▪︎ Capítulo 40 ▪︎

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°▪︎ Alexander Malcolm ▪︎°

Puxo a respiração com tanta força que achei que meu peito iria explodir, a lembrança da Ártemis, era a minha mãe no laboratório, mas, como?
Papai nunca me disse que ela fez parte do programa de pesquisa, para ser sincero papai nunca me disse muito sobre ela, só que ela morreu por ter sido mordida por um lobo, um da alcatéia Turtschaninoff. Mas a Arte a conheceu, minha fêmea a conheceu!
Arte permanecia silenciosa do outro lado da nossa ligação mental, então digo novamente.

“Meu amor, você não se lembrava disso?
De conhecer minha mãe?
Da sua primeira vez no laboratório?”

O silêncio estranho de Ártemis permanecesse por alguns minutos, o que me faz andar, eu precisava olhar para ela, entender porque isso estava parecendo tão incômodo para ela, no entanto eu dei dois passos até uma nova onda de imagens invadir a minha mente.

“PARA… POR FAVOR… PARA… ISSO DÓI… ISSO DÓI…AHHHHH…”

Paralisei, meu coração retumbava dentro do peito ao ouvir a voz mais jovem dela, desesperada, assustada, totalmente aterrorizada. E então as imagens preencher a minha mente, uma a uma me sufocando, fazendo meu lobo rasgar a minha pele para sair, eles a torturaram, de maneiras hediondas, e ela era só uma criança, e minha mãe estava lá, assistindo tudo isso, toda a maldade que faziam com ela. Novamente a voz da minha fêmea preencher meus pensamentos.

“EU QUERO A MINHA MÃE… PARA POR FAVOR… AHHHHH… MAMÃE… MAMÃE… POR FAVOR… PARA… TÁ DOENDO… MAMÃE… ME AJUDA…”

Eu não conseguia respirar, a dor dela era minha, as lembranças de cortarem sua pele, arrancarem suas unhas, dentes, abrir seu pequeno corpo com ela totalmente consciente, furarem todas as partes de seu corpinho com agulhas enormes, ela encara o rosto da minha mãe desde que todo aquele tormento começou, e minha mãe tinha os olhos marejados, lágrimas desceram por sua pele pálida enquanto a mão estava sobre a barriga, mamãe estava sofrendo com o que estavam fazendo com Ártemis.
Engulo em seco e uma nova onda de imagens invade a minha mente, mesmo que eu gritasse que não queria mais ver, que era doloroso demais, ela era só uma criança, e pelo que li nos arquivos a primeira que levaram para os laboratórios.

“— Incrível, mesmo com a coleira, ela está regenerando!

A humana de cabelo negro suspirou baixo, anotando o que o humano mal havia dito”

Aquele era o Dr. Richard Sommers, ele havia sido o primeiro cientista chefe da pesquisa R.C.A.H. (Reestruturação Celular de Avanço Humano) a ideia de criar, vacinas e avanços na ciência para ajudar a melhorar a capacidade humana, nós não seríamos indefeso contra os Noturnos, como se nós realmente fossemos, a Ordem criou tantas armas e maneiras de conter os Noturnos que eles tiveram que se esconder nas sombras, e os pouco que tem ímpeto de bater de frente com a Ordem são basicamente um mero incômodo.

“O humano mal continua a falar.

— Temos que fazer testes de reprodução!

Eu não entendia o que era isso, mas pelo sorriso que ele dava era mais coisa ruim.
Eu só queria a minha mãe aqui!
Papai, onde você está? 
Porque não vem me buscar?
Porque não vem me salvar, desses humanos malvados?”

Meu coração para!
E eu sinto o da minha fêmea parar também, Ártemis não tinha essas memórias por algum motivo, e um arrepio percorreu a minha pele, pela primeira vez em toda a minha vida eu tinha medo do que aconteceu!
A respiração da minha fêmea se torna irregular e então a memória contínua, era como assistir um filme, um filme de terror.

“A humana de cabelo negro começa uma discussão com aquele humano mal, e eu não conseguia entender a conversa.

— A BIOLOGIA DELA NÃO E COMO DOS OUTROS!

A humana de cabelo negro vociferar como a mamãe quando disse para aquele humano que tinha colocado uma adaga no meu pescoço.

— ELA É UMA CRIANÇA! ISSO É MONSTRUOSO DEMAIS, EU NÃO VOU ACEITAR! NÃO VOU PERMITIR!

O humano mal ri abertamente enquanto diz.

— A decisão não é sua, Dra. Malcolm, se o Marechal autorizar, vamos começar os testes nesse exato momento, ela provavelmente é a mais próxima dos Genebrianos Puros, filha de um casal biologicamente incompatível, isso mostra que a natureza está tentando voltar ao início!

A humana sacode a cabeça em negação, ela me encara com tristeza, mas eu sinto tanta raiva, que virei o rosto.
Eu não sei quanto tempo se passou, mas uma onda de choque me atinge e logo a voz do humano mal diz.

— Vamos iniciar os testes!

Mãos começam a tirar as roupas do meu corpo me deixando nua, meu coração batia freneticamente dentro do peito, minhas pernas são abertas me fazendo rosnar e entrar em pânico, e então um negócio que parecia um cilindro de macarrão, mamãe usava algo parecido com aquele negócio para afinar a massa, e logo uma dor insuportável, excruciante começa a ser forçada entre as minhas pernas, na minha intimidade, eu grito.
Minha mente entra em chamas, eu sinto uma onda de calor e fúria me levando a loucura, eu sinto a onda de choque mas era mais como uma picada incomoda que eu arranco do meu pescoço com facilidade, minha pele não era mais pele, era pelos, eu rosnava cega pelo ódio, humanos malvados, eles são todos malvados, comecei a atacar, gritos e sangue ecoam por todo aquele ambiente até não se ouvir mais nada, todos mortos, eu dilacerei gargantas, rasguei peles, arranquei membros, um animal irracional e furioso.
Estava parada no meio daquela cena de terror quando vejo a humana de cabelo negro e cheiro de Hortelã, ela diz.

— Vai… A porta e ali… Vai embora…

Ela aponta para algum lugar, mas, eu não me mexo, a fúria na minha mente não me deixava pensar. 
Avancei na direção dela lhe dando uma mordida na coxa fazendo a humana gritar, porém assim que senti o sangue dela em meus lábios, fiquei atordoada então tudo entrou na escuridão!”

Minha mente era um eco.
Ártemis…
Foi ela…
Foi Ártemis quem mordeu minha mãe!
Foi ela quem me fez ser o que eu sou!
Foi a minha… Minha fêmea que levou minha mãe à morte!

Lua & CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora