Malucos

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PIPA 🪁

Porra, Luana é uma filha da puta. Ela disse que iria sair e que rapidinho já estava em casa, o caralho, maluca tá fora de casa até agora. Pensei em ir na penha buscar ela, mas tô enrolado na favela resolvendo uns problema, mas quando essa puta chegar, ela me paga.

Já enchi o celular da maluca de mensagem, mas nenhuma foi vista, a safada usa o modo lá pra não mostrar o azul, e agora eu não sei se ela viu ou não, tá de palhaçada com a minha cara, só pode!

Riquelme: Lua tá demorando - chama ela pelo apelido que ele deu - Ela falou que ia me levar pra tomar um açaí, e até agora nada.

Pipa: Pode esquecer esse teu açaí - disse pegando a minha arma e colocando na cintura - Tô indo pra boca, se for sair, tranca a porra da porta.

Pego a chave da minha moto ali na parede e abro a porta saindo de casa, monto da mesma e subo pra boca principal já vendo os moleque brincando e gastando uns com os outros.

Não precisei dizer nada, só dei uma olhada pra eles que piaram dali rapidinho. Hoje eu não tô bem não, então se um vim puxar assunto comigo vou meter bala na cara, tô foda-se hoje.

Pressão: Porra... careca foi solto - ele diz fazendo um barulho com a boca - Os cara ta atrás, ninguém tem sinal de vida dele, alguma coisa tem.

Olhei bem pra cara dele que me mostrou uma foto do cara na tela do celular, que estava toda fodida.

Pressão: Se eu pegar esse cara, eu mato ele - ele diz tragando o cigarro - Devia ter brotado na penha ontem, iria pegar ele na mira.

Pipa: Qual foi desse cara ai? - pergunto sem muita importância e e ele da de ombros jogando o celular na mesinha.

Pressão: Maluco paga de maluco - ele diz boladão - Mas pra cima de mim não, cara é covarde, só parte pra cima de mulher, principalmente dos outros - me encara - A cabeça dele vale em todas as favelas, maluco é infiel com todo mundo, pique o...

Ele para de falar e desvia o olhar do meu, cerro o olhar pra ele e puxo o cigarro da sua mão, dando uma tragada.

Pipa: Pique quem, Pressão? - solto a fumaça pro lado - Diz caralho, pique quem?

Pressão saiu dessa com três branquelas vindo procurar pó.

Eu tô sentindo que essa porra tá estranha, todo mundo dentro dessa favela tá calado pra mim, minha mulher, Riquelme, pressão e Richard, que por sinal não está aqui na favela, e sim por aí, curtindo a porra da vida.

....

Passei o dia todo cuidando de problemas, o dia todo mandando mensagem pra desgraçada da Luana, mas a puta nem me dava atenção.

Agora eu tô aqui na principal de novo, com o pressão tirando papo fora.

Pipa: Mas e a morena? - pergunto sentindo o meu celular vibrar no bolso da bermuda, pego ele e vejo que era uma notificação da Luana, com um vídeo ali.

Franzo a cara e desbloqueio já abrindo o vídeo, e na hora o meu sangue ferveu. Luana estava praticamente apagada no vídeo, tava com o nariz todo melado de sangue e com o cabelo todo bagunçado, o homem que tava ali mexia em tudo nela, mas Luana só pedia pra ele parar, e longe vi uma mulher ali, a tal Amanda, a amiga dela.

Terminei de assistir aquele vídeo com sangue nos olhos, minha visão tava turva já.

Pressão: Caralho... - ele diz pegando o celular da minha mão - Aumenta esse volume ai.

Olhei sem entender, mas aumentei e ele colocou o celular na orelha, escutando tudo atento enquanto fuma seu malboro.

Pressão: Essa voz não me é estranha - diz voltando o vídeo, mas eu já não aguentava mais ouvir aquilo - Eu tô ligado já, sei quem é.

Ele me devolve o celular e começa a mexer no dele, entrando em conversas antigas, logo ele entra em um contato onde só tinha áudio salvo.

Depois de três minutos ele clica em dois áudios e deixa ali pra mim ouvir, ele repetiu umas quatro vezes.

Pressão: O cara da voz de fundo, é o careca - ele diz e eu olho bem no fundo dos olhos dele - E a outra pessoa, já escutei essa respiração antes, mas não quero soltar nomes, não quero dizer que é sem provas.

Porra!

Pipa: Qualé pressão? - pergunto já irritado - Não começa com essa porra não, solta o nome na roda e pronto, caralho.

Pressão: Peixe - ele diz eu me calo na hora.

Não pode ser ele, peixe é meu irmão, meu aliado, maluco cresceu comigo do barro, do lixo mermo.

Pipa: Tem noção do que você tá falando? - pergunto vendo ele balançar a cabeça dando a última tragada dele.

Pressão: Já te falei dele já, Pipa - ele começa a falar lembrando do dia em que a gente trocou um lero - Todo mundo aqui desse lugar detesta ele, quando tu não tá por perto, quem quer meter a marra é ele, tá, foda-se que ele é seu braço direito ou o gerente de tudo aqui, mas também não tem cabimento o cara meter bala em todo mundo por que simplesmente quer.

Ele começou a falar aquelas porras pra mim e eu já fui ficando maluco, meus ouvidos já estavam ficando tampados e minha respiração falha.

Pressão: O moleque que tá na sua casa - ele começa a falar do Riquelme - Maior vítima dele, ele o os pais que foram mortos brutalmente, se você passar perguntando pelo peixe pro povo, vão pintar e bordar dele pra você - ele abre a gaveta parando de falar e dando o saquinho pro homem ali na frente, pregou o dinheiro e voltou a falar - Abre teu olho, chefe, o inimigo tá mais perto do que você imagina, judas traiu assim, no sapatinho. Mas o assunto aqui não é ele, e sim como você vai tirar a sua mulher dessa junto com a outra.

Eu estava voando, sem reação nenhuma.

Pipa: Vou rastrear ela - digo já pegando o radinho - Piolho, cola aqui na principal, quero trocar um lero contigo.

"Jae chefe"

Maluco tem uma irmã foda, aquelas adolescentes quietas, esquisitas pra caralho que nem sai de casa? É ela, e vou usar ela pra saber onde minha mulher tá, mas primeiro vou trocar meu lero com o Riquelme, quero saber de tudo, desde do dia da briga que teve mês passado.

Piolho: Fala tu - chegou com a chave no pescoço fazendo o toque.

Comecei a falar os bagulho pra ele que só concordava, logo eu sai dali e piei pra casa no doze, desci da minha moto e já fui entrando em casa vendo o moleque dormindo no sofá.

Cheguei mais perto dele e acordei o mesmo no susto, que me olhou com os olhos arregalados.

Pipa: Bora, abre a porra da boca - tiro a minha arma da cintura e ele engole em seco.

Hoje eu descubro tudo, e se eu não descobrir, vou matar todo mundo.