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Duas coisas sempre foram certas na vida, o amor pela loba que estava no andar de baixo, e os seus presságios, que poderiam ser proclamados na língua moderna como intuição.

Enid sempre teve uma intuição devastadora para todo tipo de coisa, e foi exatamente por isso que o coração temeu. Mesmo que tentasse se manter calma e acalentadora, não poderia negar que também estava com medo.

Por isso a decisão mais correta, e que sempre evitaram no decorrer da história, seria tomada. Se mudar, ficar longe, longe do perigo, longe de qualquer coisa que afetaria Enid.

Não se considerava uma covarde, não, só estava exausta de ver Enid enfrentando uma guerra e se ferindo, onde eu, nunca conseguia fazer nada para impedir. Mas agora era diferente, existia dialogo entre nós.

Só Morgana soube como se sentiu feliz por ela não ter escondido que viu a aparição no banheiro, não esperava sua melhora cem por cento do dia para a noite, seria impossível. Mas seu fantasma tinha demorado demasiado para aparecer desta vez, mas já existia melhora vindo dela, e ela era a ausência dos cortes.

Então, sim, mesmo que uma recaída diante da alucinação tivesse ocorrido, ficou demasiada contente pela esposa não ter omitido aquele detalhe e ter sido forte por não cair em tentação do pecado de ferir a própria carne.

Já era uma grande evolução, ser inclusa agora estava sendo uma evolução. Ela me deixar guiar nossos caminhos, estava sendo uma evolução. E era tudo o que queria desde o início, ser inclusa.

Logico que ter ido até outra cidade colher um depoimento tinha sido uma decisão de última hora, pela insistência descontrolada e sem noção de Susan Jefferson.

Falou algumas coisas pesadas para Enid pela raiva, mas quando ela passou, entendeu que nem tudo seria mudado de uma hora para outra, mas que já era alguma coisa eu estar junto dela no momento de invadir uma propriedade privada.

Fitou o céu nublado e o corvo que foi presente da mãe parado na sacada, que tinha os olhos atentos a minha pessoa.

É, tudo estava indo conforme o plano, e o plano era ir embora sem olhar para trás.

Mas algo incomodava, e sabia o que era, era a fala da mãe sobre usar Hector para "Encontrá-la" e a fala de Enid dizendo "Eu sinto". Ambas traziam o gosto amargo do sentimento de impotência, e não gostava dele.

— Se depender de mim — Olhou minuciosamente o corvo — Você não vai ser necessário.

Minhas palavras foram a deixa para ele levantar voo, insultado ou apenas tendo algo mais importante para admirar do que minha presença. Com toda certeza eram ambas as opções.

Fez algo que era o mais sensato diante de todos os sentimentos que cercavam, ligou para o número que, por alguma rasão, estava em um dos contatos mais importantes do telefone.

— Gnomo maligno — Minha gêmea de voz alçou meus ouvidos — Que milagre você me ligando.

— Soube que está com a Melissa, ela e a Blosson pernoitaram no mesmo ambiente que eu e Enid, ela disse que você dormiu na casa dela — O silêncio foi a deixa para continuar o raciocínio — Sei que vai ser absurdo o que vou te pedir, mas teria como vocês duas virem até a mansão?

— Eu ia questionar o motivo de vocês quatro passarem a noite juntas, mas estou realmente mais interessada em saber o que está pegando — Escutou o apito de algo, tendo quase certeza de que era de algum aparelho eletrônico — Conheço essa voz, brigou com a Enid outra vez?

— É claro que não, eu e ela estamos bem.

— Então você matou alguém?

— Bom, achamos um corpo ontem, mas com toda certeza não fui eu quem matei.

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