ficar olhando pra cara dele toda vez que ele voltar da boca.

Assim que eu terminei de me arrumar, desci as escadas e fui direto pra cozinha indo comer alguma coisa, minha barriga está vazia e eu também estou com fome, faço um pão com geleia com queijo e como rapidinho, subo outra vez pra escovar meus dentes e desço passando na sala pra pegar o meu celular.

Murilo estava ali na sala, assistindo o jogo e tomando coca no seu copo grande, pego o meu celular da tomada e saio de casa sem falar nada pra ele. Ando pela vila até chegar na principal e chamo o meu Uber que já estava a poucos minutos.

...

Amanda: Tu perdeu menina - ela diz assim que eu sento ali na frente, já que hoje a recepcionista tá de folga - Uma cliente veio aqui dizendo que queria arrumar o cabelo, mas ela não queria qualquer uma não, ela queria você.

Olho estranho pra ela e nego com a cabeça.

Amanda: Mas aí eu cheguei pra tentar acalmar as coisas e ela disse que não iria se acalmar - ela morde um pedaço do biscoito - Eu tive que me alterar com ela e dizer que você não estava e não iria vim.

Luana: Tu deveria ser advogada - dou um sorriso e ela começa a dar risada - Mas ela disse que vai voltar?

Amanda: Ela vai voltar daqui uns três meses - ela diz eu já saco que ela colocou aplique - Deixa eu voltar pro meu serviço, minha cliente já fez as unhas.

Amanda é uma das meninas que abre o salão pra mim, ela está comigo desde cedo, quando eu abri esse salão aqui ela já veio trazer o currículo e disse que também era dona de um salão de beleza, mas que perdeu para uma dívida do marido e hoje ela está sem salão e sem marido.

O dia passou bem devagar, e eu agradeci por isso, eu não estava afim de ver o Murilo tão cedo. Quando deu nove e meia, eu baixei as portas e comecei a andar até o meu ponto onde eu peço o Uber, e de longe eu pude ver o carro do Murilo de longe, o carro preto fosco no escuro.
Ele pisca o farol duas vezes pra mim e vem até onde eu estava, baixa o vidro e destrava a porta.

Pipa: Bora passar ali - ele diz e eu desvio o olhar olhando para o meu celular - Para de loucura cara, entra logo nesse carro.

O Uber tinha dado caro, e eu nem tinha chamado ainda, então eu entrei no carro dele e passei cinto. Murilo já veio pra cima de mim me beijando e cheirando o meu pescoço. Vacilei várias vezes fechando os olhos, mas mantive a minha postura até ele começar a rir e dar partida dali.

Luana: Quem é aquela morena? - pergunto sem olhar pra ele - Nem tenta desconversar não, eu tenho as mensagens aqui, mas ela mandou a foto com vizu única.

Murilo começou a rir alto, eu olhei bem pra cara dele e fiquei procurando a graça que eu não estava achando.

Luana: Para o carro - digo e ele continua dirigindo - Ok então.

Eu abro a porta do carro que estava em movimento e ele me puxa pra trás parando o carro com tudo.

Pipa: Tá maluca porra?! - gritou e eu só olhei pra ela com sangue nos olhos.

Luana: Quem.É.Ela? - perguntei com pausa e ele fechou a porta que eu tinha aberto e travou no automático.

Pipa: Deixa eu ver as mensagens que você recebeu - eu pego o meu celular ainda olhando pra ele e entrego na mão dele.

Murilo começa a rir assim que entra nas conversas, pego o meu celular da sua mão e ele pega o dele entrando na galeria onde só tinha foto minha dormindo e abre na mesma foto que eu havia recebido, assim que ele viu que eu iria surtar com ele, o dedinho dele arrasta pro lado e ali ele me mostra um vídeo onde ele estava dormindo e o amigo dele estava ali do lado com uma peruca e zoando com ele.

Pipa: Olha aí maluca - ele diz rindo e eu me solto dele.

Luana: Tu acha que eu sou burra, né? - digo pegando o celular da mão dele, arrasto o vídeo pra cima e vejo a hora e o dia, e realmente foi gravado ontem quase no mesmo horário que eu tinha ido na casa.

Pipa: Que isso hein Luninha, se mostrando ciumenta - ele me puxa pra perto e afunda o rosto no meu pescoço - Gosto assim, gosto de te ver brava, mas para de usar esses bagulho nega, sério mesmo, eu te amo, não precisa disso não, se quiser eu mesmo paro de usar meus bagulho pra te acompanhar nessa caminhada.

Olho pra ele pelo retrovisor vendo seu pescoço tatuado e passo a mão por ali e separo seu rosto de mim olhando bem nos olhos dele.

Luana: Pode continuar usando suas coisas, isso só foi uma recaída - digo e ele nega com a cabeça - Vai, me paga um lanche por que hoje não tô afim de cozinhar não, tô muito cansada.

Pipa: Bora comer um podrão dos bom - ele me dá um selinho e começa a dirigir rumo ao lugar.

Eu amo ele, e eu só consigo demonstrar assim, sendo maluca.