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LUANA 🎢

Murilo mandou um carro aqui pra casa antiga, e nesse carro eu e Amanda estamos colocando todas os presentes. Quem vai levar a gente é o mesmo vapor que buscou a gente no salão, então já tenho confiança nele.

O garoto ajudou a gente com as costas, ele foi deixando tudo no canto da sala, onde eu estava mandando ele deixar.

Amanda pra não ir andando pra casa já pediu uma carona e ele levou ela embora, agora já são nove e meia e o Riquelme ainda não votou pra casa, eu sempre coloco um horário marcado pra ele vim embora, mas tem dias que ele esquece e fica até tarde na casa do amigo dele ou na rua jogando futebol.

Mando uma mensagem para a mãe do amigo dele e peço para ela mandar ele vim embora, mas ela apenas me responde perguntado se ele pode dormir na casa dela hoje, já que está tarde e é perigoso ele voltar agora. Riquelme conhece a favela com a palma da mão dele, mesmo com nove anos de idade, ele sabe cada passo daqui desse lugar, mas mesmo assim eu não gosto de deixar ele na rua até tarde, principalmente pelo seu passado.

Então eu apenas mandei uma mensagem confirmando que ele poderia dormir na casa dela.

Deixo o celular de lado e vou direto para o banheiro já tirando a minha roupa, abro o registro e nem espero a água esquentar, só entro debaixo do jato com a cabeça e tudo. Fecho meus olhos sentindo um peso sair do meu corpo.

...

Já são duas da manhã e eu não consegui dormir, minha barriga nesses últimos dias está me atrapalhando muito para dormir, eu não consigo encontrar uma posição boa onde eu possa dormir tranquilamente, e quando eu encontro, eu acordo com vontade de ir ao banheiro ou sendo acordada pelos dois bonitos. Mas agora eu não consigo dormir por conta do Murilo, ele ainda não chegou em casa, ele ainda não me mandou uma mensagem ou me ligou.

Murilo sempre fez isso comigo, mas ele fazia isso no começo do nosso relacionamento. No começou, ele piava pra boca e não colocava a cara dentro de casa, mas naquela época eu nem ligava pra isso, mas agora eu ligo, e ligo muito.

Levanto da cama e caminho até a porta saindo do quarto e indo para a cozinha, entro no espaço e abro a geladeira pegando uma garrafa de água e bebendo no bico mesmos. Vou pra sala e me sento ali no sofá ligando a tv.

Fiquei ali por longos minutos até escutar o barulho do porão se abrindo, eu já sabia quem era só pelos caras não questionarem e barrar a pessoa.

Quando o Murilo entrou, o cheiro de cachaça e droga tomou conta do lugar, a porta foi fechada com força e eu olhei bem pra cara dele esperando ele me notar.

Pipa: Amor... - ele vem até mim com os braços abertos - Tava com saudades.

Murilo sentou do meu lado e me acolhei em um abraço, sua cabeça foi deitada nos meus peitos e suas mãos se encontraram nas minhas costas, fecho os olhos por conta do alívio em ter ele em casa mas logo abro eles sentindo um cheiro estranho, um cheiro de perfume feminino muito forte.

Fechei os olhos novamente, mas dessa vez prendendo a respiração por alguns minutos tentando me manter calma, eu não quero brigar agora com ele nesse estado, não quero passar raiva e ir pagar no hospital por conta disso.

Luana: Você está fedendo - saio do agarre dele e ele levanta a cabaça me encarando com a cara mas sínica possível - Vai tomar banho.

Levanto do sofá e vou direto pro quarto, deito na cama sem fechar a porta e me cubro até a cabeça, meus olhos já estão marejados, prontos pra deixar cair o que não deve.

Se ele realmente tiver feito isso comigo, eu juro que tudo o que temos, é acabado hoje mesmo, sem mais e menos.

Pipa: Amor, me ajuda aqui! - grita com a sua voz mole - Por favor, cara!

Penso em não ir, mas eu fui, cheguei no banheiro e comecei a tirar a camiseta dele, jogo ela no canto do banheiro e começo a ajudar ele esvaziar os bolsos, no esquerdo tinha somente um maço cheio de maconha, bic e algumas cedas, e assim que eu enfiei a mão no bolso direito da bermuda, eu puxei um pano fino até ver que era uma calcinha rosa toda enrolada.

Meu sangue ferveu na hora, a vontade de meter a cabeça dele na pia tomou conta de mim, mas eu apenas respirei fundo e fui empurrando ele até o chuveiro, mudei a estação para o gelado e deixei a água cair no corpo dele. Murilo começou a reclamar da água gelada, mas eu nem estava dando ouvidos para ele, tudo o que eu queria era matar ele aqui, matar ele afogado ou meter a bala no meio da cabeça dele.

Não tem nem como o filho da puta inventar alguma desculpa pra mim, o burro simplesmente deixou a calcinha no bolso e chegou fendendo a piranha!

Não tem como ele me dizer nada além da verdade!

Saio do banheiro indo pro quarto e pegando a minha coberta e um travesseiro, vou para a sala, abro o sofá por inteiro e me deito ali já deixando algumas lágrimas caírem, me repreendo por deixá-las caírem e apago a luz me cobrindo até a cabeça.

Murilo começou a me chamar de dentro do banheiro e eu não dei ouvidos a ele, apenas continuei do jeito que eu estava até pegar no sono, mas eu nem dormi muito já que o meu despertador tocou dentro do quarto.

Vai ser muito melhor eu ir trabalhar, do que ficar em casa olhando pra cara dele e arrumando briga perto do Riquelme, ainda mais em um domingo, onde Zé povinho não tem folga.

Mas assim que eu chegar do trabalho, eu vou embora dessa casa, vou sumir da vida dele e vou fazer questão de esquecer ele também.

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