Love Leve.

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Desculpa se meu cheiro só ficou no travesseiro
Nem deu tempo de dizer que eu não vou voltar...

O dia tinha sido cansativo e já fazia quase uma semana sem ver sua companheira, tentavam matar a saudade por meio de ligações, chamadas de vídeo e mensagens, mas nenhum contato virtual superava o real. Beth sabia que a professora iria dar aula durante a noite em outra cidade, tinha sido avisada também que logo em seguida ela pegaria a estrada.

Não aprovava muito, achava perigoso que ela seguisse viagem de madrugada sabendo que a estrada ficava movimentada por causa da rota de caminhões, mas assim como era teimosa, Dalila também tinha seu quê e por esse motivo prosseguiu com seus planos. O que consequentemente deixou Elizabeth meio aflita, que em um momento de insônia resolveu colocar os cálculos na ponta da caneta e esperar a mensagem de que a companheira havia chegado na cidade para que pudesse dormir em paz.

— Meu céu e estrelas? — Perguntou a mais nova, docemente, após escutar que sua ligação tinha sido atendida. Havia tentado a sorte e ela parecia estar jogando ao seu favor, tinha efetuado uma chamada para a parceira em busca de companhia e a fim de fazê-la companhia também.

— Oi, meus olhos de mar. — Colocou o celular em auto falante e o depositou em sua coxa, já que o som estava ligado baixinho no carro. — Não deveria estar dormindo agora? Se não você vai ter poucas horas de sono. — Acionou o limpador de para-brisa e esperava que o barulho da chuva não atrapalhasse a ligação.

Amanhã acordo cedo, fico fora o dia inteiro
Busca o beijo na memória quando precisar...

— Confesso que fiquei preocupada com a sua volta, não gosto quando viaja de madrugada. — Foi sincera porque não tinha motivos para que não fosse. — É muito escuro e a estrada fica perigosa, cheia de caminhões... E eles dirigem em insanidade. Estava movimentada?

— Estava bastante, passei o tempo todo fugindo de ficar atrás deles. — Também respondeu em sinceridade e resolveu contar um pouco mais. — E digo mais... Escapei de uma nestante.

— E o que foi, amor? — Franziu o cenho. — Tá vendo? Minha intuição fica só apitando. Você não vai pegar mais estradas durante a madrugada. — Resmungou em chateação e a ouviu rir, contida.

— Havia uma curva fechada na estrada e do outro lado, vindo em minha direção, um caminhão estava tentando ultrapassar o outro. Ficou fechado, não tinha espaço pra mim, tanto a mão do lado quanto a minha estavam ocupadas e eu precisei jogar o carro um pouquinho no acostamento que graças a Esú era aberto, assim escapei de bater de frente. — Contou, ouvindo as reações de Elizabeth do outro lado da linha.

— Amor, é sério. Não fica brincando assim não. — Se chateou com a teimosia. — Faça de tudo para não viajar mais de madrugada.

— Tudo bem. — Aceitou a ordem porque sabia que aquela era uma demanda de preocupação. Iria obedecer, hoje só não teve como porque precisava estar na ativa logo de manhã e por isso não deu para esperar.

— Está com a rádio ligada? — A loira perguntou aumentando um pouquinho o volume da sua porque estava ouvindo querendo matar a saudade da mulher, já que lembrava que ela adorava escutar aquele canal específico.

Lila era a moda antiga, sempre andava com um rádio pequeno e ligava durante as viagens, as manhãs ou as noites antes de dormir.

Eu tô leve, passarinho
Leve um pouquinho
É o que eu posso dar...

— Sim, mas ela estava saindo fora do ar por causa da chuva. Por quê? — Questionou verificando o aparelho de som que voltou a tocar no mesmo momento.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora