Eu e tu, tu e eu.

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— Ô doçura, pode usar esse meu notebook. — Colocou no colo dela e apertou o botão para ligar.

— Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa, desculpa mesmo invadir sua privacidade assim. — Se lamentou porque em meio aos pertences, acabou deixando o notebook dentro da bolsa em casa e precisava redigir seus textos para a faculdade, tinha atividade para entregar e a solução foi aceitar mais uma vez outra ajuda de Dalila.

— Não se preocupe. — Sorriu gentilmente e partiu para a pia, onde havia colocado algumas roupas brancas para lavar, já que iam fazer a trilha e decidiu adiantar enquanto sua companheira também ficaria ocupada. — Pode mexer em tudo, tá? Pelo que eu me lembre, não há nada comprometedor aí.

— Céus... — Assim que ela terminou de falar, escapou pela boca de Beth que ficou com as bochechas vermelhas.

Era para ter fingido naturalidade, mas não teve como não reagir ao que era estonteante as suas vistas e ao que lhe causou um frio na barriga tremendo. Na foto do plano de fundo do computador, estava Dalila com seus cabelos soltos e selvagens jogados para o lado, o olhar incisivo encarava a câmera, ela estava sentada de maneira despojada com o tronco apoiado nos cotovelos para trás, suas pernas meio abertas. Usava uma calça preta formal desabotoada, estava descalça e sem blusa ou sutiã, seus seios estavam amostra igualmente suas tatuagens naquela região, um colar vermelho de pedras pequenas e irregulares estava em seu pescoço e inclusive tocava o mamilo rígido, tinha os dedos sempre com anéis, o que era de costume seu. Exatamente a visão que alguém teria antes de subir em cima dela e ter esse pensamento fez Elizabeth ficar completamente sem ar.

— O que foi? — Parou de esfregar as roupas e virou-se para ela com o cenho franzido, analisando mentalmente se havia algum conteúdo suspeito nele e não se recordava de nenhum.

— A sua foto da área de trabalho. — Informou tentando não olhar, mas aquela fotografia estava atrativa demais, as cores ornavam muito bem, em tons quentes realçavam a melanina da pele dela, claramente havia sido um ensaio de fotos com um profissional por causa da qualidade da imagem.

— Esqueci de avisar que esse é meu notebook pessoal. — Riu maldosamente, mas tranquila, não sentiu vergonha do que tinha ali, achava aquele ensaio muito bonito. — Gostou? Essa foi do meu primeiro ensaio quase inteiramente desnuda. — A instigou interessada.

Não havia postado todas as fotos desse dia, justamente por algumas revelarem demais seu corpo. Na verdade o ensaio era formal, mas ela acabou topando explorar outros lados que a fotógrafa acreditou dar muito certo... E deu realmente, estavam todas muito belas.

— Não sabia que era modelo, apesar da beleza. — Gaguejou ao falar e acabou enchendo o ego de Dalila que gostou de acompanhar aqueles olhinhos azuis tentando fugir da imagem da tela. — Também não pude imaginar que teria coragem de posar assim, por ser reservada. — Ergueu seu olhar para ela. — Bem envolvente, sensual, dominante. Está linda, como sempre e todos os dias.

— Dessas sem blusa eu só postei uma onde não mostra muito dos meus seios, apesar de achar esse ensaio bem legal. Está guardado aí nas pastas de imagens, caso sinta vontade de ver. — Sugeriu instruindo-a e virou-se de costas, voltando a dar atenção as suas roupas.

Foi a abertura que Beth precisava para soltar o ar dos pulmões porque havia o prendido em nervoso. Se sentiu tentada demais, abriu o Google, abriu o Word e a mente ficava implorando para que ela fosse, nem que disfarçadamente, de maneira silenciosa, admirar.

— Tenho vontade de publicar, é um fotão da porra e não tenho vergonha do meu corpo, além de ter segurança suficiente para tal. Mas acho que não gostaria, sei lá, da minha família de santo me vendo assim. — Seguia esfregando as roupas na pia, focada no que fazia. — Nem nude... Nunca mandei nude, acredita? Compartilhava mais do pensamento de "Quer ver? Venha ver em casa".

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora