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- Não creio que cometi o erro de deixar essa janela aberta.

A diretora só faltava arrancar os fios de cabelo, e eu, estava com a mais pura cara de paisagem, fingindo lamento por deixar a garota rebelde sozinha. Sendo que fui a maior culpada dela ter saído pela janela.

- Sinto muitíssimo diretora, eu precisava mesmo ir ao banheiro.

- Não tem problema, doutora Langford - Se manteve séria para trazer veracidade a mentira - Lewis sempre foi rebelde, essa menina merecia uns bons puxões de orelha em casa, nada que uma surra não resolveria.

- Com toda respeito diretora - Não tinha gostado nada de ouvir aquilo, porque normalmente ser tratado mal dentro da própria residência é o que ocasiona problemas de relacionamento interpessoal - Mas uma educação respeitosa, vale mais do que uma educação a base de cinta.

- Desculpe doutora, mas essa menina ela...

- Ela precisa de afeto - Tinha que aprender a controlar o tom áspero quando não gostava de algo - É isso que ela precisa, afeto e de pessoas que tenham paciência com ela. Não de adultos e adolescentes que fazem bullying e só sabem implicar.

- Na minha escola não existe bullying. Lewis que sempre acaba se metendo em confusão com os outros alunos e professores.

- O que vi naquele pátio, foi uma garota tentando se defender de uma que era o dobro do tamanho dela - A mulher com cara de cavalo retorceu o nariz - Talvez o motivo dela arrumar tanta confusão seja para tentar se defender de ofensas e implicâncias... Isso acontece em todas as instituições.

- Aquela menina não traz educação de casa, doutora Langford - Eu e aquela mulher estávamos começando uma guerra pessoal - Os pais dela não a repreendem como deveriam.

- Uma pergunta diretora - Cruzei os braços e arrumei minha postura - Se a senhora sai na rua e um policial te para e planta uma droga no seu carro, você afrontaria o policial?

- Sim, com toda certeza.

- E por fazer isso, acha que merecia ser presa?

- Não, se estou certa de que a droga não é minha.

- E se tivesse mais policiais olhando a abordagem e afirmassem diante de juízes que a droga é sua? Como se sentiria?

- Acharia uma injustiça e ficaria com raiva de quem me abordou.

- E acha que mereceria uma represaria por estar certa e tentar mostrar seu ponto de vista? - A mulher raciocinou o que aquilo significava - Pense nisso, Lorraine... Porque os que julgam, não sabem o que é ser julgado até passar na pele um ato de julgamento.

Peguei minha bolsa e sorri sínica para a mulher, murmurei um "até segunda" antes de lhe dar as costas e sair pela porta. Os corredores estavam vazios, a maioria dos alunos estava em aula.

Olhou para a tela do celular para verificar a hora, tinha também uma ligação perdida de Cheryl, que iria retornar assim que chegasse no apartamento. O frescor do lado de fora era revigorante, o estacionamento estava as moscas, apenas eu, os passarinhos e um cheiro de cigarro.

E como se meus pés me traíssem, lá estava eu andando em busca do cheiro de nicotina. Com passos silenciosos e calmos, fui até um ponto cego do estacionamento, onde tinha uma pequena arquibancada que dava a visão para a enorme quadra verde. A fumaça subia na atmosfera mostrando a localização de quem fumava

O cheiro ficou mais intenso quando avistou a dona daquele feito, a adolescente estava sentada com os olhos vidrados no horizonte, perdida totalmente em pensamentos. Mesmo que tentasse ler sua mente, não conseguiu nenhum feito. A fumaça do cigarro parecia ter invadido sua cabeça, causando uma neblina densa.

SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora