Coordenadas.

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Após se recuperar do esporro e colocar a mente para pensar, Dalila resolveu passar no apartamento de Elizabeth, rápido, somente para pegar os documentos da mulher porque imaginou que fosse necessário. Sabia onde ela os colocava, porque já tinha visto a companheira mexendo neles, ela era muito organizada e tinha uma gaveta somente para isso, documentos, boletos, contas.

Ao chegar no hospital, sentiu seu coração apertando ainda mais, as pernas tremiam, era diferente estar ali em outra situação que não fosse o trabalho, esse no qual já teria abandonado a área. Não tinha interesse, havia passado por maus momentos enquanto estava naquele ambiente, principalmente para alguém que era uma médium clarividente.

As pessoas sempre contam histórias de terror, seus colegas de trabalho brincavam muito com isso, era horrível para ela saber que era verdade. Durante a madrugada, ver portas abrindo sozinhas, luzes piscando, elevadores funcionando sem gente, mas sempre achar o causador de toda situação, enxergá-lo tão nitidamente e observar seus colegas caçoando de um espírito revoltado.

Odiava andar pelos corredores e ver os desencarnes acontecendo, aqueles espíritos procurando ajuda, sem entender porque morreram ou esbravejando por isso, sem aceitar o falecimento do corpo, a situação se agravava quando percebiam que a mulher podia enxergá-los. Era o pior lugar para si, tirando, é claro, o cemitério.

Evitava e passava longe todas às vezes, mas não teria como por agora, fez o que sua entidade mandou, preparou-se para toda a situação de novo.

Apertou a bolsa no corpo e adentrou o local, procurando alguém responsável para lhe dar os direcionamentos necessários. Ajustou toda a papelada com relação à documentação, deixando claro que era realmente a esposa de Elizabeth, viviam em união estável, mas ainda não tinham oficializado a relação perante a justiça.

Tudo ainda era muito recente e não tinha informações concretas do acontecido. Para a sua surpresa, Vanessa, a paixonite de Clariana, quem havia se disponibilizado para conversar e também quem havia assumido o caso da sua companheira. Esclareceu que, ao que tudo indica, havia sido uma pancada na lateral do corpo que os arremessou para longe. Eles estavam de moto e o outro automóvel provavelmente seria um carro de grande porte.

Não tivera sido possível confirmar uma narrativa concreta porque ambas as partes envolvidas ainda estavam desacordadas e pela longitude do local, havia muito pouca travessia de pessoas, por tanto nem mesmo um curioso teria visto como aconteceu de fato. Por esse motivo, ao que tudo indicava, o acidente havia ocorrido durante o fim da tarde e as vítimas só foram achadas quando a noite já havia caído, o que causou um agrave na situação de todos, pela falta de socorro imediato.

Pelo uso do capacete, Elizabeth foi a que teve ferimentos menos graves, mas ainda sim muitos e também era a única que já havia comprovado a consciência... Havia sido a única que teria acordado algumas vezes antes de ser de fato sedada.

Segundo as tomografias e raio-x's tiradas, ela havia passado por alguns traumas nos ossos do corpo, um deslocamento da clavícula, seguidamente da escápula, além do cotovelo que também havia saído do lugar. Duas faturas na costela que não foram causadas pelo baque ou pancada e sim pelo saco de cimento que havia caído em cima de si. Por sorte, não deslocou a bacia, nem o tornozelo, porém a rótula do seu joelho não estava no lugar. Todos os machucados, além das queimaduras, devido à temperatura do asfalto por onde se arrastaram enquanto eram arremessados.

O motorista do carro teve uma fratura craniana devido ao impacto do rosto com o volante e o condutor da moto, colega de trabalho de Beth, teve fraturas expostas em várias regiões do corpo por ter sido o primeiro a levar a pancada. Seu corpo absorveu o impacto e ainda foi arremessado mais longe.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora