86

911 172 217
                                    

🌹

Dez para as onze, olhou o relógio da parede assim que adentrou a mansão com a mala. Escutou a conversa ocorrendo na cozinha entre a mãe e Celline, o cheiro de lasanha estava em toda casa.

Ambas colocaram a cabeça pela porta, só para ter certeza de quem se tratava antes de vir nos cumprimentar. Enid depositou a própria mala no chão e abraçou a matriarca Addams, que sempre teria seus sorrisos carinhosos para ela, assim como teria para mim e para Pugsley.

— Como passaram a noite? — Seus olhos me encararam — Passaram bem?

— Em completa ordem — Foi o que disse.

— Que silêncio — Enid franziu o cenho — Cadê todo mundo?

— Williams e Lilith estão no quarto, David e Gomes foram mexer no Sedan com Thing — A mãe deu de ombros em meio a um sorriso — Coisa de meninos...

— E a Chloe?

— Não sabemos — Foi a vez de Celline se pronunciar — Quando acordamos para o café, ela já não estava mais aqui.

Eu e Enid nos encaramos no mesmo instante, e a preocupação ficou explicita nos seus olhos.

Blosson estava ausente, pois precisou levar Melissa até sua casa, e algo que acabou descobrindo no café era que Ortega havia dormido lá. O que não pareceu surpreender muito Enid, levando as circunstâncias atuais que cercavam o relacionamento de Jenna e Emma.

— Ela não avisou para onde foi?

— Não, querida — Conhecia aquele olhar que ela estava carregando, o olhar que parecia saber sobre tudo a volta — Mas logo ela deve aparecer, não fique angustiada.

— Sinceramente, Morticia, me peça tudo, menos isso — Enid deu um pequeno sorriso e apontou para o segundo andar — Vou ver como as crianças estão, com licença

Deu um aceno para a esposa quando a mesma me encarou, dizendo por meio de um sutil aceno que a casa era uma zona segura e que ela poderia ir sozinha.

Observou a esposa subindo as escadas e sumindo, e quando olhou na direção da mãe, ela estava sozinha, provavelmente Celline aproveitou a deixa para ir até a cozinha. E o motivo não era à toa.

— Venha comigo.

E demorou um pouco para raciocinar seus dizeres e seguir seus passos pela casa, indo rumo direto a sua estufa particular e também escritório. Fazia tempo que não entrava naquele aposento, mas continuava do mesmo jeito que se recordava.

Rosas negras espalhada pelos vasos, assim como belas orquídea e plantas carnívoras. Parou no meio da sala enquanto a mãe ia até a janela, pegando um saquinho que guardava pequenas frutas secas e colocando no parapeito.

Observou suas ações com curiosidade, mas entendeu o motivo dela estar fazendo aquilo quando um corvo aterrizou na madeira e começou a comer da guloseima.

A mãe deu um suspiro e me analisou, e com um gesto indicou para me aproximar.

— Esse é o Hector, querida — O animal me analisou, e ele era estranhamente familiar — Um amigo da família.

— Amigo?

— Sim.

— Desde quando a senhora se tornou a branca de neve e fala com os animais?

— Tenho muitos dons, Wednesday, dons que evito partilhar para não assustar tanto as pessoas— Ele deu um sorriso e acariciou a penugem negra do corvo, que abaixou a cabeça e apreciou — Se recorda do que me questionou antes de ir a Montclair?

SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora