Tirando para dançar.

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— E aí, princesa. Tudo certo pra hoje? — Perguntei animadamente assim que aproximei o celular do ouvido. — Já tô por aqui com alguns. — Olhei ao redor, Jesebel estava sentada bem ao meu lado esquerdo e eu guardava a cadeira de Genevive ao lado direito. Tinha mais um amigo do outro lado da mesa e uma outra pessoa para chegar. — Hoje deu até pra falar com Attena, mas duvido muito que ela vá aparecer.

— No final da noite achariamos ela dormindo em um canto qualquer da cidade, toda suja. — Lamentou só de pensar na moradora de rua que haviam conhecido, era um amor tão grande de pessoa, mas tinha lá suas questões que as impedia de se encontrarem com constância.

— É uma luta com essa moça, viu. — Concordei tristonha. Me batia uma tristeza grande não conseguir ajudá-la como queria. — Mas o que foi? Por que ligou?

— Então, Rosa teve uma crise de convulsão muito forte hoje e eu ainda tô atolada de coisa da faculdade pra fazer, não vou ter como ir. — Informou, meio nervosa. Sempre ficava quando precisava desmarcar, eu já conhecia o tom de voz.

— Poxa, Gen. — Suspirei tristemente.

— Desculpa mesmo. — Pediu chateada. — Avisa pra moça...

— Que moça? — Franzi o cenho me fazendo de desentendida. — Eu chamei nossos amigos, só. — Menti descaradamente.

Havia marcado num barzinho porque ia ter música ao vivo e ouvi que o cantor era bom. Todos os meus amigos ficavam reclamando da minha ausência e já que iria sumir novamente porque pretendia passar o feriado que viria bem longe da cidade em que morava, preferi chamar todos pra curtirmos juntos os estilos de música que adorávamos... Esse era meu pretexto, mas a verdade é que já era a terceira vez que eu tentava fazer Genevive e Jesebel se conhecerem, não me perguntem o porquê, é muito longa a história e eu iria responder com um apenas: meu coração mandou.

Só que, em todas as vezes, dava alguma merda. Eu contava um pouquinho de uma para outra, instigava a curiosidade das duas e no final sempre dizia "acho que ela vai estar em determinado rolê, vamo?", mesmo sabendo que realmente estarão, fazia parecer que era uma dúvida. Sempre uma delas desmarca em cima da hora por algum imprevisto e mesmo sem se verem, sem saberem o nome uma da outra, se sentem tentadas a comparecer só pra descobrir qual é, porque confiam em mim. Eu sou muito boa em juntar casais mesmo.

Minha ex esposa e sua futura esposa, fui eu quem apresentei e olha, talvez eu seja uma cupida bem mocreia, que às vezes passa por cima de algumas coisas, como por exemplo a moça ser casada e extremamente infeliz na época... Isso não significa que eu não sou boa.

Não sejam extremistas, eu não sou nenhuma vagabunda também. Pera lá. Não é como se eu ficasse incentivando traições ou coisas erradas, inclusive, sou a que normalmente da belos puxões de orelhas. Certo pelo certo, não é? É. Só que esse caso foi uma grande exceção, que sejam felizes Clariana e sua amada, quero que se exploda o marido cretino que a moça tem.

Espero que confiem na minha opinião, ele realmente era um cretino. E inclusive, Clariana era quem faltava chegar para completar nossa mesa.

— Eu sei que ela está aí. — Pontuou totalmente assertiva.

— Ela quem? — Ergui uma sobrancelha, seguindo no meu papel de sonsa.

— Aquela psiquiatra que você diz que é um amor de pessoa, que é linda, que tá solteira, que tem interesse em mulheres... — Citou as minhas falas e eu ri. — Avisa pra ela que seria um prazer conhecê-la, mas infelizmente não tem como hoje. — Genevive insistiu em sua tese, crente e ciente de que estava correta.

— Tá bom. — Bufei me deixando vencer. — Eu aviso sim. — Admiti que Jesebel estava lá.

— E é isso? Você não vai mesmo me dar o número dela? — Ficou indignada, do tanto que eu a conhecia, conseguia até imaginar sua expressão facial.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora