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Murilo Silva ³⁰

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Murilo Silva ³⁰

Nasci no mundo do crime, vi e vivi o que meu pai viveu, eu não sou herdeiro não, meu pai era um simples vapor aqui do morro, mas era o vapor respeitado e tinha a confiança do ex dono daqui.
Anos depois eu comecei a comandar isso aqui junto com ele, o legado ficou pra ele assim que o dono viu que estava ficando nas últimas, mas ele não aceitou tomar conta disso tudo não, então ele pensou em passar o cargo para outros cara do morro que também eram vapor, mas Pimpolho me escolheu e eu aqui eu estou, sendo o dono da Kennedy e com os dois enterrados no cemitério dos crias.

Eles morreram na covardia, o amigo mais próximo deles meteu a faca nas costas dos dois de uma vez só, e ali tudo aconteceu, eu estava em missão com outros caras fora do país, e quando eu fiquei sabendo o que tinha acontecido, voltei do Paraguai o mais rápido que pude, a favela estava o caos, tudo fora de ordem, morador morto na rua e vários soldados mortos com os fuzis na mão. Cena feia pra caralho, quando eu cheguei na salinha principal, vi os dois ali todo acabado, sozinhos com a respiração pesada pra caralho, eu tenho a fala do meu pai até hoje dentro de mim.

"Nessa vida rasa, sempre vai ter um tentando te apunhalar pelas costas, se for confiar em alguém, abre um olho e fecha o outro, nunca se sabe o que pode acontecer com você, aquele homem que você chama de irmão, pode estar preparando uma pra você."

E depois daquilo ele me pediu para atirar nele como um homem, não como filho, ele não queria viver depois daquilo, fiquei pilhado dizendo que não e ele insistiu me encarando nos olhos, sem escolha nenhuma tirei a vida do meu pai ali na hora, Pimpolho disse que eu era homem de verdade, disse que me admirava como admirava o meu pai, e ali eu tive o título do dono da favela e por fim ele me fez o mesmo pedido que meu pai. Eu tirei a vida dos dois mais respeitados da favela, mas depois daquilo tudo mudou, eu enterrei eles com dignidade de um homem e sai na favela dando o aviso de que eu era o novo dono daquele negócio todo, e que a partir dali tudo iria mudar.

O tempo foi passando, eu fui ganhando respeito e logo eu estava em paz, minha favela estava em paz e não tinha nada contra ninguém. Quem me ajudou a crescer foi o meu irmão da lama, o irmão que sempre estava comigo na boa e na ruim.

Eu vivi e vivo bem com tudo, mas quando comecei a reparar na maluca da Luana, minha vida virou de cabeça para baixo, mas não para algo ruim, e sim para algo bom. Luana sempre foi batalhadora, eu sempre via ela com problemas dentro de casa e com problemas na rua também, quando seus pais morreram na ponta do morro, ela nem foi lá ver e se lamentar, pelo ao contrário, ela se arrumou e começou a trabalhar na noite como puta nas baladas.

Eu tinha o maior respeito por ela, Luana nunca fez nada dentro do morro, nuca brigou com alguém ou machucou alguém, pelo ao contrário, ela usava seus bagulhos e ficava na dela, na briza dela sem incomodar alguém.

Então eu vendo tudo aquilo ali, fui criando algo por ela, toda vez que eu via ela no baile eu tinha que ficar de olho nela, eu ficava maluco só de ver ela dançando sozinha e os homens tocando o corpo dela, Luana tem seus histórico de abuso por ai, e eu acho que por isso, ela nunca fez nada com isso e nunca brigou com os homens.

Cansado de ver tudo aquilo, me aproximei dela e comecei a soltar uns papo de colocar ela no meu porte e os caralho, mas a única resposta que eu recebi foi uma risada, risada não, gargalhada na minha cara, mas eu não aceitei legal não, eu comecei a proibir a saída dela toda noite que ela ia trabalhar, comecei a seguir ela nas ruas da favela e ela nem tchum pra mim, mas depois de muito tempo ela cedeu e se entregou pra mim de corpo e alma, com a alma eu não sei, mas com o corpo ela se entregou por completo.

Luana sempre deixou claro pra mim que não se importava se ela era a dama da favela ou a minha mulher, mas ela iria trabalhar com o dela e não iria depender de mim para nada. Eu concordei e disse que ajudaria apenas ela começar com o seu salão de beleza que é no asfalto, ela concordou e assim foi.

Hoje depois de cinco anos ela tem o salão dela e ganha o seu dinheiro, eu continuo com a minha favela e nada atrapalha a nossa vida.

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