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— Então vocês julgaram até os ossos da Enid e a pobre garota ruiva — Baranski depositou a caneta e o caderno no colo e arrumou os óculos — Que agora está morta, por que simplesmente acharam que ela e a menina estavam tendo um romance?

Tinha sido exatamente aquilo que eu e toda família havíamos feito. Eu pelos meus motivos, a raiva e a incapacidade de visualizar o óbvio, os sogros e as cunhadas pelos próprios.

— Foi — Passei os polegares no exterior da xícara, com os olhos fixos no líquido marrom.

— Sei que você já deve ter escutado isso de Ortega e até mesmo da sua sobrinha, mas foi bastante errado o que fizeram — E como sempre, seus óculos foram presos como uma tiara nos seus cabelos e seu olhar ficou sério — E você, aparentemente não praticou muito bem o que mandei você praticar.

— Era minha esposa com outra na minha frente.

— Ela estava no direito dela — Pontuou — Mesmo que os papéis não estejam assinados, vocês não estão juntas, isso significa o livre arbítrio para ambas.

— A questão é que não é fácil, não foi fácil ver ela com outra mulher.

— E por um acaso você acha que para ela foi fácil, Wednesday? — Seus dedos mapearam o próprio caderno — Ver absolutamente todos se virando contra ela desta maneira. Apontando suposições falsas e não buscando saber a verdade? Acha que foi fácil?

— Não, e agora vejo isso — Realmente via o quão equivocada tinha sido e estava se remoendo por dentro — E eu me sinto mal por ver a realidade dos fatos.

— Bem feito, tomara que sua consciência e a consciência dos seus familiares atormentam vocês e façam ter empatia pelo próximo.

Como em todas nossas sessões, Margot, ou girafa, como preferia chamar. Estava sendo sincera, o que eu admirava.

Preferia lidar com pessoas diretas do que com pessoas falsas.

— E me lembre de dar uma medalha a Ortega por ser sua consciência, ela está fazendo um ótimo trabalho — Ela se levantou e foi em direção à mesa de guloseimas, pegando um pouco de café — E ao seu filho que se mostrou ter mais juízo do que muitos adultos... Devo dizer que você e Enid fizeram um bom trabalho com a criação dele.

Acenou em agradecimento, a educação que deu ao filho era algo que se orgulhavam, Williams foi um dos melhores feitos que fizeram juntas.

E ao pensar nela o coração se apertou, se apertou porque Enid já tinha perdido muitas pessoas no decorrer de um ano. E sabia como uma perda mudava alguém, eu mesma havia mudado quando achei que ela estava morta.

Não sabia ao certo a intensidade da relação dela com Bella, mas se fosse levar em conta a preocupação da mesma com ela no casamento, diria que Enid virou sua maior confidente. O que tornava todo aquele sentimento de descontentamento no peito pior, pior porque queria notícias, mas só teria no dia seguinte.

— Está pensando no que fazer neste momento, não está?

— Eu odeio quando faz isso — E realmente odiava aquela mania de análise de psicólogo — Mas sim, estou pensando no que fazer, mesmo que não consiga saber.

— A resposta é tão óbvia, Wednesday.

— Então me diga, pois eu realmente não estou vendo.

— Vou fazer melhor, minha cara, vou deixar com que você mesma descubra — Ela bebeu do seu café e estalou os lábios — Confio que sua esperteza ainda está com você.

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