CAPÍTULO 58

29 6 0
                                    

°▪︎ Ártemis Turtschaninoff ▪︎°

Ravik me encarava com uma mistura de tristeza e sobriedade massiva. Eu sinto meu corpo ir na direção dele mesmo que minha mente não consiga registrar bem a ação, estava me sentindo entorpecida enquanto volto a perguntar.

— Onde ele está? ONDE ESTÁ O MEU MACHO?

Eu mal conseguia registrar tudo ao meu redor quando as palavras dele me atingiam.

 — Eu sinto muito Girassol, mas ele não estava lá quando chegamos a fronteira, só haviam corpos sem vida!

Meus olhos vão na direção do Niko finalmente entendendo o estado da Ágatha agarrada ao corpo como se ele fosse sua tábua de salvação, ela estava envolvendo em seu manto, não, ela estava fazendo algo mais profano, algo proibido, algo que poderia ter consequências, sérias consequências!
Mas, foda-se, eu a entendia!
Eu também faria qualquer coisa imprudente e suicida pelo meu Alexander!
Eu volto a olhar para a entrada da nossa cidade e meu corpo começa a avançar, eu precisava ir atrás dele, mas a mão de alguém me impede de avançar, encaro a mão envolvendo meu braço e vejo Ravik me segura enquanto ele diz.

— Eu não posso deixar você ir atrás dele, não no seu estado Ártemis!

A raiva e a revolta se alojando na minha pele como um parasita, não, não era como um parasita, era como uma bomba, que eu deixo explodir!
Uma onda de poder passa pelo meu corpo e sai jogando praticamente todos, com exceção da Ágatha e do Niko que estavam protegidos pelo manto dela. 
Eu estava furiosa, mas então uma onda aguda e agonizante de dor me atinge, eu sinto algo escorrer pelas minhas pernas, a dor era tão intensa que faz meu corpo se curvar, encaro o chão e vejo aquela mistura de sangue e água, um grito rasgou a minha garganta assim que uma dor aguda me atingiu, sinto minha cabeça entrar em um estado de caos enquanto minha pele, meus osso pareciam estar sendo triturado de dentro para fora. 
Papai me alcança e então diz em um tom visivelmente apreensivo.

— Os bebês, eles vão nascer minha filha! 

Nego com a cabeça, não ainda não era a hora, ainda faltava dois meses, mas uma nova onda de dor me atinge e eu sinto os braços do meu pai me envolverem enquanto ele diz.

— Precisamos levar você até sua avó…

Nego com a cabeça novamente enquanto digo quase como um murmúrio de agonia o nome do Xander, eu precisava ir atrás dele, eu precisava dele aqui, nossos filhos iriam nascer, eu não podia fazer isso sem ele, eu não queria!
Eu acredito que murmurei meus pensamentos, eu não consegui controlar minha mente estava enevoada pela dor. Papai tenta falar mais e Ravik quem chama a nossa atenção enquanto diz.

— Eu vou atrás dele Ártemis, eu vou tentar trazer ele de volta para você ou pelo menos saber onde ele vai estar para podermos planejar um resgate! Mas por favor, tente focar só nos seus bebês agora, Alexander não iria querer que você se colocasse ou colocasse eles em perigo por causa dele!

Minha respiração ofega pela dor, mas ele tinha razão, Xander ficaria furioso se algo acontecesse comigo ou com nossos filhos. 
Acenei em concordância e disse baixinho antes que meu pai me arrastasse para longe dali.

— Obrigada Ravik!

[...]

A dor de colocar um filhote para fora do meu corpo era infernal, agora multiplica isso por dois!
Fora o fato de ter que tentar manter o controle da minha transformação, eu não posso deixar a loba e nem a raposa saírem, ou poderia matar meus bebês. Vovó diz.

— Vamos minha filha, você é uma alfa, força!

Eu estava em pé ou praticamente isso, meus braços estavam presos por grossas correntes de Iridium para me ajudar a conter a loba e a raposa, enfraquecê-las.
Empurro apertando meus dedos com força sob as correntes assim que senti uma dor profana e então o primeiro filhote sai.
Era um macho!
Meu pequeno Tristan!
Era o segundo nome do meu pai, e quando Xander contou que daria esse nome se caso um dos bebês fosse um macho, papai ficou todo bobo como estava agora com Tristan em seus braços!
Mal tenho tempo para olhar para o meu pequeno, pois uma segunda onda de dor me atinge e novamente empurro, mas nada acontecia, a dor vem mais forte e eu faço ainda mais força apertando os dedos nas correntes até ficarem completamente sem cor, e um grito ensurdecedor rasgou minha garganta, enquanto o segundo bebê sai.
Era uma fêmea!
Uma linda fêmea de cabelos brancos!
Minha Athena!
Esse era o nome da minha mãe!
Eu estava exausta enquanto era retirada das corrente e colocada sobre a cama, minha Avó me limpa e me aconchega totalmente antes de finalmente colocarem meus filhotes em meus braços seus cheirinhos de girassol e hortelã, misturados, em perfeita harmonia, me atingirem, fazendo meus olhos encherem, ele deveria estar aqui!
Beijo a cabeleira escura como a noite e então a cabeleira branquinha como uma nuvem, abro a boca para questionar meu Pai, no entanto a porta e aberta de forma abrupta, e meus olhos se enchem novamente ao ver Agatha e ao lado dela Nikolay, ele estava vivo, ela conseguiu, ela conseguiu trazer ele de volta!

Lua & CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora