▪︎ Capítulo 37 ▪︎

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°▪︎ Ártemis Turtschaninoff ▪︎°

Eu não sei quanto tempo havia passado, eu não sei em que momento, patas viraram braços e pernas novamente, pois nós estamos inebriados, perdidos na luxúria e no prazer incansável.
Suas mãos apertam meu quadril com força animal assim que ele goza outra vez, eu já havia perdido totalmente as contas de quantas vezes nós dois havíamos gozado, pois não tinha uma pausa para racionalidade, tudo se mantinha seguindo um looping infinito, seus movimentos não pararam, não cessaram, nem ao menos diminuem a velocidade bruta e voraz que ele tinha, enquanto sua boca chupava cada pedacinho de pele, mordia cada nova curva que seus lábios encontraram, até chegar novamente aos meus seios, chupando com violência, mordiscando com fome o bico rosado, esticado pelos lábios dele, era um delírio frenético, que me fazia arranhá-lo, mordê-lo, tomá-lo, ele é meu, meu macho, enquanto nós éramos uma mistura de suor e mordidas, arranhões e luxúria, gozo e orgasmo, tudo se misturando, tudo se colidindo, todos os sentimentos e sensações nós devorando tão insanamente que tirava de mim todo o meu fôlego!
Xander gozou novamente, mas ainda não tínhamos acabado, então eu o viro e monto em cima dele, cavalgando em seu pau, deixando minha intimidade o engolir, enquanto minha boca vagava pela pele dele, mordendo-o, nós éramos um prazer, tudo entre nós já havia se misturado tanto que eu não fazia ideia de onde o corpo dele começava e o meu terminava, isso era surpreendente, éramos um emaranhado, enroscados não só fisicamente, mas parecíamos dividir uma única alma agora!
Continuei os movimentos de sobe e desce com força e logo minha intimidade começa a dar sinais de que vou gozar, apertei seu pau com as minhas paredes sentido os músculos se contraindo e então a vibração do corpo dele indicando que ele havia gozado junto comigo, e o cansaço finalmente nos atinge, pois eu me jogo em cima dele, ouvindo seu coração bater no mesmo ritmo do meu, sua respiração tão ofegante quanto a minha tentando encontrar um ritmo para a estabilidade, e sem que eu esperasse ou até mesmo entendesse o sono me domina com tanta força que eu apaguei!
[...]
Acordei com o corpo ainda grudado ao de Xander, o cheiro de sexo, suor e de nós dois era tão forte que me atingiam com violência, meu estômago rapidamente revira e minha cabeça doía tanto, eu não sabia bem o que estava acontecendo, mas, tinha algo diferente.
Xander desperta um pouco assustado se sentando comigo ainda em seu colo e diz.

— O que foi isso?

Franzi o rosto em confusão, mas uma enxurrada de imagens me atingem e foi como ver um filme passando em uma velocidade insuportavelmente rápida diante de mim, me aninho nos braços de Xander ouvindo ele resmungar como se a mesma coisa estivesse acontecendo com ele.
Eram memórias!
Minhas memórias!
Todas elas voltando de uma única vez, confusas, embaralhadas, flash e mais flash de momentos sendo jogados em cima de mim como um tsunami, me afogando.
Xander aperta os braços em volta do meu corpo e diz.

“ISSO DÓI!”

Eu rapidamente soltei um resmungo, no entanto eu sabia que não era uma pergunta, sabia que de algum jeito ele sentia, e logo a explicação surge no meio da avalanche como uma cena cortada.

“Quando você acasalar, vocês se tornam um meu girassol, suas almas se fundem e seus pensamentos se compartilham, vocês passam a sentir, e saber o que o outro pensa, os acasalados, se conectam ao ponto de não ter mais nada entre eles, não existe muros, você consegue entender, meu girassol?”

Uma vozinha mais jovem, mais infantil escapava dos meus lábios enquanto dizia ainda tento toda aquela curiosidade de quem estava descobrindo o mundo.

“Mais ou menos, mamãe!”

A risada da minha mãe explode de um jeito sutil e logo ela diz acariciando minha cabeça.

“Um dia você vai entender, meu girassol!”

Xander arfa um suspiro enquanto diz.

— Vocês são idênticas!

A voz dele me faz tentar focar, no agora, encaro os olhos dele, e tudo parecia ir se acalmando, minha mente parecia estar diminuindo a velocidade, engoli em seco, suspirei pesadamente, com a imagem dela, ele a viu, ele via as minhas memórias, era isso que ela queria dizer quando perguntei por pura curiosidade o que era o acasalamento. Novamente a voz dele interrompe meus pensamentos enquanto ele diz.

“Também te ouço e pelo visto falo em sua mente!”

Travo arregalando os olhos e quando foco nele ouço ele pensar.

“Isso é uma loucura! 
Mas o que não tem sido na minha vida ultimamente?"

Solto uma risada baixa fazendo seus olhos encontrarem os meus e a compreensão de que eu também o ouvi faz ele sorrir, enquanto o pensamento me atinge.

“Não teremos mais liberdade para pensar, meu amor?"

Mas então outra imagem, outra conversa se força a minha frente, minha mãe tentando novamente me explicar, porém dessa vez totalmente focada nessa parte, na pergunta que Xander fez.

“Imagine seus pensamentos como um lugar, uma casa por exemplo, meu girassol!"

Eu me lembro de pensar enquanto ela continua a falar.

“Imaginou?”

Minha cabeça balança com a empolgação ao novo do nosso mundo que tentava entender. Mamãe sorri e então continua.

“Agora imagine que nessa casa não tem janelas, apenas uma porta!”

Minha versão menor não era tão menos teimosa que a maior então questionava com um tom inquisitivo.

“Porque uma casa não teria janelas mamãe? Isso não faz sentido!”

Cruzando os braços com birra, eu realmente era uma criança para fazer algo tão infantil, mamãe no entanto ri enquanto continua.

“Porque seus pensamentos não podem escapar por outras brechas quando quiser mantê-los para você, então esse será seu exercício, no dia em que tiver um parceiro acasalado, cada um de vocês terá que criar seu ambiente de conforto, onde guardará seus pensamentos, e quando aquela “porta” estiver aberta vocês querem compartilhar, porém quando ela estiver fechada, seu pensamento serão só seus!”

Puxo a respiração encarando lentamente os olhos vítreos do meu macho, para aquela versão minha essa conversa não fazia o menor sentido, mas para essa, para o agora, eu compreendo o que ela quis dizer, o que eu e Xander precisaríamos fazer para não surtar um só outro com nossos pensamentos.

Lua & CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora