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LUANA 🎢

Faz uma semana que tudo aconteceu, eu ainda estou internada, ainda estou em observação por conta dos meus machucados. Meu corpo já está bem melhor em relação às dores, as manchas no meu rosto já sumiram por completo.

Posso dizer que eu estou "limpa".

Ontem quem veio me visitar foi o pressão, ele ficou um tempo comigo mas a real intenção dele era me colocar na linha com o Murilo, que já está em casa a muito tempo. Mas eu não falei com ele em momento algum, mas escutava o que ele dizia no outro lado da linha. Murilo me pediu desculpas do céu ao inferno, disse que não era a intenção dele e que não pensou na hora, dessas palavras e mais algumas que ele me disse, eu apenas dei risada, apenas neguei com a cabeça e desliguei o telefone na cara dele.

Eu já estou decidida, mesmo que seja difícil largar ele, eu vou fazer isso.

....

Última semana do mês e eu já estou fora do hospital, na verdade, eu recebi alta a alguns dias atrás. Amanda e Riquelme foram me buscar, e eu estava maluca querendo a minha cama e um banho decente.

Desde do dia em que cheguei aqui na favela, eu não vi a cara do Murilo, pelo o que fiquei sabendo, ele está no Paraguai resolvendo algumas coisas, e isso foi bom e está sendo bom pra mim.

Nesses dias em que eu estou fora do hospital, já abri minha antiga casa, dei uma boa faxina e já fui comprar os meus móveis, tudo chegou rápido, eu agradeci e agora voltei a morar sozinha. Essa casa me trás lembranças ruins, eu sofri muito dentro dela, mas mesmo assim eu quis voltar pra cá pra ser mais rápido, casa pra alugar nesse morro é muito difícil, o povo não fecha o contrato logo e a gente fica batendo cabeça atoa, então morar na minha casa antiga é bem mais fácil.

Riquelme veio morar comigo, mas ele disse que sempre que puder e eu deixar, ele quer ficar com o Murilo, quer passar o dia com ele jogando vídeo game, assim que ele comprar.

Eu super concordei e disse que ele não precisa me pedir, disse que ele pode ir ver ele sempre que quiser.

Agora eu estou em casa, em pleno domingo e fazendo um macarrão com salsinha ao molho. Hoje eu resolvi dar folga para todas as meninas, na verdade, vamos ficar em casa três dias, quero compensar elas quando eu não estava no salão.

Luana: Riquelme, vem comer! - grito mas não recebo nenhuma resposta - Riquelme?!

Parei de chamar ele e comecei a colocar a comida no meu prato e o dele eu deixei tampado em cima do fogão.

Saí da cozinha e fui até a sala tomando um susto com ele ali sentando no meu sofá, sem camisa e com a perna esquerda em cima da direita.
Revirei os olhos e respirei fundo indo até o outro sofá, me sentando ali e voltando a assistir o filme que estava passando na tv, mas a presença dele estava me deixando incomodada, eu estava me incomodando em ver ele ali no meu sofá sem mais e menos.

Pipa: Vai ficar calada mesmo? - ele inicia a conversa e a sua voz me deixa arrepiada por completo - Hein, Luana?

Não respondi ele, não estou afim e nem quero fazer isso.

Posso estar sendo muito criança agora, mas eu estou no meu direito, eu posso passar meses ou anos sem conversar com ele.

Pipa: Abre a boca Luana - ele senta do meu lado e segura no meu queixo, cruzando nossos olhos - Me responde Luna, tu some e não me fala nada.

Eu continuei calada na minha, apenas encarando ele sem vontade alguma.

É difícil ter que encarar ele, é difícil ter que colocar na minha cabeça que eu tenho que deixar ele de mão, mas isso não entra na minha cabeça, seu toque me faz vacilar, sua respiração na minha me deixa arrepiada, sentir ele ao meu lado me trás um sentindo de conforto e confiança, mesmo eu me sentindo muito incomodada com a presença dele nesse exato momento.

Pipa: Porra Luna - ele roça seus lábios nos meus - Tu quer isso mesmo? - fechei meus olhos sentindo nossas respirações ofegantes se misturando - Responde, eu preciso escutar sua voz...

Porra! Murilo me mata com isso.

Mas eu estou convicta com a minha decisão, até porque eu não nasci grudada nele.

Pipa: Vou te dar três dias - abro meus olhos vendo os dele me encarar até a alma - Nada mais que isso, moro?

Continuei calada e ele me soltou levantando do sofá e indo até a porta, quando ele passou por ela eu deixei o prato de lado e soltei toda a respiração que estava presa, comecei a fechar os olhos por conta da vontade de beijar ele, de dizer que eu o amo.

Esses três dias não vai ser fácil.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora