Prova de confiança.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Já é a segunda vez que eu te pego chorando hoje. — Surgiu de trás da porta e se posicionou em frente a mulher que estava deitada na rede da varanda, balançando-se bem devagar enquando olhava a chuva cair. Ainda era de manhã. — Não sei se acredito que você está bem.

— Chorando? Quem? — Limpou rapidamente as lágrimas com o dorso da mão. — Você não viu nada. — Respondeu tentando vestir-se de um bom humor.

— Para de brincar. — Pediu pendendo a cabeça para o lado e observando ela fugir do seu olhar.

— Iria propor da gente ir na cachoeira hoje, mas não acho legal depois que chove porque tem o risco grande tromba d'água. — Informou seus planos, voltando seu olhar a ela. — Acho melhor esperarmos um dia de sol, é mais gostoso de curtir assim. A praia também, é melhor em dia ensolarado que não tem onda muito forte. Hoje nos resta ficar em casa.

— Sem problema algum, só de não estar no trabalho, tô em paz. — A respondeu sentando no chão com as pernas cruzadas.

— Vou meditar nestante e acho que depois, se estiar, vou me alongar e correr um tempinho aí por fora. Se quiser, estamos aí, se não, a casa é toda sua para se divertir. — Informou seus planejamentos.

— Proposta bem tentadora a sua. — Foi irônica e deixou bem óbvio. — Preciso de um tempo para pensar. Digamos que não é muito da minha ossada fazer essas coisas... — Riu e ela concordou com o seu pedido.

— Já comeu comida de disco de arado? — Questionou atenta.

— Não sei nem o que é isso. — A respondeu pensativa.

— É tipo uma frigideirona que esquenta na lenha, o alimento fica com um gostinho de comida caseira. Pensei em fazer hoje pra gente, macaxeira na manteiga de garrafa, farofa, carne e um vinagrete. Que tal? De janta? — Sugeriu e Elizabeth até percebeu um movimento cheio de vontade de tentar mudar o assunto do início da conversa, mas não deixou de se empolgar.

— Nossa, senti até o cheiro. — A fez rir porque havia fungado o ar. — Vou adorar, você dá uma bela cozinheira. Queria que me deixasse ajudar.

— Me ajuda dizendo o que você quer comer. — Resmungou, já era a terceira vez que puxava a mesma conversa, queria fazer um agrado algum dia.

— Você quer saber mesmo? — Cruzou os braços fazendo drama e ela assentiu. — Feijão, arroz, carne e salada. Por favor. — Ouviu um suspiro cansado e observou uma expressão de desagrado. — Mas é sério. — Riu por um tempo e parou, em um sinal de que a sua resposta tinha mais significado do que deveria. — São raras as vezes em que eu como, sabia? Tô com vontade e você tem um tempero que faz ficar com gosto de... Não sei... De casa. — Confessou baixinho.

— Por que não come? Não tem tempo de fazer? — Sentou-se de frente a ela, ainda na rede.

— Na maioria das vezes também, tem dias que o dinheiro não dá, tem dias que não dá pra carne, tem dias que sai muito ruim... Acho que o tempero que você carrega no sangue deixa o gosto na comida, adoraria poder experimentar algo do tipo feito por você. — Na mesma hora Lila aceitou e concordou com a cabeça, pareceu pesar em si a justificativa.

— Vai ser nosso almoço de amanhã. — Declarou fazendo ela sorrir de uma maneira tão inocente e adorável que a encantou.

— Muito obrigada. — Foi gentil. — Mas me diz... — Cutucou o joelho dela que estava coberto pela calça. — Me diz o que aconteceu?

— Essa minha emotividade é por causa da terapia, não fique preocupada. — A respondeu observando os dedos dela cutucando o seu joelho e segurou a risada.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora