Silence

57

🌹

A claridade envolveu a atmosfera, a quentura fria do amanhecer estava levantando a névoa do asfalto. Mesmo a janela estando fechada, sentia o cheiro fresco do começo do dia, mas não era só o cheiro do amanhecer que irrompia o ambiente, o de café também.

Fitou a mesa de cabeceira, o relógio marcava sete horas em ponto, a madrugada mesmo sendo conturbada, fez todos serem pontuais com seus compromissos.

Os braços continuavam ao redor de Enid, e percebeu algo, sua mão havia se movimentado, provavelmente no meio da noite. Enid segurava minha mão, a qual estava repousada em seu externo, ela parecia um pouco melhor. Ou era uma ilusão feita para minha própria mente na tentativa de me fazer relaxar.

Se apoiou nos cotovelos e se ergueu, observando bem seu rosto, traços tão sutis e inocentes.

— Nid? — Lhe cutucou os ombros — Ei, cara mia.

E escutou um resmungo vindo da mesma, o que fez o alívio no peito ser gigantesco, ela estava viva.

Ela abriu os olhos e piscou forte, incomodada pela luz, a sensibilidade devia estar mil vezes maior pela sua fraqueza.

Seus olhos com dificuldade encontraram os meus e ela engoliu a saliva, percebeu pela sua garganta se movimentando.

— Como se sente?

— Com frio, bastante frio.

Lhe tocou a testa, ela estava quente, a tentativa do seu corpo para combater as enfermidades.

— Você está com febre.

— Minha barriga está pegando fogo — Ela resmungou.

— Eu não queria ter feito aquilo, Nid, mas você estava perdendo muito sangue.

— Eu sei, não culpo vocês — Ela voltou a fechar os olhos e suspirou, resmungando logo em seguida — Eu só preciso de um analgésico.

— Blosson vai te doar um pouco de sangue assim que voltar do David.

— Ela morre de medo de agulhas.

— Mas gosta de você para enfrentar esse medo.

— Eu acho que morri e ver vocês se dando bem é uma miragem do purgatório — Deu risada e lhe beijou a testa — As crianças, Wednesday?

— Estão bem, amor, não se preocupe, Lilith cuidou de Williams ontem — Teria uma parte que ela não ia gostar, mas que não poderia omitir — Mas a Chloe precisou ficar no quarto conosco e nos ajudou com sua situação.

— Droga.

— Não se martirize, ela ama você e faria de novo, tudo bem? — Ela afirmou, minha mão acariciava seus cabelos — Ela se parece muito com você Nid, se tornou uma mulher extraordinária como você.

Ela apreciou o carinho e não falou nada, pois estava poupando suas forças.

— Lilith veio ver você antes de dormir, ela disse que passaria na padaria e compraria Muffins só para você acordar —Enid esboçou um sorriso — Acho que nossa menina vai precisar trazer uma dúzia.

— Eu queria acompanhar o depoimento, mas sinceramente acho que não tenho forças nem para sair da cama.

— Eu estarei com ela, não se preocupe, apenas descanse — Fitou o caderno na cabeceira e suspirou, tinha que contar — Nid, eu fiz algo ruim.

Ela abriu imediatamente os olhos, me estudando como eu mesma faria com ela.

— O que você fez?

— Não fique brava, mas eu li o seu caderno de pensamentos.