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Escutou a pequena conversa dos filhos quando passou a se aproximar do quarto, e foi silenciosa a maneira que se aproximou deles, que estavam de costas e de cabeças baixas com lápis de cor em mãos.

E ao parar atrás dos dois, notou que eles só estavam desenhando enquanto partilhavam suas ideias um com o outro. E sorriu para aquilo, porque ambos estavam tão concentrados que nem tinham me visto.

E só foram perceber quando me agachei e apoiei meu rosto no ombro de Lilith, que me olhou assustada e relaxou no mesmo segundo ao notar de quem se tratava.

— Mãe — Williams largou o caderno e o lápis no chão e se jogou em cima de mim, que ri com sua empolgação.

— Oi, meu amor — Arrumou seus cabelos desgrenhados, mas nada no mundo conseguia fazer eles ficarem no lugar — Estou vendo que já se sente melhor.

Ele concordou, e não tardou em lhe beijar a bochecha. Se virou para Lilith e lhe deu um piscadinha, fazendo seu sorriso envergonhado aparecer como em todas as outras vezes.

— E você? — Brincou — Passou a noite me vendo que não mereço um abraço?

E foi somente dizer aquilo para ela deixar o caderno de lado e me abraçar o corpo, repousando a cabeça em meu ombro e me fazendo beijar sua testa. E ter os dois filhos nos braços, me trazia uma felicidade que dinheiro no mundo era capaz de pagar.

Intercalou a atenção entre eles e depois entre os desenhos de ambos, era bom ver o quão entrosado eles estavam.

— E o que estão fazendo?

— Nada de mais, apenas uma pequena competição.

— Olha o da Lilith mãe — Williams pegou o caderno que a garota segurava, me mostrando os belos traços que nele havia.

Admirou a paisagem que ela havia desenhado, com detalhes minuciosos e perfeitos. Seu rosto ganhou uma coloração rosada quando a olhou.

— Já fez aula de desenho antes?

— Não.

— Jura? — Ela afirmou — Bom, acho que devia aperfeiçoar, isso está lindo.

— É só um passatempo... Não é nada de mais.

— Pare de se colocar para baixo, minha menina — Colocou um fio solto do seu cabelo atrás da orelha —Não gosto de você fazendo isso, precisa acreditar mais no seu potencial, Lilith.

Ergueu o desenho e a fez olhar seus próprios traços.

— E isso aqui é um potencial e tanto...

— Eu disse a você que estava bonito — Williams falou em um tom sério, como se a repreende-se — Mas você não acreditou.

— Ele tem razão — E foi como se uma luz do que lhe dar de aniversário surgisse — Por um acaso já pintou telas?

— Tipo, quadros?— Confirmei, fazendo ela negar — Não.

— Devia...

— Lilith, pergunta sobre aquilo — Williams parecia animado, mas a adolescente pareceu ficar levemente assombrada — Ai você tira sua dúvida.

— Me perguntar o quê?

— Nada, é besteira.

Ela se levantou de imediato, pegando qualquer objeto que conseguisse para inibir a vergonhar.

— Lilith! — E ela me olhou um tanto vulnerável — O que quer me perguntar, meu anjo?

— E-eu.... Eu não.

SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora