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PIPA 🪁

Eu não dormi, não consegui, mas assim que eu vi o céu ficar claro já mandei mensagem no grupo e pedi pros moleque já irem se preparado, o plano não era ir hoje, mas eu não aguento mais, não posso deixar Luana lá sem saber o que ela está passando.

Levantei rápido da cama fui tomar um banho, coloquei uma calça jeans, meu colete e minha blusa da nike preta ali por cima, coloquei as pistolas na cintura e já preparei meu fuzil, deixei tudo no esquema, Riquelme acordou e já foi se arrumar, coloquei um colete nele e a gente saiu dali de casa já vendo um dos carros ali parado.

Entro no banco da frente vendo que quem estava no volante era o pressão e faço o toque com ele, no banco de trás tinha mais cinco nego, o carro é tamanho familia, então cabe de boa.

Pipa: Cadê o resto? - o carro começa a andar

Pressão: Tão tudo na entrada da favela já, todos preparados - diz e eu balanço a cabeça.

São seis da manhã, quero chegar lá o mais rápido possível, quero pegar o filho da puta logo, matar a minha sede.

...

O caminho só dá mato e barro, os vidros já estão todos sujos, mas isso não me impede de vigiar tudo do lado de fora, Riquelme tá dormindo, tá cansado pra caralho, já são dez e quarenta, tá tarde pra caralho, mas eu vou resgatar a minha mulher.

"Qualé patrão, tamo a vinte minuto do..."

Barulho de tiro é solto, e não está muito longe daqui não, já arrumo o fuzil com os caras e abro uma brecha de todas as janelas, a gente já ficou ali na atividade, todo mundo com os radinho ligado se comunicando. Depois de vinte minutos rodando a mata, a gente parou, como o meu carro era o terceiro, não estava vendo quase nada.

Pipa: Qual foi, paramo por que? - acionei o radinho e não tive resposta nenhuma - Fala caralho!

"Qualé chefe, Luana tá no portão com uma outra mulher.."

Meus olhos já se arregalaram e eu me preparo pra sair, mas pressão não deixou.

"Ela tá pelada, as duas tá só de calcinha e com uma arma na mão, papo de que estão sangrando muito, principalmente a Luan..."

Sem pensar muito já saio do carro correndo o lugar, já comecei a escutar os moleques correndo atrás de mim, quando cheguei na frente do primeiro carro, olhei pro portão e vi Luana ali, com a arma na mão apontada pro portão e com os olhos quase se fechando.

Ela tava toda fodida, com o rosto machucado e com as pernas... Porra, Luana tá baleada na perna e na barriga, tá perdendo sangue pra caralho. Olho pra amiga dela que está segurando minha mulher e chego mais perto com o fuzil apontado.

Pipa: Vai pra trás! - grito e ela se mexe com a Luana quase morta nos braços - Vamo estourar o portão!

Dois dos meus homens foram andando na minha frente, ficaram de frente o portão e começaram a meter bala pra quebrar os cadeados, assim que estourou eu já corri pra dentro do lugar com os moleque e fui em direção as meninas.

Pipa: Caralho, Luana... - peguei ela dos braços da morena - Não dorme, fica comigo, fica comigo porra!

Deitei ela ali no chão e comecei a tirar minha blusa pra colocar nela, quando eu dei por mim, pressão tava do meu lado cobrindo a outra garota. Meu sangue tava fervendo, eu tava cego de raiva.

Luana: Ele tá baleado... - diz com a voz fraca - Se eles forem reto... vão conseguir pegar ele...

Pipa: Quero que andem até o achar o filho da puta! - gritei no radinho -  Quando pegar, coloca no carro amarrado e leva pra favela, quero ele na salinha - olho pro pressão que tava do meu lado, ajudando a menina - Não toquem nele, ele vai morrer do jeito que merece, moro?

Recebi as respostas e levantei Luana que estava quase fechando os olhos, ela não pode dormir, eu não posso perder ele aqui, não posso perder ela hoje, não agora!

Pipa: Você vai comigo - digo pro pressão que tava com a Amanda nos braços - Assim que os caras levarem ele pra favela, você vai terminar o que queria.

Ele só faz um jóia com a mão e começa andar até o carro que a gente veio, abri a porta de trás acordando o Riquelme que já pegou a faca de serra dele, dei um tapa na cabeça dele de leve e mandei ele passar pra trás e deitar os bancos, deitei Luana ali e Amanda ficou do lado dela, abraçada e pedindo pra ela não dormir e ficar ali com ela.

"Qualé chefia, o desgraçado tá escondido"

Meu radinho dá sinal e eu bato a porta entrando na banco do passageiro, olho pro lado vendo o pressão girando a chave e saindo dali cantando pneu e levantando poeira.

Pipa: Se o filho da puta quer brincar de esconder, procura ele - digo puto no radinho - Quando achar, tortura, mas não mata!

Jogo o radinho ali no painel do carro e olho pra trás vendo Luana já sem forças alguma.

Pipa: Porra Luana! - grito batendo no painel - Não dorme caralho! Não dorme! - pulo pro banco de trás - Qual foi Amanda, tem o que dentro daquela casa?

Amanda não me respondeu de imediato, demorou pra caralho, ela tava com medo, tava trêmula, mas depois de ter gritado com ela pra caralho ela começou falar:

Amanda: Eu não sei muito, mas tem um espaço subterrâneo onde a gente ficou, e no andar principal perto do banheiro tem um quarto cheio de armas, eu não vi nada, mas foi lá que Luana pegou a espingarda e a pistola - ela diz e eu só balanço a cabeça - Deve ter mais coisas lá dentro, mas eu não vi nada, quem mais prestou atenção foi Luana.

Luana não tava em condições de falar porra nenhuma, tava morrendo nos meus braços, tava ficando pálida já.

Pressão: Postinho ou hospital? - sua pergunta entra na minha mente eu nem penso muito.

Pipa: Hospital de sempre.

...

Tava ficando maluco já, tava pilhado com a cabeça cheia, pronto pra dar tiro no primeiro que aparecer perracando na minha.

Tô aqui dentro desse hospital mais de uma hora, entrei pelos fala pra não dar brecha pros caras pegar a minha cabeça, a amiga da Luana tá no quarto já, elas vão ficar no mesmo lugar. Pressão tá aqui comigo, roendo as unhas esperando os cara mandar mensagem avisando que acharam o filho da puta, ele quer matar ele, quer fazer tudo o que ele fez com a família dele.

Riquelme: To com fome - sai do banheiro e coloca a mão na barriga.

Amanda: Come ai, só tá sem sal - ela aponta pra marmita que o hospital deu.

Riquelme agradeceu e começou a comer a sopa se deliciando, neguei fechando meus olhos, deitando minha cabeça nos joelhos e pensando na Luana, mulher tá na sala da cirurgia a horas e ninguém me fala nada, ninguém vem aqui me dar uma satisfação.

Eu tô ficando maluco já!

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora