Laminha e os brownies.

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— Nossa que cheiro gostoso. — Dalila informou se sentando e observando as formas de bolo lotadas de massa crua, algumas com o brownie já pronto e outras vasilhas sujas de doce.

— Faz tempo que não cheira desse jeito, acho que é o seu fogão mágico. — Elizabeth brincou, tirando os brownies prontos e quentes do forno, aprontando-se logo em seguida para colocar os próximos.

— Um simples objeto não faz mágica se não houver boas mãos para realizá-la. Aceite, é você o segredo. — Deu uma piscadela inalando com vontade o cheiro de chocolate. — Precisa de ajuda?

— Ah não, agora eu vou cortar somente e esperar esfriar um pouquinho para poder colocar na sacolinha. — Explicou os processos que já conhecia, com calma.

— Tudo bem. — Sentou-se à mesa e começou a observar atentamente a companheira repartindo os pedaços do doce.

— Deve ficar bom assim quentinho. — Comentou totalmente seduzida pelo cheiro e aparência da comida. — Nossa, até comecei a salivar. — Ouviu uma risada de Elizabeth que lhe contagiou.

Estava igual uma criança desejando aquele doce.

— Você quer um pedaço? — Questionou ainda rindo.

Na mesma hora da frase proferida, lá fora surgiu passos, eram leves, não pareciam assustadores, era um som similar a de uma criança brincando.

— Ué. — Lila franziu o cenho, levantando-se e olhando pela janela. — Não precisa, obrigada. Você já deve ter a conta certa, não quero te comprometer. — Negou educadamente mesmo morrendo de desejo.

Ventava lá fora, não o suficiente a ponto de mexer uma pedrinha, que foi muito visível, ela se arrastou pelo chão como se tivesse sido jogada, até mesmo Beth franziu o cenho.

— Seus vizinhos tem filhos crianças? — Questionou largando a faca e apanhando uma espátula. — Pode ser uma criança que sentiu o cheiro do chocolate e veio pra cá. — Deu de ombros.

— É, mas... — Lila foi até a porta, olhando ao redor. — É longe. — Justificou procurando algum resquício de alguém. — Apesar de ser seguro, tanto é que eu deixo tudo aberto, acho pouquíssimo provável porque as casas são muito longes. — Retornou a sentar, ainda sentindo o desejo que aumentava. — Não tem ninguém.

— Estranho. — Beth deu de ombros, prosseguindo com seu trabalho. — Sempre sobra uns pedaços, aceita. — Pegou um quadradinho e ofereceu para a mulher.

— Deixa aí de reserva. — Recusou mais uma vez umidecendo os lábios e fazendo Beth rir de novo.

— Toma. — Apanhou a mão dela e colocou o pedaço morninho, cheirando à beça.

— Tem certeza? — Disse admirando a fatia, seus olhos até brilhavam.

— Toda do mundo. — Afirmou sabendo que um pedaço só não iria fazer falta alguma. — Vai, prova.

— Sabia que nunca comi brownie na minha vida? — Disse aproximando o bolo perto do nariz e sentindo bem o cheiro, fechou os olhos e sehuiu em sua apreciação.

Logo o comportamento mudou, as pálpebras se espremeram e Dalila apertou as próprias têmporas abaixando a cabeça, deu uma fraquejada.

— Ah não. — Soltou e logo após engoliu em seco. — Sabe aquele papo de deixar a espiritualidade fluir quando estou aqui? Parece que escutaram.

— Tá tudo bem, Lila? — Perguntou atenta, pronta par ajudar.

— Eu já sei quem tava aqui na hora dos barulhos. — Colocou o pedaço do bolo no pratinho que estava a sua frente e afastou a cadeira  de perto da mesa. — Acho que tem alguém prestes a descer.  — Soltou os chinelos que usava e tirou rapidamente o piercing do nariz.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora