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LUANA 🎢

Eu ainda estava em choque sobre a notícia que eu havia recebido, ainda não estava entrando na minha cabeça que eu estava grávida de quatro meses, eu fiquei feliz, tentei pelo menos. A minha vida é um caos, meus problemas são todos ruins, eu sempre tenho recaída com as drogas, e agora se eu tiver eu posso matar alguém dentro de mim, outra vez.

Meu coração aperta muito, eu não sei se eu sirvo pra ser mãe, eu não fui criada com amor e não sei espalhar o amor também, mas eu posso tentar, posso tentar aprender amar do jeito certo pela minha família.

Pipa: A gente tem que ir pra kennedy - ele diz depois de ter visto uma mensagem no celular - O cara já tá na salinha.

Ele veio até mim e me deu um selinho demorado, chamou Riquelme pra ir junto mas ele não quis, mas eu disse pra ele apenas tomar um banho e voltar depois. Com muito custo, ele foi, mas sem reclamar, Riquelme é uma criança obediente, gosta de ajudar. Eu admiro isso nele, gosto bastante.

Amanda: Luana, quem é esse menino aí? - viro o meu rosto para sua direção e vejo um sorriso malicioso nos lábios - Hm? Me apresenta ele.

Dou risada e ela ri junto comigo.

Amanda: É sério, eu mudo até de casa pra saber da procedência desse indivíduo - começo a rir mais ainda.

Luana: Tu é maluca... - nego rindo - Tu só mora em favela rival da minha, e agora quer ir morar na rival da sua, malucona - ela faz o sinal de silêncio e eu continuo rindo - Mas eu vou vê se ele é casado ou algo do tipo, vou falar com o Pipa.

Amanda: Eu vou é alugar uma casa lá pra mim - ela arruma a coberta - Assim as coisas ficam mais fácil.

Amanda é maluquinha, gosto dela.

....

Não consigo dormir, pra mim, eu ainda estou naquele lugar, ainda estou com medo de alguém entrar aqui e me machucar, machucar o meu filho. Parece que em algumas horas meu instinto de mãe já está ativado.

- Boa noite - a enfermeira entra ali com um sorriso no rosto - Está se sentindo bem?b

Ela vai até Amanda e começa a medir a pressão dela e arrumar o soro que ela estava tomando, a morena acordou por alguns segundos apenas pra responder algumas perguntas e volta a dormir de novo, a enfermeira vem até mim e começa e arrumar meus aparelhos.

- Vamos fazer um teste, vamos ver se você já pode ficar sem o aparelho respiratório - ela leva suas mãos até o fio de plástico e começa a tirar com cuidado - Vai incomodar um pouco.

Por fim ela tira de mim e eu já começo a procurar o ar desesperada e ela começa a me acalmar, e não demora muito para o ar entrar pelo o meu nariz aos poucos, relaxo ali na maca e ela faz mais algumas coisas ali e sai do quarto.

Eu tenho que dormir, tenho que fechar os olhos e descansar, mas eu não consigo, não consigo dormir sem ficar paranóica, minha mente está cansada, meus olhos estão doendo e meu corpo pede pra descansar, mas eu não posso, não consigo.

...

Os barulhos preenche o lugar e meus ouvidos, abro meus olhos aos poucos e vejo que eu já não estava mais tomando soro, olho para a minha mão e vejo apenas o pequeno curativo, solto um suspiro aliviada e logo sou preenchida por um abraço pequeno e caloroso, abro um sorriso olhando para baixo e vejo Riquelme ali, deitado em cima da minha barriga.

Riquelme: Quando você volta pra casa? - ele me encara com seus olhinhos pequenos e pretos - Murilo não cozinha bem não, a única coisa que sai boa é o macarrão.

Amanda junto comigo começa a dar risada, Riquelme estava sendo sincero no que estava falando, e eu sou a prova viva disso. Murilo nunca foi bom na cozinha, no máximo é um miojo, ovo e macarrão, mas mesmo assim sai tudo errado.

Luana: Volto assim que eu ficar bem - levo minha mão até sua cabeça - E para de reclamar da comida dos outros, tá maluco?

Riquelme: To mermo - ele sai de perto de mim e senta ali na poltrona - As coisas lá na kennedy tá muito bagunçada, peixe tá fodido.

Luana: Como assim? - franzo o cenho pra ele - Me diz, Riquelme!

Riquelme: No dia que você sumiu, Murilo chegou em casa com sangue nos olhos pedindo pra mim contar tudo pra ele - ele dá de ombros - Não sei o que aconteceu antes não, mas ele até me ameaçou com a arma na perna, tá maluco, mas eu contei e ele não discordou de mim ou me questionou, agora ele tá esperando o Peixe dar as caras na favela e agir na cautela, ele quer pegar ele no sapatinho, com calma pro plano não dar errado - ele termina de dizer e eu fico paralisada.

O que eu mais quis que acontecesse, aconteceu. Murilo abriu os olhos e os ouvidos, mais suspiros de alívio são soltos de mim, mais ar de liberdade e de um peso saindo das costas é bom de se sentir.

Luana: Porra - digo passando a mão no rosto e abrindo um sorriso ali - E o homem do sequestro, acharam?

Riquelme: Outro fodido também, Pressão tá com sangue nos olhos por conta daquele ali - mais uma vez entorto o nariz - Maluco matou a mulher e a filha dele, então ele quer pagar da mesma moeda, e tá pagando - olho para Amanda que me encarava com os olhos arregalados - Mas ele tá de boa, disse que tá com a cabeça leve.

A gente ficou ali conversando e logo ele teve que ir embora, afinal, ele é menor e o horário de visita já tinha acabo a tempos.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora