Sexy Yemanjá.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Depois da conversa que tiveram, deciram preparar algo para comer juntas, onde o incidente aconteceu de Beth esbarrar na taça de vinho que lhe sujou inteira, o que lhe levou a uma rápida ducha novamente. Ao terminar, vestiu um novo traje que havia separado, já que o outro estava sujo, o da vez era um vestido azul claro de alcinha com decote em V, a estampa era de mandalas brancas por todo ele.

Estava insegura, mas sentia que deveria. Não costumava usar roupas assim, mas teve coragem para tal.

Terminou de se arrumar, passou o hidratante e seguiu o som que agora estava distante. Sendo curiosa foi na ponta dos pés até perto da janela que dava para a frente, identificando que Dalila estava lá fora e terminava de fazer o fogo pegar naquelas lenhas que havia separado.

Abandou a sua última taça de vinho após tê-la bebido e pareceu perceber qual música tocava. Era Tudo Odara do Caetano Veloso, que começou a lhe fazer balançar sem nenhuma vergonha, dançando e contemplando realmente o que os versos queriam dizer.

Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara, minha cara, minha cuca ficar odara e ela parecia entender o significado da palavra, tinha uma expressão corporal muito bonita, era flexível, fazia ondas com os braços levantando-os para cima, escorrendo suas mãos pelo rosto e pelo corpo. Tirou o fôlego de Elizabeth que decidiu permanecer espiando, já havia pescado ela dançando, mas naquele momento Lila se queria tanto que sua energia se transformava em atrativa. Dalila usava sua sedução consigo, estava evidente pelo jeito em que se movimentava tão facilmente o seu amor próprio, exalava amor.

— Pare de me espiar. — Soltou jogando seus cabelos para o lado e colocando a rosa vermelha na orelha.

Virou-se para a porta e vislumbrou a silhueta surgindo de lá de dentro, com as mãos dadas na frente do corpo, ela dava passos lentos e pausados por causa da vergonha de ter sido pega no flagra. Elizabeth também parecia estar em uma vibração de autoestima, estava óbvio que também se queria e se achava bela naquele momento. Por esse motivo, Dalila fez questão de potencializar esse efeito, encarando-a dos pés a cabeça de uma maneira totalmente descarada.

— Me desculpe. — Soltou após engolir em seco de nervoso.

— Chegou em um ótimo momento. — Riu ao já notar a música acabando e sabendo qual exatamente ia tocar após. — Separei essa pra você, coloquei na playlist de propósito. — A informou com um sorriso brincalhão no rosto. Quando os primeiros acordes do violão começaram, Elizabeth caiu em uma risada sincera negando com a cabeça.

Havia apresentado aquela música em brincadeira para Lumanda, tinha cantado os versos e até se balançado enquanto ela negava com a cabeça se recusando a admitir que havia gostado, justamente porque era de Candomblé e a canção carregava o nome de Iemanjá de uma maneira não sagrada.

— Não acredito. — Recusou-se, cruzando os braços.

— É até boa ela. — Elogiou dando de ombros e voltou para o seu mundo interno. — Vem dançar ou me assista. — Deu-lhe duas opções e não as repetiria.

A noite vai ter lua cheia
Tudo pode acontecer...

Ainda acanhada ganhando coragem, Beth de primeiro momento escolheu assisti-la e não se arrependeu por nenhum segundo em que estava como telespectadora. Os versos lhe fizeram olhar para o céu, a visão era meio tomada pela fumaça que entrecortava o escuro passando pela luz, mas podia ver bem, era lua cheia, céu limpo de nuvens e lotado de estrelas.
Abaixou a cabeça, temendo perder algum momento dela, com ela.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora