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LUANA 🎢

Eu voltei, faz um mês que nós voltamos e faz um mês que eu completei nove meses de gestação. Eu estou estável, digamos assim, mas o ponto não é esse, e sim sobre eu ter voltado com o Murilo.

Eu voltei com ele porque ele não saia do meu pé, depois daquele dia que ele dormiu na minha casa, ele começou a ir lá todos os dias, comprou um vídeo game para o Riquelme e dava essa desculpa de que ele tinha que ensinar o moleque a jogar, mesmo da sabendo.

Mas eu também não vou mentir, eu queria voltar com ele porque eu sentia saudades, sabe? Eu sempre amei o Murilo e sempre vou amar, mesmo a nossa reação sendo muito conturbada, com várias turbulências, eu o amo e sei que ele me ama também.

Amanda: Eu tô parecendo um  botijão - ela se olha na frente do espelho do salão e passa a mão na barriga - Não vejo a hora de nascer logo.

Sim, nós estamos trabalhando na reta final da gravidez, eu iria vim do mesmo jeito, mas eu pedi pra ela ficar em casa, afinal, Amanda tem mais risco de ganhar o bebê primeiro que eu. Mas ela quis ficar? Quis nada, tá aqui em pé, com os pés inchados e trabalhando duro, e hoje a bonita só está fazendo mega hair, o mais demorado.

- Vocês estão ansiosas? - a cliente dela pergunta - Já estão pra ganhar, estão felizes?

Luana: Eu tô feliz - digo descolorindo a última mecha do cabelo da minha cliente - Eu conto as horas.

Amanda: To maluca já - ela dá uma risada - Todo dia eu peço um menino forte, saudável e que seja paciente, que não chore muito.

- Ele vai vim assim - a mulher diz.

Eu terminei de envolver o cabelo da cliente na touca e mandei ela ficar ali na poltrona para o produto agir no cabelo, enquanto isso eu fui responder algumas mensagens e conversar com algumas clientes que esperavam sua vez para ser atendidas.

Passou alguns minutos e eu fui retirar o produto da minha cliente, Amanda ficou sentada na cadeira giratória passando a mão na barriga e fazendo uma cara estranha, não disse nada, mas fiquei palmeando cada gesto que ela fazia.

- Isso é começo de parto - a cliente me diz baixo e eu paro um pouco de esfregar a cabeça dela - Sua funcionária está prestes a estourar a bolsa.

Era disso que eu precisava, de uma confirmação.

Eu não sei se é verdade, até porque eu não sei dizer como é uma contração, mas a mulher é mais vivida que eu, tem mais filho que eu, então não vou ir contra a palavra dela.

Luana: Amanda, tá tudo bem? - pergunto vendo seus olhos vindo até mim, quase pedindo socorro.

Amanda: Tô, só estou com um mal estar - diz cravando as unhas no couro da cadeira - Vou voltar ao trabalho.

Luana: Tu realmente tá bem? - pergunto mais uma vez e ela só balança a cabeça confirmando.

Eu sabia que não estava, eu não sei porque ela não quer me falar o que está sentindo. Talvez até ela não saiba que vai ser mãe agora, talvez ela só deve estar achando que é uma cólica de gravidez normal.

Amanda: Nanda, pode vim - ela diz levantando.

Quando Amanda levantou, a água se espalhou por todo o lugar, molhou tudo, quem estava do lado começou a encarar e quem estava longe também encarava. Eu fiquei alguns minutos olhando tudo aquilo e logo a minha fixa caiu de que a bolsa dela havia estourado.

Amanda olhava tudo assustada, ela dividia os olhares para mim e para o chão que estava todo molhado.

Amanda: Porra... - é só o que sai da boca dela.

Saio de trás do lavatório e vou até ela pegando uma toalha e colocando entre as pernas dela. Seco ela toda é sento ela ali em alguma cadeira, peço para alguém me emprestar um carro ou chamar o Uber para mim, e a minha cliente me empresta o carro dela sem nem pensar duas vezes.

Luana: Aline, você sabe o que fazer com luzes - falo para a minha funcionária - Ela já está na segunda lavagem.

Pedi esse favor para ela e sai de lá junto com a Amanda que já estava gemendo de dor.

...

Amanda não quis que eu ligasse para o Elias, por ele não ser o pai, então quem vai assistir o parto dela sou eu. Ela já está aqui na sala de cirurgia por alguns minutos, por muito tempo ela fez força mas o neném não saiu, então o doutor pediu uma cesária urgente para ela não sofrer tanto.

Amanda: Luna, se eu morrer aqui agora, cuida do meu moleque - ela diz deixando as lágrimas caírem - Por favor.

Luana: Cala a boca, maluca - dou um leve tapa no braço dela - Tu vai sobreviver, tu é forte.

Amanda pegou na minha mão e as enfermeiras colocaram um pano azul na frente dela, e ali começou o processo da cesária, e não demorou muito para o filho dela ser retirado de dentro da barriga.

O choro fino ecoou por todo o local e quem cortou o umbigo umbilical foi eu, eu segurei ele no colo primeiro, devolvi para a enfermeira e ela colocou ele perto da Amanda, que estava toda molhada de tanto chorar.

Amanda: Te amo - ela beija a bochecha dele - Juan.

Entortei o rosto ouvindo o nome e ri comigo mesma, Amanda havia mudado o nome do neném bem na hora do parto, continuei rindo e ele foi tirado de perto dela para ir fazer os exames.

O doutor começou a dar os pontos e depois de horas ela foi mandada para o quarto, e ali eu já mandei ela ir tomar um banho e deitar na cama um pouco, eu tinha que voltar no salão para devolver o carro e passar na minha casa e na casa dela pra buscar as malas da maternidade.

E foi isso que eu fiz, me despedi dela e fui para o salão e do salão, eu fui para o morro, já indo direto para a minha casa e tomar um banho.

Pipa: Demorou hein - disse assim que me viu passando pela sala - Qual foi, tá assim eufórica pelo o que?

Entrei no banheiro tirando toda a minha roupa e liguei o chuveiro deixando a água cair na cabeça.

Luana: Amanda já ganhou o bebê - digo passando a mão no rosto, olhando para ele que me encarava assustado - É, foi de última hora.

Pipa: E porquê não ligaram? - respondi o que pra ser respondido e ele já telefonou pro Pressão que brotou aqui em casa em dois minutos com as malas.

Agora eu escuto choro de homem.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora