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PIPA 🪁

Fiquei cego, meus ouvidos tamparam e eu não estava escutando mais nada além de ruídos, e um tuim dos inferno infernizando a minha mente.
Eu dirigia aquele carro sem rumo algum, na verdade, eu só queria chegar em casa e meter uma bala na cara da Luana, eu queria matar ela a sangue frio.

Eu posso sim ter visto coisas, como ela mesmo me disse, mas mesmo assim não justifica ela ficar de papo com outro homem, não justifica ela ficar dando trela pra outro com a porra da aliança brilhando no dedo dela, nada justifica!

Luana é filha da puta, pra ela se livrar da surra e da morte ela inventa o que for preciso, então pra tirar o dela da reta começou a inventar que eu cheguei em casa fedendo a puta e com uma calcinha no bolso. Porra, eu posso sim ter chegado com cheiro de mulher, mas com uma calcinha no bolso, jamais.

Tudo o que fiz ontem de noite foi sair com pressão, fui até uma social cheia de playboy, mas em momento algum eu dei ideia pra puta, em momento algum eu enfiei meu pau em qualquer buraco ou meti minha boca em lugar sujo.

Mas Luana foi moleca, ela ficou de papinho com um cara sem camisa no meio da praia, ficou de trelele com um filho da puta qualquer!

Eu vou matar ela!

Luana: Murilo, cuidado! - ela grita assim que vê uma caminhonete vindo na nossa direção.

Agarrei o volante com mais força e começo a virar o volante pro lado esquerdo, tentando sair da mira do carro que estava na minha frente, mas não adiantou de nada, a caminhonete bateu com tudo na lateral do meu carro, pegando em cheio o meu lado.

O carro começou a capotar e eu subo e desço, batendo minha cabeça no teto do carro, minha testa ia e vinha no painel, meus braços estavam cheios de cacos de vidro, minhas pernas estavam se amassando no para-choque do carro, eu estava ficando todo quebrado. Quanto mais o carro capotava, mais eu sentia alguma coisa entrando em mim, mais eu sentia meu coração se disparando dentro do meu peito, mais eu pedia para o carro parar, mais eu pedia para minha filha e minha mulher ficar bem.

Por fim, o carro parou, o barulho da fumaça saindo tomou conta do lugar, eu tentava me mexer mas eu não conseguia, minha cabeça estava imóvel, eu estava imóvel, eu não podia me mexer ou abrir a boca pra chamar o nome da Luana.

Não demorou muito e gritos do lado de fora começou a entrar nos meus ouvidos, eu conseguia escutar pessoas mandando outras chamarem a ambulância e o corpo de bombeiros, mas homens começaram a tirar nós dois de dentro do carro.

Eu comecei a ser arrastado pra fora daquele carro, eu fechava meus olhos por conta da dor no meu corpo, eu fechava os olhos por conta da dor em meu peito, eu só queria ver a minha mulher, só queria saber se ela e minha filha estava bem, era só isso que eu queria saber!

- Rapaz, tente ficar acordado - mãos enrugadas tocam o meu rosto e eu rolo meus olhos vendo um senhor na minha frente - O SAMU já está chegando, não dorme!

Não dorme..

Ele ficou segurando minha cabeça o tempo todo, a todo momento ele ficou ali comigo, meus olhos dançavam todo o local procurando Luana, eu já estava angustiado de não estar vendo ela ao meu lado.

- Deixa ela aqui! - o senhor grita e eu já fico em alerta - Coloque ela do lado dele.

- Meu deus, ela está grávida... - escuto uma voz feminina e já começo a sentir minha respiração pesada.

Volto a olhar tudo em volta e vejo sua mão perto da minha perna, vejo seus pés descalço perto dos meus. Eu quero toca-lá, quero sentir sua pele na minha, quero sentir ela em mim, sua mão na minha.

Eu quero sentir minha mulher outra vez.

...

Já faz horas que eu saí da cirurgia, faz horas que eu estou olhando para o teto esperando alguma notícia da Luana e da minha filha, mas nada é dito, nada é falado além de mandarem eu comer alguma coisa.

- Murilo? - pela décima vez escuto a voz da enfermeira - Você vai ser levado para o quarto.

Eu não via a hora de sair dessa UTI e ir para o quarto, mas nada sai da minha mente a Luana.

Pipa: E a minha mulher? - pergunto sério e ela nega com a cabeça - Fala porra, eu tô foda-se se eu der um ataque cardíaco aqui!

- Luana ainda está na cirurgia - ela diz manobrando a maca - Não está sendo nada fácil por conta da criança, mas não é nada impossível.

Que porra!

A enfermeira só fez eu ficar com a mente a milhão, eu comecei a ficar pensando na minha filha, ela não pode morrer, nenhuma das duas poderiam morrer, não hoje!

Flashback

Acabei de brigar com o Peixe, filho da puta além de roubar meu lugar na boca, roubou a minha arma. Maluco tá de graça com a minha cara, marolando legal!

Pipa: Morre, seu bosta! - grito passando o fuzil nas costas e saindo do beco.

Pisando o pé fora do beco, dei de cara com o meu pai me encarando com os olhos cheios de ódio, tenho certeza que ele já recebeu o radinho.

Noca: Que porra é essa, Pipa? - cruza os braços - Tu tem que ser exemplo maluco, peixe é calouro nesse mundo, se ele roubou suas coisas, cobra ele pelo certo, agora ficar trocando murro igual duas maricas é feião!

Pipa: Ele que se foda! - grito já sendo repreendido por um olhar - Eu quero que ele morra, e quem vai matar vai ser eu!

Noca: As palavras tem poder - ele aponta o dedo na minha cara - E se você não matar, a vida vai.

Flashback off

As palavras tem poder, e eu disse que iria matar ela, disse e desejei matar ela a sangue frio sem pensar em nada.

"Se você não matar, a vida vai"

Se eu não matei, ninguém mais vai!

Luana não vai morrer, nem ela nem minha filha!

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até amanhã 😘

MalucosOnde histórias criam vida. Descubra agora