▪︎ Capítulo 23 ▪︎

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°▪︎ Ártemis Turtschaninoff ▪︎°

Ainda encarava a porta de ferro por onde Xander havia passado, totalmente desorientada, assim como ele quando saiu daqui!
Ele rosnou para mim!
Furiosamente, ele olhou para mim como se não me visse e rosnou, com aquela sombra fria e obscura se fazendo presente em torno dele, como se ele fosse outra coisa naquele momento, uma feita de puro e brutal… Ódio! 
Foram segundos que pareciam ter durado horas, eu senti cada sentido dos meus dois lados em alerta total, prontos para um ataque, mas então ele seu olhar se perdeu em confusão e tristeza!
E agora era eu quem estava confusa e triste, porque ele ficou daquele jeito? 
O que eu fiz para que ele ficasse tão… Furioso?
Puxo a respiração lentamente e vou em direção às roupas, me visto e deito na cama, sinto meus olhos encherem, e quando toco meu rosto ele estava molhado, eu estava chorando? Eu já não chorava a muito tempo!
Desde que eu era uma menina, de apenas 8 anos, ainda contado através da idade humana!
Raposas quando atingem uma certa maturidade envelhecem de forma mais lenta, como se nós fizéssemos 1 ano a mais a cada 2 década!
Já os lobos podem viver o equivalente a metade de uma vida de raposa!
Puxo a respiração lentamente voltando meus pensamentos para o dia em que fui tirada da minha mãe. 
Eu que fui arrancada dos braços da minha mãe por aquele homem que eu não me lembro o rosto!
Minha mãe lutou por mim!
Ela quase se deixou consumir para me proteger!
Outra coisa que mata uma raposa, uma, que eles não sabem, não fazem nem ideia!
Uma, que é um segredo das raposas!
Você nasce com seus número de caudas, se tentar ultrapassar seus limites, se tentar invocar uma cauda a mais das que as que nascem com você, o poder consome seu corpo e você virá aquilo que você destrói… Cinzas!
Minha mãe tentou ultrapassar seus limites, mas a lâmina de Iridium que é o único metal na face da terra capaz de ferir e decepar a cabeça de um Noturno para matá-lo, atravessou seu pescoço separando a cabeça dela de seu corpo, eu me lembro de gritar, me lembro de sentir meu corpo acender em brasa, mas depois não me lembro de mais nada, só de acordar aqui, nesta cela!
Fecho os olhos puxando o ar pesadamente, porque eu de repente meus pensamentos foram para isso?
O que isso tem haver com o que aconteceu com o Xander agora pouco?
As vezes meus pensamentos me deixavam confusa por desviar minha atenção de uma coisa para outra, sem o menor sentido ou relevância!

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Meus olhos ardem, enquanto a gritaria do ambiente preenchia meus ouvidos mesmo que eu os segurasse com força como mamãe tinha mandando!
"Fique quietinha, Arte!"
Ela disse.
"Mamãe, vai proteger você, meu girassol!"
E me fechou nesse lugar pequeno na parede, escondido por uma estante de livros, encolhida, assustada, eu queria o papai aqui, eu queria nossa família aqui, eles protegeriam a mamãe dos homens de armadura preta, protegeriam nos duas!
Ouço um barulho de explosão e o chão sob meus pés estremecem, um clarão atinge a pontinha onde eu estava, e ela se abre abruptamente, mãos me puxam com avidez, mesmo comigo tentando me debater, mesmo comigo buscando dentro de mim meu lado selvagem que se aflorava pronto para o ataque, mas antes que eu pudesse deixar tudo sair, uma agulha atingiu o meu pescoço, meu corpo se tornou mole e uma voz diz como um sussurro distante.

— Ela está acordada ainda Marechal Malcolm, devo aplicar mais?

Outra voz uma mais profunda, carregada de arrogância.

— Coloque a coleira nela, se necessário aplique outra infusão, mas não a mate, ela pode ser a resposta para nossa busca!

Eu sinto novamente a agulha penetrar minha pele e então um grito furioso invade o lugar, eu olho para ela, mas a imagem não era nítida, estava desfocada, coberta pelo laranja mais vibrante e inebriante de fogo, as causas ao redor balançavam furiosas concentradas, era a imagem mais magnífica de puro poder!
Ela diz vocifera.

— SOLTA A MINHA FILHA!

Ela vem na minha direção e tudo ao redor parece ruir, virar chamas e cinzas, os soldados mal conseguem chegar perto o suficiente para qualquer ataque eram carbonizado em segundos, mas antes que mamãe chegue mais perto sinto uma lâmina no meu pescoço que a faz parar, seu incandescente manto resfria levemente enquanto o homem diz.

— Se der mais um passo eu mato ela!

Eu não tinha forças para uma reação, meu corpo estava distante de mim, minha consciência estava separada em muitos pedaços, difíceis de juntar para me dar algo, para me defender, mamãe me encara com seus olhos dourado reluzentes, brilhante enquanto as caudas vão desaparecendo uma a uma até sumirem completamente enquanto ela diz visivelmente desesperada.

—  Deixem ela, e só uma menina, uma criança, me levem com vocês, eu sou mais valiosa que ela, eu sou a… 

A frase ficou incompleto, pois sua cabeça foi arrancada em um único golpe certeiro para fora de seu corpo, e algo em mim se rasgou seguido por um grito excruciante, cada parte da minha pele ardia como se eu estivesse sendo fervida de dentro para fora, mas logo sinto uma onda de choque violento atravessar meu pescoço e entorpecer meus sentimentos me levando a escuridão.

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Acordo sentindo meu coração batendo furioso dentro do peito, minha pele transpirava com a lembrança do pesadelo, mas não era um pesadelo, era uma memória, a pior de todas!
Nada do que fizeram aqui comigo!
Puxo a respiração lentamente e então ouço uma voz que me era totalmente familiar dizendo.

— Você teve um pesadelo?

Lua & CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora