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LUANA 🎢

Depois de um dia cansativo no salão, estou aqui esperando o meu Uber chegar. Eu estou morta de cansada, quero apenas a minha casa e minha cama, quero tomar um banho e deitar assistindo a minha série, começo de ano não é fácil cuidar das coisas, o salão lota muito para manutenção de unha, cílios, depilação e cabelo, e isso é muito cansativo, mesmo eu sendo a dona do lugar e tendo várias funcionárias, ainda pesa para mim, pois eu não fico parada só olhando, quando não tem ninguém no caixa, eu estou lá, quando não tem ninguém na área das unhas, eu estou lá, e por aí vai.

??: Luana? - o homem do carro branco pergunta abaixando o vidro, balanço a cabeça em confirmação e confiro no celular pra ver se era realmente o Uber que eu estava esperando.

Luana: Boa noite - entro no carro dando um sorriso gentil.

Fecho a porta e encosto minha cabeça na janela fechando meus olhos.

...

Cheguei no morro e fui acordada pelo motorista, agradeço e saio do carro com a corrida já paga com o cartão de débito, me arrasto até a a berreira e passo pela contenção vendo alguns homens com fuzis na atividade e vários jogando baralho ou dominó.
Passo acenando com a cabeça e caminho até os moto táxi, eu não iria caminhar até a minha casa não, tô muito cansada e a casa é longe demais.

Luana: Fica quanto pra tu me levar até minha casa? - pergunto para o carinha que sorriu junto comigo.

??: Vou te cobrar nada não, hoje eu escapei da invasão que teve - ele diz e eu arregalo os olhos - O povo da nova aliança atravessaram o morro e invadiram tudo, por sorte todo mundo tava na atividade.

Luana: Que horas foi isso? - pergunto subindo na moto já tirando o sorriso do rosto.

??: De tarde, foi maior k.o - ele da partida dali - Os cara vieram na maldade, mas acho que tá tudo resolvido já que não saiu ninguém morto ou baleado.

Luana: Não saiu ninguém ferido? - pergunto e ele confirma com a cabeça.

??: Não, se eu não me engano alguém tomou um tiro de raspão - quando dei por mim a gente já estava de frente a minha casa, eu nem tinha visto que ele cortou caminho - Tá em casa dona.

Desço da moto e agradeço entrando em casa, falo com alguns carinhas que estavam ali na frente e fecho a minha porta, deixo a minha bolsa pendurada no lugar de sempre e tiro meu sapato colocando meu chinelo que estava ali do lado, vou pra cozinha e abro a geladeira tomando um pouco de água.
Minha casa não é grande não, mas é arrumada e confortável, em compensação com as outras casas, acho que só é maior com dois cômodos a mais que as outras, mas nada exagerado ao ponto de parecer uma mansão.

Saio ali da cozinha e subo as escadas indo direto pro quarto já tirando a minha roupa, pego a minha toalha e vou para o banheiro deixando a água quente cair em cima de mim, me lavo e lavo o meu cabelo e logo saio colocando um short mole e uma blusa qualquer, passo meus cremes e desço pra sala me deitando ali no sofá.

Murilo não está em casa ainda, e eu nem estranho mais, já que ele passa a metade do tempo dele tomando conta da favela, e como hoje teve essa tal invasão creio que ele vai ficar mais tempo fora de casa.

As horas foram passando e a minha novela já tinha acabado, peguei meu celular e mandei uma mensagem só pra saber onde ele está, e o filho da puta só visualizou e não me respondeu, ali um pequeno ódio já tomou conta do meu corpo, eu não sou desse tipo de mulher ciumenta. Claro, eu sinto ciúmes como qualquer outra, mas eu não demonstro e não gosto disso, mas o Murilo gosta de me testar.

Alguns minutos depois eu recebi uma mensagem de um número restrito, achei estranho e abri a foto de exibição única, e assim que eu vi era ele com uma mulher com a mão dele na cara dela, de longe eu vi que ele tinha os olhos fechados e o outro braço enfaixado.

Levantei do sofá e comecei a caçar um cigarro de maconha pra me acalmar, achei e comecei a dar tragadas fortes e longas soltando a fumaça com raiva, cerrei bem os olhos e gravei bem os detalhes daquela mulher já que eu não iria conseguir tirar um print da foto.

Luana: Filho da puta! - deixo o celular ali em cima do sofá e subo as escadas pulando degraus.

Entro no quarto e deixo o baseado na boca enquanto coloco uma blusa de frio, saio do quarto e desço as escadas pegando o meu celular e dando de cara com um dos vapor.

Luana: Ta de moto? - pergunto e ele só confirma sem entender - Me empresta ela? Não vou demorar e nem zoar ela, te juro.

Ele ficou me encarando por um tempo sem entender, mas logo me entregou a chave da moto e eu fui até a mesma montando, joguei a bituca do cigarro longe e dei partida ali, lembrando da foto eu sei bem onde ele tá.

...

Desço da moto e estaciono ela bem pertinho da casa, coloco a chave no bolso e começo a caminhar até a porta devagarinho, e ali eu só estava escutando barulho de televisão ligada e nada mais, sem mais delongas abri aquela porta com tudo e vi ele ali no pequeno sofá deitado e com o celular na mão, olhei bem pra cara dele que me encarava sem entender e eu comecei a andar de um lado para o outro procurando alguém ali dentro e eu não achei ninguém.

Pipa: Qual foi maluca, tá fazendo o que aqui? - pergunta e eu só taco o que estava na minha frente na cara dele.

Luana: Maluca?? - chego mais perto dele que me olhava com os olhos arregalados - Quem era a puta que estava aqui? Responde Murilo!

Ele se levanta do sofá e começa a me encarar sério, e eu comecei a peitar ele sem medo algum.

Luana: Vai ser assim? - pergunto e ele não me responde - Me responde filho da puta!

Na raiva eu bati no peito dele com as minhas duas mãos com toda a minha força, fazendo ele ir para trás. Murilo no automático me jogou longe fazendo eu bater minhas contas na quina da mesa, cerrei bem os olhos pra ele e parti pra cima dele dando murros no peito dele e no braço enfaixado.

Pipa: Para caralho! - gritou me segurando pelo pescoço - Tu tá malucona, usou o que? Pó?

Luana: Vai se foder, eu não preciso estar drogada não - tento sair do agarre dele mas nada.

Pipa: Se liga caralho, para de tentar dar uma de louca e vai pra casa - começo a me debater mas ele me joga contra a parede - E não tinha ninguém aqui comigo não, mesmo se tivesse, eu seria homem o suficiente pra contar pra tu, e você sabe que eu não curto trair porra!

Luana: É tão homem que quem me contou foi a própria - digo passando a mão no meu pescoço e indo pra porta - Vai se foder Murilo, fica com as suas puta aí que eu vou pra minha casa.

Pipa: Que casa? - pergunta e eu nem respondo, só monto na moto e volto pra casa vendo que ele estava ali na frente tomando conta, desço da mesma e entrego pra ele.

Eu nem penso em entrar em casa, já vou pegando outro caminho e vou andando até a minha casa, minha antiga casa.

Lá eu tenho alguns móveis ainda - um colchão e uma cômoda -, caminhei até lá e tive que pular a janela já que eu estava sem a chave, o cheiro de mofo entrou no meu nariz de imediato, eu preciso tirar um tempo pra vim limpar essa casa e colocar pra alugar de novo.

Vou até o meu antigo quarto e acendo a luz indo até a cômoda e pegando mais um cigarro de maconha e um pino, fumo meu cigarro só sentindo meu celular vibrar no bolso, depois de ter fumado penso bem em usar o pó, e por fim, acabei usando, cheirei aquele pino inteiro e limpei o meu nariz guardando o potinho.
Deito ali no colchão e me encolho perto da parede e fecho os meus olhos, dormindo sem ao menos apagar a luz.

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora