Malucos

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LUANA 🎢

Eu estou cansada, meu corpo está exausto, mas com essa exaustão eu estou me sentindo mais leve. O peso que eu carregava, saiu de mim, agora eu posso dormir virando para os lados, posso levantar e amarrar o meu tênis. Eu não estou agradecendo por ter me livrado da barriga, mas estou agradecendo por voltar a ser como era antes.

Minha filha é linda, ela é a minha cara, tem a cabeça cheia de cabelo, seus fios são pretos como a noite, assim como o meu, ela veio bem branquinha, assim como eu também. O rosto é totalmente do Murilo, ela está misturada, a aparência é minha mas a fisionomia é dele. Falando no Murilo, ele não para de me ligar, toda hora quer saber se eu comi, se eu tomei banho, se troquei de roupa ou se andei pelo hospital, ele só não está aqui comigo por que apareceu uma reunião de última hora pra ele ir em angra dos reis, ele até pensou em negar, mas não pode já que quem vai estar lá são os donos e vice dos morros aliados.

Riquelme não pode ficar aqui por ser menor, então ele só vem em horário de visita junto com alguém, Amanda disse que vai vim aqui, e quando vim vai trazer ele para me visitar. Riquelme ficou maluco com a irmã dele - foi como ele batizou ela -, a todo momento alisava o cabelo dela, a todo momento verificava quando as enfermeiras estavam aqui para falar sobre a Glenda, tudo que se era feito com ela, ele estava ali do lado, e antes de ir embora, ele disse algo para ela que ficou preso na minha mente.

"A Partir de hoje, eu sou o seu irmão mais velho, e por isso eu prometo que sempre vou te defender do mundo lá fora, tô te mandando um papo de irmão, mesmo você não entendendo nada, eu te prometo isso"

Glenda ficou o tempo todo encarando ele com os olhos arregalados, parecia até que ela estava entendendo o que ele estava dizendo para ela, mas depois da promessa que ele fez, um beijo foi depositado na cabeça e ele se despediu de mim indo embora com o Murilo.

De agora em diante, eu prezo para a minha família ser unida, prezo para as minhas brigas com o Murilo cessarem, prezo para tudo ficar em paz como está agora.

Eu só peço isso!

...

1 semana depois

Hoje é o aniversário do Riquelme, tudo está corrido, hoje eu já amanheci o dia brigando com o Murilo, a gente quase saiu nos tapas, quem livrou isso foi o choro da Glenda pedindo leite. Eu estou exausta, e dessa vez é de um modo ruim, parece que depois que eu saí do hospital tudo ficou fora dos trilhos.

Luana: Riquelme, vai até a dona Jô e pergunta se o bolo vai demorar pra ser entregue - fui até o quarto dele.

Riquelme: Vou lá, quer que eu já levo o dinheiro? - ele sai de cima da cama deixando o celular de lado e veio até mim - Lua, você tá bem? Ta com a cara muito pálida, não quer deixar essa festa pra outro dia? Vamos comemorar só a gente mesmo, não faço muita questão disso.

Fecho meus olhos por alguns segundos e respiro fundo prendendo a respiração, eu não queria estar fazendo essa festa aqui dentro da favela, eu não queria estar acabando com o plano que tinha feito para esse dia, eu não queria estar dentro dessa casa nova sem ao menos estar feliz.

Eu estou muito confusa.

Luana: A gente vai fazer hoje - abro os olhos voltando a falar com ele - Leva o dinheiro, enquanto você vai lá, eu vou arrumar tudo aqui, e se ela não entregar o bolo agora, pode vim embora.

Entreguei o dinheiro enrolado pra ele e sai da porta do quarto dele dando um beijo no topo da sua cabeça. Desci as escadas e dei de cara com a minha filha ainda dormindo ali no sofá, fui direto para a cozinha e comecei a fazer os docinhos, que no caso seria o brigadeiro e o beijinho, nada muito chique, mas dá escolha do Riquelme.

Riquelme: To indo lá - gritou e logo o barulho da porta se fechando ecoou pela casa.

Peguei o meu celular e coloquei a minha playlist pra tocar enquanto faço as coisas. Comecei embalando as lembrancinhas, colocando tudo na embalagem verde do Ben10.

Pipa: Vai falar comigo ou não? - entrou pela porta da cozinha e cruzou os braços ficando na minha frente - Luana, eu tô falando com você.

Luana: Meu coração é mais frio, no inverno... - cantei baixo o pedaço da música que estava tocando.

Pipa: Porra Luana - pegou no meu braço virando - Me responde caralho.

Eu não abri minha boca pra falar um a, só fiquei olhando pra cara dele vendo o mesmo começar a ficar com raiva.

Pipa: Me responde porra! - me prensou no fogão - Vai ficar nessa do gato comeu a língua? Tu surtou do nada hoje de manhã, ficou maluca - continuou me apertando - Solta o papo pra mim, na moral mesmo, eu não te entendo, te dou de tudo, casa filho... - soltei uma risada irônica - Qual foi, vai negar?

Luana: Não vou negar não, mas eu não te peço nada disso - digo tentando te soltar - Mas já que é pra ficar jogando na cara, deixa eu começar a falar aqui...

Pipa: Se liga Luana - um tapa foi solto no meu braço - Hoje é aniversário do nosso filho, e tu fica aí nessa, gosta de estragar tudo que tá bom

Luana: Eu? - ele balançou a cabaça - Da licença, não vou ficar aqui ouvindo isso não, vou sair.

Pipa: Tu não pode sair não, vai fazer as coisas como? - ri mais uma vez.

Luana: Eu sei do meu horário - sai do agarre dele e passei pra sala saindo direito, sem nem pegar a minha filha no colo.

Eu comecei a andar pela favela vendo as crianças, novinhas caindo no papo de marginal e tias fofocando na rua.

Luana: Ei, menino! - chamei o menino que estava de bicicleta e logo voltou.

- Fala ai tia - derrapou o pneu da bike.

Luana: Pode comprar um negócio pra mim? - ele assentiu - Mas ó, não conta pra ninguém, moro?

- Moro tia, mas eu vou querer um lanche em troca - balancei a cabeça e dei uma nota de vinte pra ele.

Disse onde eu iria estar e ele saiu dali pedalando no doze, comecei a andar para o lugar e logo cheguei esperando ele ali. Eu sei que não posso fazer isso, mas eu preciso.

Eu preciso esquecer e ficar leve hoje.

Pelo menos hoje.

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voltei e peço desculpas por ter sumido.

mas eu decidi mudar a data de publicação, agora eu vou fazer assim, irei soltar capítulos quando me der na telha, pois eu estou com os dias corridos, então não consigo ficar postando como antes.