Eu sou bamba.

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Em meio aos cabelos e a pele quente, beijava sua companheira várias vezes do rosto ao pescoço, estalado e demorado. Mimando-a enquanto ela se remexia no colchão, toda se querendo, se expondo para mais mesmo que ainda tivesse acabado de acordar.

— Isso, continue assim. — Esticava o pescoço com uma expressão de carente enquanto suspirava a cada novo beijinho que recebia.

— Adoro quando você faz esse barulhinho, puxando o ar pra dentro, sabe? Como se tivesse acesa, toda manhosa. — Envolveu com os seus braços o corpo nu que estava coberto e seguiu em seus carinhos.

Foi bom ter essa quebra de tensão tão rapidamente depois de terem dormido juntas, Beth acordou com a outra procurando-a e se aninhando em seu corpo, enchendo-a de selinhos e mostrando que estava aberta a continuar de romance. Tinha medo de que ela se arrependesse, de precisarem conversar, tinha até medo da mais velha falar que não havia relacionamento nenhum entre as duas, de ela torna-se evitativa. O alívio foi tão grande que reagiu retribuindo e se entregando de verdade a maneira em que gostaria de tratá-la.

— Bom dia, pretinha. — Sussurrou apertando-a em conforto.

— Bom dia, meu amor. — Sua voz de sono era ainda mais gostosa de ouvir, principalmente porque estava mais rouca do que costumava ser.  — Você dormiu bem?

— De conchinha com você? Melhor impossível. — O coração de Beth foi acertado de novo quando os olhos, com a luz do sol, lhe encontraram e notou as pupilas dilatadas pela primeira vez. Estava mansa, calma, vulnerável. — Sabia que dizem que acordar com uma filha de Oxum nos braços é sinal de boa sorte?

— É? Por quê? — Nunca tinha ouvido aquela expressão e o sorriso grandão por ser relacionada a sua mãe logo cresceu no rosto. Se queriam agradá-la com palavras, era só relacioná-la a algo na qual se identificava, aí se derretia por inteiro.

— Porque você já acorda com o ouro nas mãos, existe sinal melhor que esse? — A fez rir convencida e se contagiou, rindo junto a ela.

— Fiquei até sem jeito. — Escondeu seu rosto no busto de Elizabeth causando ainda mais risadas.

— Vou fazer mais vezes só pra te ver assim. — Recebeu ela lhe abraçando de novo e tornou a trocar selinhos. — Seu jeito maduro me encanta demais, mas tenho ficado encantada também quando se mostra assim. Estou adorando conhecer suas partes, Dalila, espero que siga me permitindo prosseguir. — Seus dedos passeavam pelas costas nuas dela subindo e descendo em círculos e símbolos do infinito.

— Esses dias com você estão sendo ótimos, faz muito tempo que não me sinto totalmente confortável com alguém para ser eu por inteiro. — Retribuiu a carícia enfiando seus dedos nos cachos loiros e fazendo um carinho no couro cabeludo. — Você é tão respeitosa e não sei... Tão você. — Derreteu-se ao receber um beijinho nos olhos e na ponte do nariz. — Acho que tô gostandinho de você, Beth. — Sussurrou contanto um segredo e a outra não conseguiu disfarçar a alegria que era escutar aquilo.

Sabia que os termos usados por Dalila tinham um quê de medo de se entregar novamente, era impossível não entender seu lado diante de tudo o que tinha relatado, diante de tudo o que havia dito que pensou sobre futuros relacionamentos, mas se dependesse de Elizabeth, estava disposta a quebrar esses paradigmas, estava disposta a impressioná-la e também estava disposta a entregar para ela um amor verdadeiro, um relacionamento sério regado de respeito e afeto.

— Acha? — Rolou pela cama com ela, causando risadas na mulher. — Estou disposta a fazer você mudar sua concepção até que diga que está completamente apaixonada por mim. — A surpreendeu pela sua segurança de expor verbalmente o que queria.

— Se você continuar sendo assim, acredito que rapidamente chega ao seu objetivo. — Disse, pelas entrelinhas, que estava aberta para ela e suas investidas. — Obrigada por ser assim, é uma sorte esbarrar contigo nesse mundo tão imenso. Orixá te colocou no meu caminho. — Estava adorando aquele abraço apertado com troca de carícias, beijos no rosto, selinhos. Agiam como um casal e não queria mudar isso mais, era tão bom, era viciante. — Obrigada por essa madrugada que foi maravilhosa. — Baixou sua voz, se aninhando novamente no corpo dela para ficar de preguiça, até fechou seus olhos. Não fazia ideia de que horas eram.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora