Sustenta.

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Por algum tipo de milagre divino, Beth havia conseguido sair dez minutos mais cedo do trabalho, isso podia não significar para outras pessoas, mas para ela esse tempo era valioso. Quer dizer que conseguiria tomar um banho com mais calma e escolher uma roupa sem tanta pressa, talvez até passar ferro nela.

Foi a primeira a chegar como sempre, gostava de ser pontual porque sua professora também era. Agora se sentia limpa e cheirosa, conseguiu até arrumar minimamente seus cabelos e passar um hidratante na pele ressecada.

Esses poucos detalhes faziam a diferença para quem não tinha tempo nem de fazer isso durante o dia a dia.

Entrou na sala e se acomodou na primeira cadeira próxima a mesa da professora, em pouquíssimos minutos a mulher chegou também. Fazia Beth se incomodar, achou que a acelerada no coração toda vez em que a via, iria passar, mas até então a reação corporal seguia acontecendo.

Certa vez, em meio a sua euforia e nervosismo em ter um diálogo simples com a mulher, havia combinado em sua cabeça que tentaria agir ao máximo com calma, porém quando notava seu comportamento, sempre estava metendo os pés pelas mãos.

— Hum, é você que tá nesse perfume todo? — Lila perguntou em um bom humor, arrumando sua mesa.

— Acho que sim. — Admitiu timidamente, sentindo suas bochechas começando a esquentar.

— Que cheirosa. — Elogiou sorridente gostando de deixá-la sem jeito. — Acho que devemos esperar mais uns 10 minutinhos para começarmos, não é? Deve dar tempo do pessoal chegar. — Ao invés de acomodar-se na sua mesa, puxou uma cadeira para perto de Beth e se sentou.

— É. — Coçou a cabeça e se rendeu a uma risada após notar a professora fungando em brincadeira, intensificando mais o elogio. — Se me permite ser sincera, acho que quase ninguém vem hoje.

— Por quê? — A mulher franziu o cenho.

— Porque um dos nossos professores passou atividade valendo nota e nos deu um prazo curtíssimo para entregar. — Tentou justificar para defender seus colegas de classe. — É um exercício bem complexo e a maioria matou aula pra fazer.

— Ah, e você? O que faz aqui? — Teve interesse, mostrando-se pensativa.

— Não que eu tenha tempo sobrando. — Disse entre risos. — Mas eu já tinha conhecimento sobre o assunto e isso facilitou demais o processo.

— Compreendo. — Assentiu. — Então suponho que seremos só nós duas hoje. — Checou o relógio, certificando-se de que já tinha dado os dez minutos.

"Lumbiá, cadê você? Só tem eu aqui na sala, não consigo passar muito tempo com essa mulher porque logo meu cérebro começa a entrar em pane. Socorro!" enviada por Elizabeth.

— Acredito que sim, seremos só nós. — Pigarreou tentando disfarçar o nervosismo.

"Não vou conseguir ir, aconteceu um imprevisto... Mas eu sabia que você tem uma queda nela!! A única coisa que pode fazer agora é aproveitar a oportunidade. Sustenta, Beth. " enviada por Lumbiá e em seguida várias figurinhas dando risada.

— Vocês tem um grupo da sala sem o acadêmico da faculdade, não tem? Toda sala tem. — Teve uma ideia e assistiu a aluna assentir. — Pode me ceder seu celular rapidinho?

— Todo seu. — Beth a entregou, aberto no grupo da sua sala.

— Boa noite meus queridos e amados alunos vulgo cobras. — Iniciou após apertar o botão de gravar áudio.  — Aqui quem fala é a professora Dalila, lembram dela? Ah, lembraram que ela existe? Pois é, ela existe. — Debochou fazendo a loira pressionar os lábios a fim de segurar a risada. — Por que que vocês não me falaram sobre a situação de hoje? Caramba, eu poderia ajudar.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora